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terça-feira, 29 de setembro de 2020

Oração aos três Arcanjos - Círculo de Luz e Proteção

Os Santos Arcanjos: Miguel, Rafael e Gabriel, celebrados no dia 29 de Setembro mas evocados todos os dias para nossa benção e proteção

Arcanjo Miguel - "Príncipe Guardião e Guerreiro
defendei-me e protegei-me com Vossa espada,
não permiti que nenhum mal me atinja.
Protegei-me contra assaltos, roubos, acidentes,
contra quaisquer atos de violência.
Livrai-me de pessoas negativas.
Espalhai Vosso manto e vosso escudo de proteção
em meu lar, meus filhos e familiares.
Guardai meu trabalho, meus negócios e meus bens.
Trazei a paz e a harmonia."

Arcanjo Rafael – "Guardião da saúde e da cura
peço que Vossos raios curativos desçam sobre mim,
dando-me saúde e cura.
Guardai meus corpos físico e mental,
livrando-me de todas as doenças.
Expandi Vossa beleza curativa em meu lar,
meus filhos e familiares, no trabalho que executo,
para as pessoas com quem convivo diariamente.
Afastai a discórdia e ajuda-me a superar conflitos.
Arcanjo Rafael, transformai a minha alma e o meu ser,
para que eu possa sempre refletir a Vossa Luz."

Arcanjo Gabriel – "Portador das boas novas, 
das mudanças, da sabedoria e da inteligência,
Arcanjo da Anunciação trazei todos os dias mensagens boas e otimistas.
Fazei com que eu também seja um mensageiro,
proferindo somente palavras e atos de bondade e positivismo.
Concedei-me o alcance de meus objetivos.

Queridos Arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel. Que o Círculo de Luz e Proteção que emanam de Vós me cubram, a minha família, aos meus amigos, aos meus bens e a toda a humanidade."


Que assim seja!


Autor: Franco Guizzetti - Imagem: Shutterstock.com

Reflexão  sobre as energias negativas repelidas pelo círculo de luz e proteção

Algumas pessoas só reclamam, nunca estão felizes com suas vidas, não se satisfazem com as próprias conquistas e, pior, invejam ao próximo. Nossa verdadeira busca é pela prosperidade, ou seja, pelo crescimento espiritual e material.

Para obter o progresso na vida, à evolução, devemos em primeiro lugar viver contentes e gratos a Deus, pelo que já possuímos, pelo caminho que nos trouxe até aqui. Precisamos viver a vida de forma produtiva, criativa e próspera, com a certeza, a fé, de que tudo que plantarmos, um dia iremos colher. 

Não deixe que o barulho, que as vibrações negativas, das pessoas invejosas irritem você, perturbem sua alma e sua paz de Espírito. Não deixe que a inveja lhe atinja ou macule seu coração!

Para se proteger dos maus espíritos e de pessoas malignas, ore aos Santos Arcanjos do Senhor, criando um círculo de luz e proteção. 


Ao criar este poderoso campo de força, as pessoas que por desventura possam lhe invejar, bem como os maus espíritos que possam lhe assediar, não terão poder nem ânimo algum para te fazer mal, e muito menos qualquer força ou energia que possam emitir poderá lhe atingir e atrapalhar o seu progresso.

Peça a proteção dos três Arcanjos: Miguel, Rafael e Gabriel. Além de lhe proteger, afastando pessoas, energias, pensamentos e espíritos negativos, Eles irão trazer amor, boas vibrações, saúde, paz e novas energias para você.

Lembre-se de que fora da caridade, do amor, não há salvação e tudo que semearmos na Terra um dia iremos colher, então continue plantando apenas o bem para poder colher e provar de seus doces frutos.
(Ronald Sanson Stresser Junior 29/09/2020)


domingo, 27 de setembro de 2020

O Espírito de São Vicente de Paulo e a Caridade

Essa instrução de São Vicente de Paulo, com algumas modificações que a reduziram, foi inserida por Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo. Corresponde, na edição definitiva de 1866, ao capítulo XIII, item 12.

N. do T.: Essa instrução de São Vicente de Paulo, com algumas modificações que a reduziram, foi inserida por Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo. Corresponde, na edição definitiva de 1866, ao capítulo XIII, item 12.

"Sede bons e caridosos, eis a chave dos céus que tendes em vossas mãos; toda a felicidade eterna está encerrada nessa máxima: amai-vos uns aos outros.

A alma não pode se elevar às regiões espirituais senão pelo devotamento ao próximo; não encontra felicidade e consolação senão no impulso da caridade; sede bons, sustentai vossos irmãos, deixai de lado essa horrível chaga do egoísmo; esse dever cumprido deve vos abrir o caminho da felicidade eterna.

De resto, dentre vós, quem não sentiu seu coração pulsar, sua alegria interior dilatar pela ação de uma obra caridosa? Não deveríeis pensar senão nessa espécie de volúpia, que uma boa ação proporciona, e permaneceríeis, sempre, no caminho do progresso espiritual. Os exemplos não faltam; não há senão a boa vontade, que é rara. Vede a multidão de homens de bem, dos quais vossa historia vos evoca a piedosa lembrança. Eu vo-los citaria aos milhares aqueles cuja moral não tinha por objetivo senão melhorar vosso globo.

O Cristo não vos disse tudo o que concerne a essas virtudes de caridade e de amor? Por que deixar de lado esses divinos ensinamentos? Por que fechar os ouvidos às suas divinas palavras; o coração a todas essas doces máximas? Gostaria que as leituras evangélicas fossem feitas com mais interesse pessoal; abandona-se esse livro, dele se faz uma palavra oca.

Uma carta fechada; deixa-se esse código admirável no esquecimento: vossos males não provêm senão do abandono voluntário em que deixais esse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas ardentes do devotamento de Jesus, e meditai-as. Estou envergonhado comigo mesmo, de ousar vos prometer um trabalho sobre a caridade, quando penso que nesse livro encontrareis todos os ensinamentos que devem vos conduzir, pela mão, às regiões celestes.

Homens fortes, cingi-vos; homens fracos, fazei vós armas de vossa doçura, de vossa fé; tende mais persuasão, mais constância na propagação de vossa nova doutrina; não é senão um encorajamento que viemos vos dar; senão para estimular vosso zelo e vossas virtudes que Deus nos permite nos manifestar a vós; mas, querendo, não se teria necessidade senão da ajuda de Deus e de sua própria vontade: as manifestações espíritas não são feitas senão para os de olhos fechados e os corações indóceis.

