Formada no início do século XX no sudeste do Brasil a partir da síntese com movimentos religiosos como o Candomblé, o Catolicismo e o Espiritismo.
Após pouco mais de 100 anos de fundação da Umbanda pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas . . .
Essa religião cresceu e se diversificou, dando origem a diferentes vertentes que têm a mesma essência por base: a manifestação dos espíritos para a caridade. O surgimento dessas diferentes vertentes é conseqüência do grau com que as características de outras práticas religiosas e/ou místicas foram absorvidas pela Umbanda em sua expansão pelo Brasil, reforçando o sincretismo que a originou e que ainda hoje é sua principal marca.
A "Umbanda mística" é uma das mais antigas vertentes, fruto da umbandização de antigas casas de Macumbas, porém não existe registro da data e do local inicial em que começou a ser praticada. É a vertente mais aberta a novidades e adota as práticas místicas e religiosas que mais lhe convêm, podendo, inclusive, associar aquelas de duas ou mais religiões. A seguir os principais Orixás e linhas dessa vertente da amada e popular Umbanda, religião nascida em solo brasileiro que com apenas pouco mais de um século de existência, extraoficialmente já tem mais de 20 milhões de seguidores em todo mundo.
A Umbanda possui sete cultos diferentes, chamados “linhas”, que se distinguem:
1. Pelas energias cósmicas que são identificados como orixás ou "santos" que os presidem ou lideram os cultos;
2. Pelos tipos de Espíritos actuantes em suas sessões, chamadas Giras, representados em seus santuários, os Congás.
3. Pelos trabalhos (ou Giras, como chamam os iniciados), de direita e de esquerda. Temos as Sete Linhas da Umbanda "de Direita" e as Sete Linhas da Quimbanda "de esquerda".
Os cultos, "de Direita" ou seja, que trabalham com magia branca, "do bem" recorrem ao auxílio, à manifestação de Espíritos de santos católicos, Pretos-Velhos e Pretas-Velhas.
Os cultos "de Esquerda", utilizados pela Umbanda "oficial" para equilíbrio e proteção de seus trabalhos e, em geral, relegados ao domínio da Quimbanda, praticam a magia branca e também negra (para quebrar quaisquer energias negativas) através dos Exús, Pombas-Giras e Malandros...
Aqui cabe um relevante observação: magia é magia, é um instrumento que pode ser usado para prática do bem ou para objetivos escusos, cabe aos Exus exercer papel de guardiões astrais, combatendo tais práticas e garantindo que os que usam a magia para o mal recebam seu carma, seu pagamento na devida moeda.
As Sete Linhas de Umbanda, são elas e suas respectivas Falanges, de maneira geral e amplamente aceita:
I. LINHA DE OXALÁ
Falanges:
1. Santo António;
2. São Cosme e Damião ("espíritos-crianças", não necessariamente infantes mas, antes, Espíritos com mentalidade infantil);
3. Santa Rita:
4. Santa Catarina;
5. Santo Expedito;
6. São Francisco de Assis.
Esta Linha dedica-se a desmanchar trabalhos de magia.
II. LINHA DE IEMANJÁ
Falanges:
1. Ondinas de Nana;
2. Caboclas do Mar;
3. Indaiá dos Rios;
4. Iara dos Marinheiros;
5. Tarimã das Caluga-Caluguinhas da Estrela Guia.
III. LINHA DO ORIENTE
Falanges:
Hindus, árabes, chineses e outros orientais além de europeus. Dedicados à medicina.
IV. LINHA DE OXÓSSI
Falanges:
1. Urubatão;
2. Araribóia;
3. Caboclo das Sete Encruzilhadas,
4. Águia Branca. Indígenas, caboclos, são curandeiros que protegem contra magia e ministram passes, prescrevem ervas medicinais em preparados para banhos, defumações ou uso tópico. Estes preparados são chamados amacys.
V. LINHA DE XANGÔ
Falanges:
1. Iansã;
2. Caboclo do Sol;
3. Caboclo da Lua;
4. Caboclo Pedra Branca;
5. Caboclo do Vento;
6. Caboclo Treme Terra.
Pela característica do orixá que dá nome à linha, supõe-se que actue em casos de problemas judiciais, demandas, litígios.
