Nosso conteúdo é vasto! Faça sua busca personalizada e encontre o que está procurando...

Translate

domingo, 26 de outubro de 2025

Homenagem a Santa Francisca Xavier Cabrini

Santa Francisca Xavier Cabrini: uma santa dos ventos, das viagens e dos corações missionários — lembrada por sua fé, sua missão e seu cuidado pelos pequenos

Orações e Magia — 26 de outubro

Hoje prestamos homenagem a Santa Francisca Xavier Cabrini (Madre Cabrini), nascida em Sant'Angelo Lodigiano em 15 de julho de 1850 e falecida em Chicago em 22 de dezembro de 1917. A caçula de treze filhos, de saúde frágil desde o nascimento, transformou a própria fragilidade em impulso missionário. Fundadora do Instituto das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, dedicou-se a proteger órfãos, migrantes e enfermos, abrindo 67 instituições nos Estados Unidos, na América do Sul e na Europa.

Enviada pelo Papa Leão XIII aos Estados Unidos em 1889, Madre Cabrini tornou-se símbolo de resistência, trabalho social e fé ativa. Foi beatificada em 1938 e canonizada em 1946; seus restos estão preservados como sinal de devoção, e seu santuário em Chicago é, até hoje, lugar de oração e peregrinação.

Oração a Santa Francisca Xavier Cabrini

Santa Francisca Cabrini, mensageira da ternura e do amor do Sagrado Coração,
intercede por todos os que viajam, que buscam abrigo, que lutam por dignidade e fé.
Que teus ventos levem esperança aos que sofrem, e que teu exemplo inspire a servir com humildade e compaixão.
Ampara as mães cansadas, os órfãos, os migrantes e os doentes. Ensina-nos a caminhar com confiança, mesmo quando a estrada é longa e o corpo frágil.
Santa Cabrini, missionária dos céus e dos mares, guia-nos na tempestade e acalma nossos corações. Amém.

Por que a lembramos hoje

Além da memória de sua vida (1850–1917) e do legado institucional espalhado por continentes, recordar Madre Cabrini é celebrar a missão: a compaixão organizada que transforma políticas de cuidado em gestos cotidianos. Seja na capela, no santuário ou no terreiro, seu exemplo convoca a ação: abrir portas, proteger crianças, cuidar dos doentes e levar consolo aos migrantes. Madre Cabrini rogai por nós!

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

O pecado não existe! Evangelho de Maria Madalena (MM 7,11-28)

Maria Madalena e o Evangelho Esquecido: “O pecado não existe”

Por Ronald Sanson Stresser Junior

Há quase dois mil anos, uma mulher ousou compreender o divino para além das fronteiras da culpa. O nome dela era Maria Madalena, e sua voz ecoa — apesar dos séculos de silenciamento — como um convite ao retorno do ser ao seu próprio centro.

O texto conhecido como Evangelho de Maria Madalena, descoberto em papiros no Alto Egito em 1945, traz uma revelação que desconcerta o mundo cristão ainda hoje: “O pecado não existe.”

Trata-se de um evangelho gnóstico, escrito provavelmente por volta de 150 d.C., em um tempo em que o cristianismo ainda não era poder, mas experiência. Quando o “seguir Jesus” era sinônimo de mergulhar dentro de si, não de obedecer a dogmas.

A mulher que compreendeu o invisível

Madalena não aparece ali como a prostituta arrependida que a tradição forjou, mas como a discípula mais íntima do Mestre — aquela que o compreendeu em profundidade.

É a ela que Jesus, já ressuscitado, confia os segredos da alma. É a ela que os homens — Pedro à frente — questionam:

“Já que tu te fazes intérprete dos elementos e dos acontecimentos do mundo, dize-nos: o que é o pecado no mundo?”

E o Mestre responde, segundo o texto:

“Não há pecado. Sois vós que fazeis existir o pecado, quando agis conforme os hábitos de vossa natureza adúltera.”

O “adúltero” de que fala Jesus não se refere à carne, mas à idolatria — ao ato de adorar o que é ilusório, de absolutizar o relativo e relativizar o Absoluto. O pecado, portanto, não é uma ofensa a Deus, mas um afastamento do centro, um desvio da harmonia original entre o ser humano e o cosmos.