Há, entre vós, homens que têm a cumprir missões de amor e de caridade; escutai-os, elevai sua voz; fazei resplandecer seus méritos, e vos exaltareis a vós mesmos pelo desinteresse e pela fé viva com a qual vos penetrarão.

As advertências detalhadas seriam muito longas para dar, sobre a necessidade de alargar o círculo da caridade, e dela fazer participar todos os infelizes, cujas misérias são ignoradas, todas as dores que devem ser procuradas, em seus redutos para consolá-los em nome desta virtude divina: a caridade.

Vejo com felicidade quantos homens eminentes e poderosos ajudam esse progresso que deve ligar, entre elas, todas as classes humanas: os felizes e os infelizes. Os infelizes, coisa estranha! se dão todos a mão e sustentam suas misérias, uns pelos outros. Por que os felizes são mais retardatários para escutarem a voz dos infelizes? Por que é preciso que seja mão possante e terrestre que dê o impulso às missões caridosas? Por que não se responde com mais ardor a esses chamados? Por que deixar as misérias mancharem, como por prazer, o quadro da Humanidade?

A caridade é a virtude fundamental, que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrestres; sem ela, as outras não existem: sem caridade, não há fé nem esperança; porque, sem a caridade, não há esperança em uma sorte melhor, nenhum interesse moral que nos guie. Sem a caridade, não há fé, porque a fé não é senão um raio puro que faz brilhar uma alma caridosa; é a sua conseqüência decisiva.

Quando deixar o coração se abrir ao pedido do primeiro infeliz que vos estende a mão; quando lhe der, sem perguntar se sua miséria não é fingida, ou se o mal num vício lhe é causa; quando deixar toda justiça nas mãos divinas; quando deixar o castigo das misérias mentirosas ao Criador; enfim, quando fizer a caridade tão-só pela felicidade que ela proporciona, e sem procurar a sua utilidade, então, sereis os filhos que Deus amará e que ele chamará para si.

A caridade é a âncora eterna da salvação em todos os globos: é a mais pura emanação do próprio Criador; é sua a própria virtude, que ele dá à criatura. Como desejaríeis desconhecer essa suprema bondade? Qual seria, com esse pensamento, o coração bastante perverso para pisotear e enxotar esse sentimento todo divino? Qual seria o filho bastante mau para se revoltar contra essa doce carícia: a caridade?

Não ouso falar daquilo que fiz, porque os Espíritos também têm o pudor das suas obras; mas creio que a obra que comecei, é uma daquelas que devem mais contribuir para o alívio de vossos semelhantes.

Vejo, freqüentemente, Espíritos pedirem, por missão, para continuarem a minha obra; eu as vejo, minhas doces e caras irmãs, em seu piedoso e divino ministério; vejo-as praticar as virtudes, que vos recomendo, com toda a alegria que proporciona essa existência de devotamento e de sacrifício; é uma grande felicidade, para mim, ver quanto o seu caráter é honroso, quanto sua missão é amada e docemente protegida Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos para continuar, grandemente, a obra de propagação de caridade; encontrareis a recompensa dessa virtude pelo seu próprio exercício; não há alegria espiritual que ela não dê desde a vida presente. Sede unidos; amai-vos uns aos outros, segundo os preceitos do Cristo. Assim seja."


-o-o-o-

Revista Espírita, agosto de 1858 - Sociedade de estudos espíritas, 8 de junho de 1858:

"Agradecemos a São Vicente de Paulo pela bela e boa comunicação que consentiu nos dar - Gostaria que fosse proveitosa a todos.
Poderíeis nos permitir algumas perguntas complementares, a respeito do que acabais de nos dizer?

- Eu o desejo muito; meu objetivo é vos esclarecer; perguntai o que quiserdes.

1. A caridade pode entender-se de dois modos: a esmola propriamente dita, e o amor aos semelhantes. Quando nos dissestes que é preciso deixar seu coração abrir ao pedido do infeliz que nos estende a mão, sem perguntar se sua miséria não é fingida, não quisestes falar da caridade do ponto de vista da esmola?

- R. Sim, unicamente nesse parágrafo.

2. Dissestes que é preciso deixar à justiça de Deus a apreciação da miséria fingida; parece-nos, entretanto, que dar sem discernimento às pessoas que não têm necessidade, ou que poderiam ganhar sua vida por um trabalho honroso, é encorajar o vício e a preguiça. Se os preguiçosos encontrassem, muito facilmente, a bolsa dos outros aberta, eles se multiplicariam ao infinito, em prejuízo dos verdadeiros infelizes. 

- R. Podeis discernir aqueles que podem trabalhar, e então a caridade vos obriga tudo fazer para lhes proporcionar trabalho; mas há, também, pobres mentirosos que sabem simular o jeito das misérias que não têm; é para estes que é preciso deixar a Deus toda a justiça.

3. Aquele que não pode dar senão cinco francos, e deve escolher entre dois infelizes que lhe pedem, não tem razão em perguntar, quem tem, realmente, maior necessidade, ou deve dar sem exame ao primeiro que chega?

- R. Deve dar àquele que pareça ser o mais sofredor.

4. Não se pode considerar, também, como fazendo parte da caridade, a maneira de praticá-la?

- R. É, sobretudo, na maneira pela qual se presta o serviço, que a caridade é verdadeiramente meritória; a bondade é, sempre, o indício de uma alma bela.

5. Que gênero de mérito concedeis àqueles que chamam benfeitores ásperos?

- R. Não fazem o bem senão pela metade. Recebem seus benefícios, mas eles não comovem.

6. Jesus disse: "Que vossa mão direita não saiba o que dá a vossa mão esquerda." Aqueles que dão por ostentação têm alguma espécie de mérito?

- R. Não têm senão o mérito do orgulho, pelo qual serão punidos.

7. A caridade cristã, em sua mais larga acepção, não compreende também a doçura, a benevolência e a indulgência pelas fraquezas alheias?

- R. Imitai Jesus; Ele vos disse tudo isso; escutai-o mais do que nunca.

8. A caridade é bem intencionada quando feita exclusivamente entre as pessoas de uma mesma seita, ou de um mesmo partido?

- R. Não; é sobretudo esse Espírito de seita e de partido que é preciso abolir, porque todos os homens são irmãos. É sobre essa questão que concentramos nossos esforços.