VI. LINHA DE OGUM
Falanges:
1. Ogum Beira-Mar;
2. Ogum-Iara;
3. Ogum-Megê;
4. Ogum Rompe-Mato.
Estas falanges tratam das brigas, das situações de disputa pessoal, discórdias.
VII. LINHA AFRICANA
Falanges:
1. Povo da Costa;
2. Pai Francisco;
3. Povo do Congo;
4. Povo de Angola;
5. Povo de Luanda;
6. Povo de Cabinda;
7. Povo da Guiné.
Esta falange dedica-se à prática do bem em geral e, ao que tudo indica, dentro da confusa divisão das Linhas e Falanges, esta linha africana possivelmente inclui a chamada Falange ou seria dos Pretos-Velhos e a das Almas.
Panteão das Falanges e Seus Atributos
Como se pode ver na denominação das Falanges, a Umbanda tem em comum com Candomblé a crença em Orixás.
Porém, rejeitando a africanidade, os umbandistas não consideram Orixás como deuses, mas como "vibrações originais" emanadas da Consciência Suprema, Deus, naqueles tempos remotos da criação do Universo e do Planeta Terra. Na verdade, um conceito muito parecido com o dos Odus que, no Candomblé são as energias de onde provêm os Orixás, estes sim, deuses.
Sobre a palavra Orixá, muitos autores da Umbanda, como Eduardo Parra, negam sua raiz africana e vão buscar a etimologia no Egito e na Índia:
"O termo Orixá e o nome dos respectivos Orixás deriva-se da Índia, do Egipto e de povos mais antigos. Na África esses termos foram conservados em Nagô... O vocábulo antigo Arashá significa O Senhor da Luz, equivale aos Orishis dos Brâmanes e aos Orixás africanos, que em Yorubá significa: O Senhor da Cabeça, ou seja, do princípio espiritual ou Luz. Enquanto que Exu também tem o nome de Obara, o senhor do corpo ou Treva." E aqui subentende-se corpo = matéria = treva.
Na Umbanda, os Orixás (Senhores de Cabeça), que são sete, como as Falanges, são o topo de uma Hierarquia que se desdobra e outros sete "orixás-menores" (Espíritos Superiores) que são chefes de Legiões; Legiões que se dividem em Falanges e sub-falanges, que também possuem chefes e entidades chefes de Grupamentos. Em um plano mais inferior actuam entidades denominadas "capangueiros", palavra que faz pensar algum tipo de polícia astral ou tropa de choque espiritual...
Aos Orixás maiores, as tais "vibrações originais" são atribuídos nomes africanos compostos pela junção de nomes de anjos conhecidos da teologia judaica:
- Gabarael: Oxalá / Odudwa
- Samael: Ogum / Obá
- Ismael: Oxossi / Ossaim
- Mikael: Xangô / Oyá [Yansan / Mesan / Orun]
- Yramael: Yorimá / Nanãn Burucum
- Yoriel: Yori / Oxum
- Rafael: Yemanjá / Oxumaré
Entre os chefes de Falanges começam a aparecer os caboclos, tidos como orixás menores e representantes dos maiores; caboclos que se multiplicam em uma lista quase infinita.
Os representantes dos Orixás maiores são:
1. Urubatão da Guia - representante de Oxalá
2. Guaraci - intermediário para Ogum
3. Guarani - intermediário para Oxossi
4. Aymoré - intermediário para Xangô
5. Tupi - intermediário para Yorimá
6. Ubiratan - intermediário para Yori
7. Ubirajara - intermediário para Yemanjá
E o "elenco" de caboclos continua entre os guias: Caboclo Águia Branca; caboclo Poty; Caboclo Itinguçu; Caboclo Girassol; Caboclo Nuvem Branca; Caboclo Guarantan etc…
Outros, são caboclos protectores: Guaraná, Malembá, Água Branca, Águas Claras, Jacutinga, Lírio Branco, Folha Branca, Ibitan e outros mais.
Além disso, para cada Orixá Superior e cada Orixá menor existem inúmeras correlações que são utilizadas nas práticas rituais das Giras: minerais, figuras geométricas, signos zodiacais, dias da semana, horas vibratórias, perfumes, flores, ervas que são usadas em banhos, remédios e defumações, cores e arcanjos tutores.
*Para mais detalhes acerca desta hierarquia: “Ponto de Convergência: Fundamentos e Praticas de Umbanda” de Eduardo Parra.
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