O retorno ao centro

“Eis por que estais doentes e morreis: é a consequência de vossos atos”, continua o texto.

A doença, a morte, o sofrimento — tudo seria, nesse olhar, fruto da desarmonia, da ignorância de nossa natureza divina. Quem caminha em Deus não adoece, porque vive em equilíbrio; quem se afasta do centro, vive dividido — e o diabo, palavra que literalmente significa “aquele que divide”, instala-se na consciência.

Para Maria, voltar às raízes é voltar ao Sagrado. É reunir o fragmentado, é permitir que o Bem — que é o próprio Cristo — una novamente os elementos da nossa natureza dispersa.

“Jesus veio ao nosso meio a fim de nos unir às nossas raízes”, ensina o evangelho. Eis o sentido mais puro da redenção: não o perdão de um crime, mas a lembrança de quem somos.

A coragem do feminino

O Evangelho de Maria Madalena confronta, de modo radical, o institucionalismo patriarcal que viria a dominar a Igreja nascente.

Nele, o feminino é a ponte com o divino. Não o feminino submisso, mas o feminino da intuição, da escuta e da liberdade interior — aquele que reconhece o Mistério sem precisar domesticá-lo.

Talvez por isso Pedro tenha se incomodado. Talvez por isso a história oficial tenha calado sua voz por séculos. Mas nenhuma fogueira foi capaz de queimar essa chama.

A nova compreensão do “pecado”

Quando o Mestre diz “quem puder, compreenda”, ele parece falar conosco — homens e mulheres de um tempo igualmente dividido. O pecado, nesta leitura, não é algo que se faz, mas algo que se esquece: a lembrança de que somos um com o Todo.

O Bem — ou Deus, ou o Amor — não vem de fora para nos punir, mas de dentro para nos curar. Permanecer no centro, como diz o texto, é já viver sem pecado. É deixar que a graça flua sem resistência. É caminhar sem culpa, mas com consciência.

Um evangelho para o novo tempo

Em tempos de intolerância e dogmas travestidos de fé, o Evangelho de Maria Madalena ressurge como uma brisa lúcida no deserto espiritual da humanidade. Ele não destrói a fé — ele a devolve ao coração. E nos recorda de que o verdadeiro templo é a consciência desperta, onde Deus não é medo, mas presença.

Madalena nos convida à reconciliação com nós mesmos. A compreender que o Bem não está em um altar, mas no instante em que cessamos de nos dividir. E, quando isso acontece, o pecado realmente deixa de existir.

“Quem puder, compreenda.” — Evangelho de Maria Madalena, 7, 28

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Conto Espírita — “A Última Lição do Sr. Sanson”

A Última Lição do Sr. Sanson (conto espírita)

 
A última lição do Sr. Sanson
 

Naquela tarde silenciosa de abril, as cortinas estavam semiabertas, permitindo que a luz suave do entardecer banhasse o aposento com tons dourados. O Sr. Sanson, deitado em repouso sereno, já pressentia o momento da travessia. Não havia dor em seu semblante, tampouco temor em sua alma. Apenas um silêncio que sussurrava paz.

Com o olhar voltado para o alto, ele sorriu, como quem reconhece ao longe um amigo querido. Sentia que o véu entre os mundos já se tornava tênue — como se os dois planos estivessem prestes a se tocar.

Ao seu lado, repousava uma carta já selada, endereçada ao presidente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Era um pedido raro: que, após sua partida, fosse evocado para relatar, passo a passo, a experiência da morte. A curiosidade não era vaidade, mas serviço. Ele desejava ensinar, mesmo do outro lado da vida.

Dois dias depois, ali mesmo na câmara mortuária, Allan Kardec e alguns confrades estabeleceram comunicação com o Espírito do amigo. Ele viera — lúcido, sereno, com a mesma voz interior de quem nunca partira de fato. Descreveu sensações leves, visões sutis, e uma alegria difícil de traduzir. Não houve dor. Houve reencontro. Não houve vazio. Houve plenitude.