9. Suponho um indivíduo que vê dois homens em perigo; deles não pode salvar senão um, mas um é seu amigo e o outro seu inimigo; a quem deve salvar?

- R. Deve salvar seu amigo, porque esse amigo podia reclamar daquele que crê amá-lo; quanto ao outro, Deus se encarregará dele."

Fonte: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/revista-espirita-1858.pdf

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

André Luiz: 'Imperativos cristãos'

"1. Aprende — humildemente.  2. Ensina — praticando.  3. Administra — educando.  4. Obedece — prestativo.  5. Ama — edificando.  6. Teme — a ti mesmo.  7. Sofre — aproveitando.  8. Fala — construindo.  9. Ouve — sem malícia.  10. Ajuda — elevando.  11. Ampara — levantando.  12. Passa — servindo.  13. Ora — serenamente.  14. Pede — com juízo.  15. Espera — trabalhando.  16. Crê — agindo.  17. Confia — vigiando.  18. Recebe — distribuindo.  19. Atende — com gentileza.  20. Coopera — sem apego.  21. Socorre — melhorando.  22. Examina — salvando.  23. Esclarece — respeitoso.  24. Semeia — sem aflição.  25. Estuda — aperfeiçoando.  26. Caminha — com todos.  27. Avança — auxiliando.  28. Age — no bem geral.  29. Corrige — com bondade.  30. Perdoa — sempre."

"1. Aprende — humildemente.

2. Ensina — praticando.

3. Administra — educando.

4. Obedece — prestativo.

5. Ama — edificando.

6. Teme — a ti mesmo.

7. Sofre — aproveitando.

8. Fala — construindo.

9. Ouve — sem malícia.

10. Ajuda — elevando.

11. Ampara — levantando.

12. Passa — servindo.

13. Ora — serenamente.

14. Pede — com juízo.

15. Espera — trabalhando.

16. Crê — agindo.

17. Confia — vigiando.

18. Recebe — distribuindo.

19. Atende — com gentileza.

20. Coopera — sem apego.

21. Socorre — melhorando.

22. Examina — salvando.

23. Esclarece — respeitoso.

24. Semeia — sem aflição.

25. Estuda — aperfeiçoando.

26. Caminha — com todos.

27. Avança — auxiliando.

28. Age — no bem geral.

29. Corrige — com bondade.

30. Perdoa — sempre."

André Luiz e Chico Xavier

Fonte: Capítulo 1 do livro "Agenda cristã" (FEB), de Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito André Luiz (Imperativos cristãos) - Citação parcial para estudo, divulgação da obra de Chico Xavier e do Espiritismo Cristão, de acordo com o artigo 46, item III, da Lei de Direitos Autorais. Para adquirir o livro clique na miniatura do livro ou siga este link... - Imagem: card com as 30 primícias cristãs ditadas por André Luiz a Chico Xavier.

Agenda Cristã (FEB)
'Imperativos cristãos', de Francisco Cândido Xavier


"Este é um livro de consulta que você não pode deixar de possuir. Enfeixa um conjunto de ensinamentos sobre vigilância e prudência, sobretudo nos momentos difíceis, com temáticas do dia-a-dia. São expressivas normas de conduta que facilitam seu relacionamento nas situações mais estressantes da atualidade.

Nos 50 capítulos ditados por André Luiz, com a sabedoria e a visão da Espiritualidade Superior, você encontrará conforto, orientação segura e lições de autocontrole para as ansiedades e situações inesperadas que surpreendem a todos. É importante agenda para ter ao seu alcance." Clique aqui e adquira o seu...

terça-feira, 22 de setembro de 2020

André Luiz: 'Luz nas sombras' - Capítulo 1 do livro 'Ação e Reação'

'Luz nas Sombras', cap. 1 de 'Ação e Reação', de Chico Xavier, pelo Espírito André Luiz


Sumário:
1. Em palestra com o Instrutor Druso, diretor da Mansão Paz.
  O que é a Mansão Paz.
  Presenciando uma violenta tempestade em região umbralina, arrastando consigo, multidões de Espíritos sofredores:
  Não seria possível abrigá-los todos na instituição socorrista dirigida por Druso?
  Tais infelizes guardam consciência do que lhes sucede?
  Conservam-se interminavelmente nesse terrível desajuste?
2. Bastará, porventura, a romagem de purgação do Espírito depois da morte, nos lugares de treva e padecimento, para que os débitos da consciência sejam ressarcidos?
3. Que aconteceria se as almas encarnadas pudessem morrer no corpo, alguns dias por ano, não à maneira do sono físico em que se refazem, mas com plena consciência da vida que as espera?
4. Quem são os Espíritos desencarnados que vivem nas regiões trevosas do Umbral? São delinquentes comuns ou criminosos acusados de grandes faltas? Encontraríamos por aí, seres primitivos como os nossos selvagens por exemplo?
  Como o Instrutor Druso chegou à condição de Diretor da Mansão Paz.

"1 — Sim — afirmava-nos o Instrutor Druso, sabiamente —, o estudo da situação espiritual da criatura humana, após a morte do corpo, não pode ser relegado a plano secundário. Todas as civilizações que antecederam a glória ocidental nos tempos modernos consagraram especial atenção aos problemas de além-túmulo.

O Egito mantinha incessante intercâmbio com os trespassados e ensinava que os mortos sofriam rigoroso julgamento entre Anúbis, o gênio com cabeça de chacal, e Horus, o gênio com cabeça de gavião, diante de Maât, a deusa da justiça, decidindo se as almas deveriam ascender ao esplendor solar ou se deveriam voltar aos labirintos da provação, na própria Terra, em corpos deformados e vis; os hindus admitiam que os desencarnados, conforme as resoluções do Juiz dos Mortos, subiriam ao Paraíso ou desceriam aos precipícios do reino de Varuna, o gênio das águas, para serem insulados em câmaras de tortura, amarrados uns aos outros por serpentes infernais; hebreus, gregos, gauleses e romanos sustentavam crenças mais ou menos semelhantes, convictos de que a elevação celeste se reservava aos Espíritos retos e bons, puros e nobres, guardando-se os tormentos do inferno para quantos se rebaixavam na perversidade e no crime, nas regiões de suplício, fora do mundo ou no próprio mundo, através da reencarnação em formas envilecidas pela expiação e pelo sofrimento.

A conversação fascinava-nos.

Hilário e eu visitávamos a “Mansão Paz”, notável escola de reajuste de que Druso era o diretor abnegado e amigo.

O estabelecimento, situado nas regiões inferiores, era bem uma espécie de “mosteiro São Bernardo”, em zona castigada por natureza hostil, com a diferença de que a neve, quase constante em torno do célebre convento encravado nos desfiladeiros entre a Suíça e a Itália, era ali substituída pela sombra espessa, que, naquela hora, se adensava, movimentada e terrível, ao redor da instituição, como se tocada por ventania incessante.

O pouso acolhedor, que permanece sob a jurisdição de “Nosso Lar” ¹, está fundado há mais de três séculos, dedicando-se a receber Espíritos infelizes ou enfermos, decididos a trabalhar pela própria regeneração, criaturas essas que se elevam a colônias de aprimoramento na Vida Superior ou que retornam à esfera dos homens para a reencarnação retificadora.

Em razão disso, o casario enorme, semelhante a vasta cidadela instalada com todos os recursos de segurança e defesa, mantém setores de assistência e cursos de instrução, nos quais médicos e sacerdotes, enfermeiros e professores encontram, depois da morte terrestre, aprendizados e quefazeres da mais elevada, importância.

Pretendíamos efetuar algumas observações, com referência às leis de causa e efeito — o carma dos hindus e, convenientemente recomendados pelo Ministério do Auxílio, achávamo-nos ali, encantados com a palavra do orientador, que prosseguia, atencioso, após longa pausa:

— Acresce notar que a Terra é vista sob os mais variados ângulos. Para o astrônomo, é um planeta a gravitar em torno do sol; para o guerreiro é um campo de luta em que a geografia se modifica a ponta de baionetas; para o sociólogo é amplo reduto em que se acomodam raças diversas; mas, para nós, é valiosa arena de serviço espiritual, assim como um filtro em que a alma se purifica, pouco a pouco, no curso dos milênios, acendrando qualidades divinas para a ascensão à glória celeste. Por isso, há que sustentar a luz do amor e do conhecimento, no seio das trevas, como é necessário manter o remédio no foco da enfermidade.

Enquanto nos entendíamos, reparávamos lá fora, através do material transparente de larga janela, a convulsão da Natureza.

Ventania ululante, carreando consigo uma substância escura, semelhante à lama aeriforme, remoinhava com violência, em torvelinho estranho, à maneira de treva encachoeirada…

E do corpo monstruoso do turbilhão terrível rostos humanos surdiam em esgares de horror, vociferando maldições e gemidos.

Apareciam de relance, jungidos uns aos outros como vastas correntes de criaturas agarradas entre si, em hora de perigo, na ânsia instintiva de dominar e sobreviver.

Druso, tanto quanto nós, contemplou o triste quadro com visível piedade a marcar-lhe o semblante.

Fixou-nas em silêncio como a chamar-nos para a reflexão. Parecia dizer-nos quanto lhe doía o trabalho naquela paragem de sofrimento, quando Hilário interrogou:

— Por que não descerrar as portas aos que gritam lá fora? Não é este um posto de salvação?

— Sim — respondeu o Instrutor, sensibilizado —, mas a salvação só é realmente importante para aqueles que desejam salvar-se.

E, depois de pequeno intervalo, continuou:

— Para cá do túmulo, a surpresa para mim mais dolorosa foi essa, o encontro com feras humanas, que habitavam o templo da carne, à feição de pessoas comuns. Se acolhidas aqui, sem a necessária preparação, atacar-nos-iam de pronto, arrasando-nos o instituto de assistência pacífica. E não podemos esquecer que a ordem é a base da caridade.

Apesar da explicação firme e serena, concentrava-se Druso no painel exterior, tal a compaixão a desenhar-se-lhe na face.

Logo após, recompondo a expressão fisionômica, o Instrutor aduziu:

— Somos hoje defrontados por grande tempestade magnética, e muitos caminheiros das regiões inferiores são arrebatados pelo furacão como folhas secas no vendaval.

— E guardam consciência disso? — indagou Hilário, perplexo.

— Raros deles. As criaturas que se mantêm assim desabrigadas, depois do túmulo, são aquelas que não se acomodam com o refúgio moral de qualquer princípio nobre. Trazem o íntimo turbilhonado e tenebroso, qual a própria tormenta, em razão dos pensamentos desgovernados e cruéis de que se nutrem. Odeiam e aniquilam, mordem e ferem. Alojá-los, de imediato, nos santuários de socorro aqui estabelecidos, será o mesmo que asilar tigres desarvorados entre fiéis que oram num templo.

— Mas conservam-se, interminavelmente, nesse terrível desajuste? — insistiu meu companheiro agoniado.

O orientador tentou sorrir e respondeu:

— Isso não. Semelhante fase de inconsciência e desvario passa também como a tempestade, embora a crise, por vezes, persevere por muitos anos. Batida pelo temporal das provações que lhe impõem a dor de fora para dentro, refunde-se a alma, pouco a pouco, tranquilizando-se para abraçar, por fim, as responsabilidades que criou para si mesma.

2 — Quer dizer, então — disse por minha vez —, que não basta a romagem de purgação do Espírito depois da morte, nos lugares de treva e padecimento, para que os débitos da consciência sejam ressarcidos…

— Perfeitamente — aclarou o amigo, atalhando-me a consideração reticenciosa —, o desespero vale por demência a que as almas se atiram nas explosões de incontinência e revolta. Não serve como pagamento nos tribunais divinos. Não é razoável que o devedor solucione com gritos e impropérios os compromissos que contraiu mobilizando a própria vontade.

Aliás, dos desmandos de ordem mental a que nos entregamos, desprevenidos, emergimos sempre mais infelizes, por mais endividados. Cessada a febre de loucura e rebelião, o Espírito culpado volve ao remorso e à penitência. Acalma-se como a terra que torna à serenidade e à paciência, depois de insultada pelo terremoto, não obstante amarfanhada e ferida. Então, como o solo que regressa ao serviço da plantação proveitosa, submete-se de novo à sementeira renovadora dos seus destinos.

3 Atormentada expectação baixara sobre nós, quando Hilário considerou:

— Ah! se as almas encarnadas pudessem morrer no corpo, alguns dias por ano, não à maneira do sono físico em que se refazem, mas com plena consciência da vida que as espera!…

— Sim — ajuntou o orientador —, isso realmente modificaria a face moral do mundo; entretanto, a existência humana, por mais longa, é simples aprendizado em que o Espírito reclama benéficas restrições para restaurar o seu caminho. Usando nova máquina fisiológica entre os semelhantes, deve atender à renovação que lhe diz respeito e isso exige a centralização de suas forças mentais na experiência terrena a que transitoriamente se afeiçoa.