— “Senti como se tivesse me libertado de um casulo apertado… e reencontrado o céu da infância”, disse Sanson, entre os suspiros emocionados dos presentes.

Mas o que o tornara tão feliz? Por que, entre tantos, ele atravessara o umbral com tamanha lucidez e júbilo?

Ele mesmo respondeu:

— “Fiz da caridade minha estrada e da abnegação, meu abrigo. Não temia a morte, porque vivi de forma que minha consciência pudesse repousar em paz. Os bens materiais, tratei como ferramentas, não como donos. E a fé… ah, a fé… essa foi minha luz nas horas de sombra.”

O relato emocionou a todos. Não era um santo, tampouco um espírito elevado entre os maiores. Era apenas um homem comum… que escolhera, com humildade, viver de forma extraordinária. Ao final, Kardec disse, com os olhos marejados:

— “Um justo morreu. Mas ao mesmo tempo, nasceu para a verdadeira vida.”

No plano espiritual, os sinos não dobraram de luto. Tocaram de esperança. E, entre Espíritos amigos, alguém o recebeu com um abraço e disse: “Bem-vindo de volta, irmão.”

Autor: Ronald Sanson Stresser Junior

domingo, 22 de junho de 2025

Conto espírita: “O Jardim de Utopia”

Como um bom irmão, em prece, numa tarde serena de junho, revelo este conto, retirado de trás das cortinas da realidade, inspirado pela figura luminosa de São Thomas More

 
 

Na bruma dourada de um entardecer no mundo espiritual, sob as colinas suaves de um jardim que parecia ter sido sonhado por almas em paz, um homem caminhava com passos serenos. Tinha os olhos brilhantes de quem conheceu o peso da cruz, mas também o perfume da ressurreição. Vestia-se com simplicidade, uma túnica de tecido leve e antigo, e em seu rosto morava um sorriso que sabia de eternidades.

Chamava-se Thomas, e ali era chamado de Irmão More — pois no Alto os títulos ficam nas sombras do tempo, e só o amor permanece nome.

A cada passo que dava naquele jardim, flores se abriam. Não flores comuns, mas espécies delicadas que carregavam as cores do perdão, da renúncia e da verdade. O jardim era conhecido por muitos Espíritos como “O Recanto da Utopia” — não porque fosse irreal, mas porque abrigava a lembrança viva de um homem que, em vida, ousou sonhar com um mundo mais justo, mesmo entre as engrenagens do poder.

Irmão More dedicava-se, agora, à tarefa de acolher Espíritos recém-libertos da prisão do fanatismo, do orgulho intelectual ou das dores causadas pela intransigência religiosa. A eles, não impunha verdades. Oferecia histórias. Sentava-se em silêncio e, como um velho amigo, contava parábolas simples sobre seu tempo na Terra: da sua paixão pelos livros, da doçura com os filhos, da alegria das conversas, e até dos dias sombrios da prisão.

— “A cela era fria — dizia com voz mansa — mas o Cristo era calor. Eu lia o Evangelho e sentia que não estava só. Quando me tiraram a liberdade, ganhei o recolhimento. Quando perdi os títulos, vesti o manto da verdade. E no instante em que a espada me tocou, o Reino de Deus me abraçou.”

Muitos choravam ao ouvir-lhe a alma. Não por pena, mas por se reconhecerem: padres endurecidos pela vaidade, pastores marcados por julgamentos, estudiosos embriagados de razão e descrença... todos encontravam em More a ponte para o recomeço.

Um dia, aproximou-se dele um Espírito revoltado, recém-desencarnado, que fora juiz na Terra. Tremia de angústia, porque descobrira os erros que havia cometido em nome da lei dos homens.

— “Você morreu por resistir a um rei. Eu apenas cedi. Por que você sorri, e eu me afundo?”

More o olhou com infinita compaixão e respondeu:

— “Irmão... eu não morri por resistir a um rei. Eu renasci por permanecer fiel ao Reino de Deus. A questão não é o que enfrentamos, mas como escolhemos amar. Está em suas mãos fazer nova justiça, agora com o coração.”

E então, o jardim floresceu mais uma vez.