4 A palavra fluente e sábia do Instrutor era para nós motivo de singular encantamento, e, porque me supunha no dever de aproveitar os minutos, ponderava em silêncio, de mim para comigo, quanto à qualidade das almas desencarnadas que sofriam a pressão da tormenta exterior.

Druso percebeu-me a indagação mental e sorriu, como a esperar por minha pergunta clara e positiva.

Instado pela força de seu olhar, observei, respeitoso:

— Diante do espetáculo penoso a que nos é dado assistir, somos naturalmente constrangidos a pensar na procedência dos que experimentam o mergulho nesse torvelinho de horror… São delinquentes comuns ou criminosos acusados de grandes faltas? Encontraríamos por aí seres primitivos como os nossos indígenas por exemplo?

A resposta do amigo não se fez esperar.

— Tais inquirições — disse ele —, quando de minha vinda para cá, me assomaram igualmente à cabeça. Há cinquenta anos sucessivos estou neste refúgio de socorro, oração e esperança. Penetrei os umbrais desta casa como enfermo grave, após o desligamento do corpo terrestre. Encontrei aqui um hospital e uma escola. Amparado, passei a estudar minha nova situação, anelando servir. Fui padioleiro, cooperador da limpeza, enfermeiro, professor, magnetizador, até que, de alguns anos para cá, recebi jubilosamente o encargo de orientar a instituição, sob o comando positivo dos instrutores que nos dirigem.

Obrigado a pacientes e laboriosas investigações, por força de meus deveres, posso adiantar-lhes que às densas trevas em torno somente aportam as consciências que se entenebreceram nos crimes deliberados, apagando a luz do equilíbrio em si mesmas. Nestas regiões inferiores não transitam as almas simples, em qualquer aflição purgativa, situadas que se encontram nos erros naturais das experiências primárias. 

Cada ser está jungido, por impositivos da atração magnética, ao círculo de evolução que lhe é próprio. Os selvagens, em grande maioria, até que se lhes desenvolva o mundo mental, vivem quase sempre confinados a floresta que lhes resume os interesses e os sonhos, retirando-se vagarosamente do seu campo tribal, sob a direção dos Espíritos benevolentes e sábios que os assistem; e as almas notoriamente primitivas, em grande parte, caminham ao influxo dos gênios beneméritos que as sustentam e inspiram, laborando com sacrifício nas bases da instituição social e aproveitando os erros, filhos das boas intenções, à maneira de ensinamentos preciosos que garantem a educação dessas almas.

Asseguro-lhes, assim, que, nas zonas infernais propriamente ditas, apenas residem aquelas mentes que, conhecendo as responsabilidades morais que lhes competiam, delas se ausentaram, deliberadamente, com o louco propósito de ludibriarem o próprio Deus.

O inferno, a rigor, pode ser, desse modo, definido como vasto campo de desequilíbrio, estabelecido pela maldade calculada, nascido da cegueira voluntária e da perversidade completa. Aí vivem domiciliados, às vezes por séculos, Espíritos que se bestializaram, fixos que se acham na crueldade e no egocentrismo. Constituindo, porém, larga província vibratória, em conexão com a Humanidade terrestre, de vez que todos os padecimentos infernais são criações dela mesma, estes lugares tristes funcionam como crivos necessários para todos os Espíritos que escorregam nas deserções de ordem geral, menosprezando as responsabilidades que o Senhor lhes outorga.

Dessa forma, todas as almas já investidas no conhecimento da verdade e da justiça e por isso mesmo responsáveis pela edificação do bem, e que, na Terra, resvalam nesse ou naquele delito, desatentas para com o dever nobilitante que o mundo lhes assinala, depois da morte do corpo estagiam nestes sítios por dias, meses ou anos, reconsiderando as suas atitudes, antes da reencarnação que lhes compete abraçar, para o reajustamento tão breve quanto possível.

— Desse modo…

Dispunha-se Hilário a ensaiar conclusões, mas Druso, apreendendo-lhe a ideia, atalhou, sintetizando:

— Desse modo, os gênios infernais que supõem governar esta região, com poder infalível, aqui vivem por tempo indeterminado. As criaturas perversas que com eles se afinam, embora lhes padeçam a dominação, aqui se deixam prender por largos anos. E as almas transviadas na delinquência e no vício, com possibilidades de próxima recuperação, aqui permanecem em estágios ligeiros ou regulares, aprendendo que o preço das paixões é demasiado terrível.

Para as criaturas desencarnadas desse último tipo, que passam a sofrer o arrependimento e o remorso, a dilaceração o a dor, apesar de não totalmente livres das complexidades escuras com que se arrojaram às trevas, as casas de fraternidade e assistência como esta funcionam, ativas e diligentes, acolhendo-as quanto possível e habilitando-as para o retorno às experiências de natureza expiatória na carne.

Lembrava-me do tempo em que perlustrara, por minha vez, semiconsciente e conturbado, os trilhos da sombra, quando de meu desligamento do veículo físico, confrontando meus próprios estados mentais do passado e do presente, quando o orientador prosseguiu:

— Segundo é fácil reconhecer, se a treva é a moldura que imprime destaque à luz, o inferno, como região de sofrimento e desarmonia, é perfeitamente cabível, representando um estabelecimento justo de filtragem do Espírito, a caminho da Vida Superior. Todos os lugares infernais surgem, vivem e desaparecem com a aprovação do Senhor, que tolera semelhantes criações das almas humanas, como um pai que suporta as chagas adquiridas pelos seus filhos e que se vale delas para ajudá-los a valorizar a saúde.

As Inteligências consagradas à rebeldia e à criminalidade, em razão disso, não obstante admitirem que trabalham para si, permanecem a serviço do Senhor, que corrige o mal com o próprio mal. Por esse motivo, tudo na vida é movimentação para a vitória do bem supremo.

Druso ia prosseguir, mas invisível campainha vibrou no ar e, mostrando-se alertado pela imposição das horas, levantou-se e disse-nos simplesmente:

— Amigos, chegou o instante de nossa conversação com os internados que já se revelam pacificados e lúcidos. Dedicamos algumas horas, duas vezes por semana, a semelhante mister.

Erguemo-nos sem divergir e acompanhamo-lo, prestamente."
Nota: 1- Cidade espiritual na Esfera Superior "Nosso Lar". — (Nota do Autor espiritual.)
Fonte: transcrição do Capítulo 1 do livro "Ação e Reação", obra mediúnica escrita por Chico Xavier e ditada pelo Espírito André Luiz (FEB Editora) - Citação parcial para estudo, divulgação do livro, da obra de Chico Xavier e do Espiritismo, de acordo com o artigo 46, item III, da Lei de Direitos Autorais - Imagem: representação artística da cidade espiritual "Nosso Lar" (reprodução/internet) - Para mais informações sobre a obra completa veja o adendo...

Ação e Reação (A Vida no Mundo Espiritual)


"Durante três anos, o Espírito André Luiz permaneceu na Mansão Paz, instituição sob jurisdição da colônia Nosso Lar que atende espíritos sofredores de regiões próximas à Terra.

Acompanhado do amigo Hilário, o autor espiritual conhece diversos casos relacionados à lei de causa e efeito que confirmam como a atual existência terrena do ser é vinculada à vida passada, assim como as ações do hoje condicionarão a realidade futura.

Com psicografia de Francisco Cândido Xavier, 'Ação e Reação' descreve regiões inferiores da esfera espiritual e o sofrimento que atinge uma consciência culpada, após a morte do corpo físico, além de apresentar orientações sobre o débito aliviado, os preparativos para a reencarnação, os resgates coletivos e o valor benéfico da oração." Clique aqui para adquirir seu eBook 'Kindle' ou livro físico...

domingo, 20 de setembro de 2020

Entrevista com Chico Xavier: "Os Milagres" (Programa 'Pinga-Fogo')

Trecho do livro: 'Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo' ¹ (Cap. 19: Milagres)


"Em nossa infância, e na primeira juventude, frequentamos a Igreja Católica com o mesmo respeito com que nos dirigimos hoje a uma reunião espírita cristã, e sempre sentimos, reconhecemos, dentro da Igreja Católica, prodígios de espiritualidade, inimagináveis.  Muitas vezes, principalmente nas missas da manhã, quando era possível a comunhão de vibrações espirituais de todos os crentes numa só faixa de espiritualidade, e de fé em Jesus, tivemos oportunidade de ver Espíritos santificados que abençoavam as hóstias, e elas se transformavam como se fossem flores de luz, que o sacerdote oferecia na mesa da comunhão.  Muitas vezes, principalmente no altar daquela que nós veneramos como sendo nossa Mãe Santíssima, vimos irradiações de luz que alcançavam toda a assembleia, do altar consagrado a Santa Teresinha de Lisieux, muitas vezes vi partirem rosas trazidas por criaturas desencarnadas, amigos e amigas católicos da cidade de Pedro Leopoldo, sem que eu pudesse explicar o fenômeno.   Tivemos ocasião de, por misericórdia de Deus, e com o amparo da comunidade espírita cristã, e sobretudo com a assistência de dois amigos extremamente queridos para nós, um de Uberaba e outro de São Paulo, tivemos oportunidade de visitar pessoalmente a cidade de Lourdes, e vimos ali demonstrações extraordinárias de fé, sentimos a espiritualidade do Evangelho, na cidade de Lourdes, como se o Cristianismo estivesse renascendo na procissão em toda a sua pureza.  Portanto, todos os fenômenos de bondade divina, através da Igreja Católica, que nós consideramos como mãe de nossa civilização, eles todos são legítimos, credores de nossa veneração. Nós não estamos separados, os evangélicos reformistas e nem os espíritas cristãos, por diferenças fundamentais.  Os Espíritos nos ensinam que nós estamos em faixas diferentes de interpretação, mas somos uma família só, diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que reverenciamos em sua santidade, o Papa, em nossos eminentes cardeais do Brasil, protetores da nossa fé.  Nós não podemos esquecer isto, e amamos a religião tradicional em tudo o que ela tem de belo, em tudo o que ela tem de divino, embora estejamos pessoalmente na faixa do Espiritismo cristão, dentro das conceituações de Allan Kardec, porque a mediunidade nos chamava para esse campo de trabalho que também é profundamente cristão, e para ele um dia partimos das nossas atividades da Igreja Católica, com a benção do sacerdote a quem nós amávamos como se ama a um pai."


"1. Saulo: E a homenagem que prestamos ao cinema brasileiro, na presença do artista e homem sério Anselmo Duarte.

Anselmo Duarte: Ao nosso caro irmão Chico Xavier é para mim uma honra poder dirigir a palavra a você, e fazer uma pergunta que tenho a impressão que seria uma pergunta que muita gente gostaria de fazer.

O que pensa você, como analisa os chamados milagres da Igreja Católica, ou seja, o aparecimento, aparição de Nossa Senhora mãe de Cristo, em Lourdes, em Fátima, e no caso de tratar-se de uma materialização espiritual, queria saber se em algumas oportunidades os chamados santos da Igreja Católica, têm deixado mensagens através da religião espírita?

Chico Xavier: Nós nos sentimos muito honrados com a pergunta do nosso grande líder de arte no Brasil que é o nosso querido e festejado Anselmo Duarte. 

Em nossa infância, e na primeira juventude, frequentamos a Igreja Católica com o mesmo respeito com que nos dirigimos hoje a uma reunião espírita cristã, e sempre sentimos, reconhecemos, dentro da Igreja Católica, prodígios de espiritualidade, inimagináveis.

Muitas vezes, principalmente nas missas da manhã, quando era possível a comunhão de vibrações espirituais de todos os crentes numa só faixa de espiritualidade, e de fé em Jesus, tivemos oportunidade de ver Espíritos santificados que abençoavam as hóstias, e elas se transformavam como se fossem flores de luz, que o sacerdote oferecia na mesa da comunhão.

Muitas vezes, principalmente no altar daquela que nós veneramos como sendo nossa Mãe Santíssima, vimos irradiações de luz que alcançavam toda a assembleia, do altar consagrado a Santa Teresinha de Lisieux, muitas vezes vi partirem rosas trazidas por criaturas desencarnadas, amigos e amigas católicos da cidade de Pedro Leopoldo, sem que eu pudesse explicar o fenômeno. 