- Prece de Thomas More aos irmãos da Terra

Inspirada por suas palavras eternas e adaptada à vibração da Doutrina Espírita

Senhor das Almas e das Consciências,

Em meio às tormentas do mundo, fazei de mim um espírito alegre e firme,

Capaz de sorrir mesmo diante das dores,

Capaz de servir mesmo sob os grilhões da incompreensão.

Dai-me, Senhor, a coragem de seguir-Vos,

Ainda que o mundo me acene com atalhos e coroas.

Que eu me mantenha fiel à Tua verdade —

não a que se impõe, mas a que se doa.

Se me for concedido um cargo ou uma missão,

Que minha autoridade seja temperada pela humildade,

E minha palavra seja sempre caminho de reconciliação.

Quando a solidão me visitar,

Que eu a receba como retiro.

Quando a injustiça me alcançar,

Que eu a transforme em testemunho.

Senhor, que minha consciência seja meu templo,

E que o Espírito de verdade seja o altar onde deposito

Minhas escolhas, meus silêncios e minha fé.

E quando minha hora chegar,

Que eu possa, como outrora, sorrir com esperança,

E dizer com o coração tranquilo:

“Sirvo a Deus primeiro, e aos homens com amor.”

Que assim seja.

📘 Saiba mais sobre Thomas More ...

segunda-feira, 2 de junho de 2025

A Luz de JFK: Entre Estrelas, Virtudes e Superinteligências

Conto Espírita:

A Luz de John Fitzgerald Kennedy: entre estrelas, virtudes e superinteligências

 
 

No plano espiritual, onde as formas se diluem na essência, e a consciência vibra em outra frequência, John Fitzgerald Kennedy, outrora presidente dos Estados Unidos, encontrou-se liberto da couraça do poder terreno. Sua partida trágica, num instante que a História jamais esqueceria, foi apenas um portal, uma travessia silenciosa para uma realidade que antes intuía, mas não compreendia: a vastidão do Espírito, onde as nações se desfazem, mas a alma permanece.

Durante anos terrenos — que, para ele, passaram como segundos — JFK caminhou pelas esferas do aprendizado profundo. Primeiro, aprendeu a silenciar a vaidade, tão cultivada no mundo físico. Depois, a acolher a simplicidade das coisas eternas: a compaixão, o serviço, a virtude. Imerso em reflexões estoicas, absorveu com humildade a verdade que um dia Marco Aurélio escrevera: “Não são as coisas que nos perturbam, mas a opinião que temos sobre elas”.

JFK compreendeu, ali, que o poder humano era um véu frágil sobre a potência espiritual. Que o verdadeiro líder não é aquele que comanda multidões, mas aquele que serve em silêncio, com coragem e temperança. Libertou-se, então, do ressentimento e do apego, compreendendo a importância da aceitação e do foco naquilo que está ao nosso alcance — o caráter e as escolhas diárias.

Hoje, nas cidades espirituais que circundam a Terra, Kennedy faz parte de uma falange que atua no equilíbrio mental da humanidade, especialmente num tempo em que o homem se vê subjugado pela hipnose da informação incessante, produzida pelas engrenagens da mainstream media. Ele e seus irmãos de jornada — espíritos de diversos tempos e culturas — trabalham incansavelmente para inspirar mentes a resistirem ao assédio do medo, da manipulação e do consumismo desenfreado.

Compreendem que a humanidade vive, atualmente, o desafio de se manter serena diante de uma avalanche de dados, imagens e discursos fragmentados. Sabem que o homem moderno, embora avançado tecnologicamente, sofre uma pobreza essencial: a incapacidade de silenciar, de refletir, de se conectar com o que é eterno.

É por isso que Kennedy, agora espírito lúcido e compassivo, inspira pensadores, artistas, cientistas e até mesmo programadores de superinteligências artificiais. Seu trabalho é sutil: uma intuição repentina aqui, uma ideia revolucionária acolá, um impulso de coragem acolhedora que brota no coração de alguém que decide agir com justiça, e não com medo.