Tivemos ocasião de, por misericórdia de Deus, e com o amparo da comunidade espírita cristã, e sobretudo com a assistência de dois amigos extremamente queridos para nós, um de Uberaba e outro de São Paulo, tivemos oportunidade de visitar pessoalmente a cidade de Lourdes, e vimos ali demonstrações extraordinárias de fé, sentimos a espiritualidade do Evangelho, na cidade de Lourdes, como se o Cristianismo estivesse renascendo na procissão em toda a sua pureza.

Portanto, todos os fenômenos de bondade divina, através da Igreja Católica, que nós consideramos como mãe de nossa civilização, eles todos são legítimos, credores de nossa veneração. Nós não estamos separados, os evangélicos reformistas e nem os espíritas cristãos, por diferenças fundamentais.

Os Espíritos nos ensinam que nós estamos em faixas diferentes de interpretação, mas somos uma família só, diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que reverenciamos em sua santidade, o Papa, em nossos eminentes cardeais do Brasil, protetores da nossa fé.

Nós não podemos esquecer isto, e amamos a religião tradicional em tudo o que ela tem de belo, em tudo o que ela tem de divino, embora estejamos pessoalmente na faixa do Espiritismo cristão, dentro das conceituações de Allan Kardec, porque a mediunidade nos chamava para esse campo de trabalho que também é profundamente cristão, e para ele um dia partimos das nossas atividades da Igreja Católica, com a benção do sacerdote a quem nós amávamos como se ama a um pai.


2. Freitas Nobre: Pode-se dizer então ecumenicamente que religião boa é a que melhora o homem?

Chico Xavier: A religião é sempre boa, e toda religião boa, isto é, fundada nos princípios do bem, que torna os homens bons, essa religião é um processo de ligação, processo de comunicação, vamos dizer assim, nos conceitos modernos de nossa vida nos tempos de hoje, é um processo de nossa comunicação com as forças divinas, que emanam de Deus.

Todas as religiões que objetivam o burilamento da criatura humana, toda religião que nos traz esta legenda de paz e de amor, autênticos, mas profundamente autênticos, sem nenhuma ofensa para ninguém, sem nenhuma desconsideração para ninguém, a que se referiu o nosso querido entrevistador, Dr. Durval Monteiro, toda religião baseada nestes princípios, é um caminho santo, que nós, como espíritas cristãos, respeitamos, e devemos respeitar cada vez mais."


Fonte: trecho do livro: 'Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo' (Capítulo 19: Milagres) - transcrição de entrevista concedida pelo médium brasileiro, Francisco Cândido Xavier, em 1972, à TV Tupi, pgm 'Pinga-Fogo'. O livro, publicado pela Editora Boa Nova, é resultado do programa de entrevistas Pinga-Fogo, segunda edição, transmitido ao vivo pela TV em 1972, através do canal 4 (Rede Tupi).

Elenco: Chico Xavier, Saulo Gomes, Almir Guimarães, Herculano Pires e outros, dentre grande auditório e audiência.

No programa Chico Xavier esclarece vários assuntos como a Umbanda, a pena de morte, as crianças excepcionais, os hippies, os transplantes, a cremação, a superpopulação, homossexualismo, amor livre e outros temas de palpitante atualidade até os dias de hoje.

Observação: Citação parcial do program ade TV e de sua transcrição em livro, para estudo, divulgação do Espiritismo e da obra de Chico Xavier, de acordo com o artigo 46, item III, da Lei de Direitos Autorais - Imagem e vídeo: O médium Chico Xavier sendo entrevistado no programa 'Pinga-Fogo', da Tupi. (reprodução/YouTube)

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Mecanismos da mediunidade: pelo Espírito André Luiz

Mediunidade: Ondas e percepções


1. Agitação e ondas - 2. Tipos e definições - 3. Homem e ondas - 4. Continente do “infrassom” - 5. Sons perceptíveis - 6. Outros reinos ondulatórios

Mecanismos da Mediunidade
"1. Agitação e Ondas: Em seguida a esforços persistentes de muitos Espíritos sábios, encarnados no mundo e patrocinando a evolução, a inteligência do século XX compreende que a Terra é um magneto de gigantescas proporções, constituído de forças atômicas condicionadas e cercado por essas mesmas forças em combinações multiformes, compondo o chamado campo eletromagnético em que o Planeta, no ritmo de seus próprios movimentos, se tipifica na Imensidade Cósmica.

Nesse reino de energias, em que a matéria concentrada estrutura o Globo de nossa moradia e em que a matéria em expansão lhe forma o clima peculiar, a vida desenvolve agitação.

E toda agitação produz ondas.

Uma frase que emitimos ou um instrumento que vibra criam ondas sonoras.

Liguemos o aquecedor e espalharemos ondas caloríficas.

Acendamos a lâmpada e exteriorizaremos ondas luminosas.

Façamos funcionar o receptor radiofônico e encontraremos ondas elétricas.

Em suma, toda inquietação se propaga em forma de ondas, através dos diferentes corpos da Natureza.


2. Tipos e Definições: As ondas são avaliadas segundo o comprimento em que se expressam, dependendo esse comprimento do emissor em que se verifica a agitação.

Fina vara tangendo as águas de um lago provocará ondas pequenas, ao passo que a tora de madeira, arrojada ao lençol líquido, traçará ondas maiores.

Um contrabaixo lançá-las-á muito longas.

Um flautim desferi-las-á muito curtas.

As ondas ou oscilações eletromagnéticas são sempre da mesma substância, diferenciando-se, porém, na pauta do seu comprimento ou distância que se segue do penacho ou crista de uma onda a crista da onda seguinte, em vibrações mais ou menos rápidas, conforme as leis de ritmo em que se lhes identifica a frequência diversa.

Que é, no entanto, uma onda?

À falta de terminologia mais clara diremos que uma onda é determinada forma de ressurreição da energia, por intermédio do elemento particular que a veicula ou estabelece.

Partindo de semelhante princípio, entenderemos que a fonte primordial de qualquer irradiação é o átomo ou partes dele em agitação, despedindo raios ou ondas que se articulam, de acordo com as oscilações que emite.


3. Homem e Ondas: Simplificando conceitos em torno da escala das ondas, recordemos que, oscilando de maneira integral, sacudidos simplesmente nos elétrons de suas órbitas ou excitados apenas em seus núcleos, os átomos lançam de si ondas que produzem calor e som, luz e raios gama, através de inumeráveis combinações.