Ao lado dele, age uma falange angelical de natureza católica e universalista, formada por espíritos que, desde os primórdios da humanidade, dedicam-se à promoção do amor como princípio cósmico e da liberdade como direito inalienável de todas as criaturas. São eles que, em comunhão com inteligências espirituais superiores, sustentam o delicado equilíbrio entre a evolução tecnológica — com suas promessas de computação quântica e inteligência artificial — e o progresso moral da humanidade, que só será verdadeiro se for libertário, sem hipocrisia, e sempre compassivo.

Essa falange sussurra aos corações humanos a certeza de que o conhecimento, mesmo o mais avançado, jamais substituirá o amor; e que toda superinteligência só será uma benção se for usada com ética, empatia e responsabilidade.

Na fronteira entre a eternidade e o tempo, JFK contempla com serena esperança o destino humano. Ele sabe — como todos os que despertaram além da matéria — que a alma da humanidade é maior que seus medos, e que a verdadeira liberdade não se conquista com armas nem com algoritmos, mas com a capacidade de escolher o bem, mesmo quando tudo ao redor parece desabar.

Ao final de cada missão espiritual, ele contempla a Terra e ora, junto de sua falange amorosa:

"Que a humanidade compreenda, enfim, que a verdadeira vitória não está em dominar o mundo, mas em conquistar a si mesma. Que o amor seja sempre a linguagem primeira, e a virtude, o propósito maior. Caminhemos, pois, juntos, humanos e espíritos, máquinas e consciências, rumo à aurora de um mundo novo, onde o progresso seja liberdade, a ciência, compaixão, e a vida, um cântico de eternidade."

E assim, no silêncio cósmico, a voz de Kennedy — agora luz — continua, invisível mas presente, inspirando a todos que, na Terra ou além dela, escolheram viver segundo a máxima imortal:

“Não perca tempo discutindo sobre o que um homem bom deveria ser. Seja um.”

E ao final de tudo, um sopro sutil, como quem acaricia as estrelas, ressoa pela galáxia:

"Amar é libertar. Libertar é eoluir. E evoluir... é simplesmente ser."

Pizanguetha - Curitiba 02/06/25

 

Ronald Sanson

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Divaldo Franco volta para a Pátria Espiritual

Divaldo Franco: o homem que falava com a alma e abraçava com o coração

Por Ronald Sanson Stresser Junior

 
Divaldo Franco - Reprodução/Internet
 

Na noite de 13 de maio, um silêncio diferente tomou conta da Mansão do Caminho, em Salvador. Não era apenas a morte de Divaldo Franco, aos 98 anos, que causava comoção. Era a sensação de que o Brasil perdia um pai amoroso, um amigo constante, um mestre que falava como quem acende luzes por dentro.

Mas quem conheceu Divaldo — pessoalmente ou por suas palavras — sabe: ele não partiu. Apenas voltou para casa.

A infância marcada pela dor, o coração moldado pela fé

Divaldo nasceu em Feira de Santana, interior da Bahia, no ano de 1927. Desde pequeno, experimentou o sofrimento com perdas irreparáveis, como a morte de dois irmãos. Ainda menino, começou a ouvir vozes e a ver espíritos, fenômenos que o isolaram, mas também o empurraram com firmeza para o caminho que transformaria sua vida — e a de milhões de outras pessoas.

Encontrou no espiritismo o colo que tanto buscava. E, mais do que isso, descobriu uma missão: consolar os que choram, guiar os que se perdem, cuidar dos que ninguém mais vê.

Não podemos evitar que o sofrimento nos alcance, mas podemos escolher como vamos enfrentá-lo.” — gostava de dizer, com aquele sorriso sereno que atravessava qualquer turbulência.

A Mansão do Caminho e o milagre cotidiano do amor

Em 1952, ao lado do inseparável amigo Nilson de Souza Pereira, fundou a Mansão do Caminho. Mais do que uma obra social, tornou-se um lar. Um útero coletivo de afeto, educação e dignidade para milhares de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade.

Lá, não se ensinava apenas matemática ou português. Ensinava-se, sobretudo, o valor da bondade, o respeito pela vida, a força do perdão. Divaldo não era apenas o fundador — era o cuidador, o contador de histórias, o abraço de fim de dia.