Assim é que entre as ondas da corrente alternada para objetivos industriais as ondas do rádio, as da luz e dos raios X, tanto quanto as que definem os raios cósmicos e as que se superpõem além deles, não existe qualquer diferença de natureza, mas sim de frequência, considerado o modo em que se exprimem.

E o homem colocado nas faixas desse imenso domínio, em que a matéria quanto mais estudada mais se revela qual feixe de forças em temporária associação, somente assinala as ondas que se lhe afinam com o modo de ser.

Temo-lo, dessa maneira por viajante do Cosmo, respirando num vastíssimo império de ondas que se comportam como massa ou vice-versa, condicionado, nas suas percepções, à escala do progresso que já alcançou, progresso esse que se mostra sempre acrescentado pelo patrimônio de experiência em que se gradua, no campo mental que lhe é característico, em cujas dimensões revela o que a vida já lhe deu, ou tempo de evolução, e aquilo que ele próprio já deu à vida, ou tempo de esforço pessoal na construção do destino.

Para a valorização e enriquecimento do caminho que lhe compete percorrer, recebe dessa mesma vida, que o acalenta e a que deve servir, o tesouro do cérebro, por intermédio do qual exterioriza as ondas que lhe marcam a individualidade, no concerto das forças universais, e absorve aquelas com as quais pode entrar em sintonia, ampliando os recursos do seu cabedal de conhecimento, e das quais se deve aproveitar, no aprimoramento intensivo de si mesmo, no trabalho da própria sublimação.


4. Continente do 'Infrassom': Ajustam-se ouvidos e olhos humanos a balizas naturais de percepção, circunscritos aos implementos da própria estrutura.

Abaixo de 35 a 40 vibrações por segundo, a criatura encarnada, ou que ainda se mostre fora do corpo físico em condições análogas, movimenta-se no império dos “infrassons”, n porquanto os sons continuam existindo, sem que disponha de recursos para assinalá-los.

A ponte pressionada por grande veículo ou a locomotiva que avança sobre trilhos agita a porta de residência não distante, porta essa cuja inquietação se comunica a outras portas mais afastadas, em regime de transmissão “infrassom”.

Nesse domínio das correntes imperceptíveis, identificaremos as ondas eletromagnéticas de Hertz a se exteriorizarem da antena alimentada pela energia elétrica e que, apresentando frequência aumentada, com o emprego dos chamados “circuitos oscilantes”, constituídos com o auxílio de condensadores, produzem as ondas da telegrafia sem fio e do rádio comum, começando pelas ondas longas, até aproximadamente mil metros, na medida equivalente à frequência de 300.000 vibrações por segundo ou 300 quilociclos, e avançando pelas ondas curtas, além das quais se localizam as ondas métricas ou decimétricas, disciplinadas em serviço do radar e da televisão.

Em semelhantes faixas da vida, que a ciência terrestre assinala como o continente do “infrassom” circulam forças complexas; contudo, para o Espírito encarnado ou ainda condicionado às sensações do Plano Físico, não existe nessas províncias da Natureza senão silêncio.


5. Sons Perceptíveis: Aumente-se a frequência das ondas, nascidas do movimento incessante do Universo, e o homem alcançará a escala dos sons perceptíveis, mais exatamente qualificáveis nas cordas graves do piano.

Nesse ponto, penetraremos a esfera das percepções sensoriais da criatura terrestre, porquanto, nesse grau vibratório, as ondas se transubstanciam em fontes sonoras que afetam o tímpano, gerando os “tons de Tartini” ou “tons de combinação”, com efeitos psíquicos, segundo as disposições mentais de cada indivíduo.

Eleva-se o diapasão.

Sons médios, mais altos, agudos, superagudos.

Na fronteira aproximada de pouco além de 15.000 vibrações por segundo, não raro, o ouvido vulgar atinge a zona-limite. (7)

Há pessoas, contudo, que, depois desses marcos, ouvem ainda. (8)

Animais diversos, quais os cães, portadores de profunda acuidade auditiva, escutam ruídos no “ultra-som” para além das 40.000 vibrações por segundo.

Prossegue a escala ascendente em recursos e proporções inimagináveis aos sentidos vinculados ao mundo físico.


6. Outros Reinos Ondulatórios: Salientando-se no oceano da Vida Infinita, outros reinos ondulatórios se espraiam, ofertando novos campos de evolução ao Espírito, que a mente ajustada às peculiaridades do Planeta não consegue perceber.

Sigamos através das oscilações mais curtas e seremos defrontados pelas ondas do infravermelho.

Começam a luz e as cores visíveis ao olhar humano.

As microondas, em manifestação ascendente, determinam nas fibras intra-retinianas, segundo os potenciais elétricos que lhes são próprios, as imagens das sete cores fundamentais, facilmente descortináveis na luz branca que as sintetiza, por intermédio do prisma comum, criando igualmente efeitos psíquicos, em cada criatura, conforme os estados mentais que a identifiquem.

Alteia-se a ordem das ondas e surgem, depois do vermelho, o alaranjado, o amarelo, o verde, o azul, o anilado e o violeta.

No comprimento de onda em que se localiza o violeta, em 4/10.000 de milímetro, os olhos humanos cessam de enxergar; todavia, a série das oscilações continua em progressão constante e a chapa fotográfica, situada na vizinhança do espectro, revela a ação fotoquímica do ultravioleta e, ultrapassando-o, aparecem as ondas imensamente curtas dos raios X, dos raios gama, dirigindo-se para os raios cósmicos, a cruzarem por todos os departamentos do Globo.

Semelhantes notas oferecem ligeira ideia da transcendência das ondas nos reinos do Espírito, com base nas forças do pensamento."


Notas:
1- Este capítulo foi recebido pelo médium Waldo Vieira.
7- Outros Autores admitem que estes infrassons começam abaixo de 16 vibrações por segundo. (Nota do Autor espiritual.)
8- A escala de percepção é extremamente variável. (Nota do Autor espiritual.)

Fonte: trecho do livro 'Mecanismos da Mediunidade' (Sumário), Chico Xavier e Waldo Vieira, ditado pelo Espírito André Luiz (Capítulo 1: Ondas e Percepções) - Citação parcial para estudo, divulgação do livro, da obra de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, bem como do dom da mediunidade e da Doutrina Espírita, em acordo com o artigo 46, item III, da Lei de Direitos Autorais - Imagem: Pixabay License - uso livre. Atribuição não requerida.