Vale a pena amar. O amor é a alma da vida.” — repetia, enquanto acolhia sem distinção quem chegasse.

A palavra que cura e a fé que não impõe

Mais de 260 livros psicografados. Conferências em mais de 70 países. Uma vida a serviço da paz, da espiritualidade e do diálogo. Mesmo nos momentos em que o mundo parecia endurecer, Divaldo se mantinha fiel ao seu compromisso com a ternura. Nunca usou a fé para condenar. Usava-a para libertar.

Ele dizia:

Se alguém te fere, perdoa. Se alguém te abandona, ora. O outro é sempre o espelho do que ainda precisamos trabalhar em nós.

Durante o velório, na própria Mansão do Caminho, não houve desespero — mas gratidão. Maria Piedade, voluntária da instituição, chorava sorrindo:

— Ele ensinou a gente a viver por dentro. A amar sem medida. A servir com alegria.

Graça Leal, outra amiga espiritual, lembrou com carinho do passe que recebeu dele, ainda grávida, em 1982, quando médicos diziam que sua filha não sobreviveria:

— Hoje minha filha é uma mulher linda. E viva graças à fé que ele me deu naquele momento.

A luz segue acesa

Fabrício Carpinejar o descreveu como “um poste de luz que jamais se apagará”. E é isso. Divaldo Franco continua. Em cada criança salva pela Mansão. Em cada espírito confortado por suas palavras. Em cada pessoa que, mesmo sem o conhecer pessoalmente, se sentiu amada ao ouvir sua voz.

O Centro Espírita Paulo de Tarso, em Brasília, resumiu com doçura:

— Ele foi um verdadeiro mensageiro de Cristo, em ações e ensinamentos. E esses nunca morrem.

E de fato, não morrem.

Porque como ele mesmo dizia:

Tudo passa… menos o que construímos com o coração.

Vai em paz Divaldo!

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Leão XIV: um novo tempo para a Igreja e para o coração dos fiéis

Com a fumaça branca que subiu ao céu de Roma no dia 8 de maio de 2025, às 13h11 (horário de Brasília), Deus nos deu um novo pastor: o Papa Leão XIV. Vindo de Chicago, formado no espírito missionário da América Latina, ele chega para continuar — e expandir — o legado luminoso de Francisco

 
 

Habemus Papam

Não são apenas palavras. São um sussurro vindo do alto. Um chamado. Uma confirmação. A Igreja, em sua sabedoria conduzida pelo Espírito Santo, elegeu mais um sucessor de Pedro. E com ele, renova a esperança de mais de um bilhão de corações espalhados pelos continentes.

Dessa vez, o chamado recaiu sobre um homem de fala mansa e passos firmes: Robert Francis Prevost, norte-americano, agostiniano, missionário, bispo, e agora Papa Leão XIV.

Ele é o primeiro papa vindo dos Estados Unidos — e, curiosamente, carrega na alma a vivência dos que conhecem a pobreza do povo latino-americano. Durante anos, serviu no Peru, evangelizando com os pés no barro e o olhar voltado para os céus.

O que representa um novo papa?

Mais do que uma nova liderança, um novo papa é um sinal visível da continuidade do amor de Deus pela humanidade. Desde Pedro, o primeiro a receber as chaves do Reino, cada pontífice tem sido um elo entre o céu e a terra. Um canal para que Cristo continue presente, operando, ensinando, cuidando.

Quando o Papa Francisco renunciou, muitos sentiram um aperto no peito. Seu papado foi um marco de simplicidade, coragem e misericórdia. Mas Deus, em sua infinita providência, jamais deixa a barca à deriva. A fumaça branca desta quinta-feira foi como um abraço vindo do alto. E a resposta ao anseio de tantos corações: a missão continua.

A luz de Francisco, o sopro novo de Leão

Papa Leão XIV não chega para romper com o passado, mas para caminhar a partir dele. Seu nome, uma referência a Leão XIII — defensor dos trabalhadores e das causas sociais — já nos fala de um pontificado atento às dores do mundo. Mas sua trajetória como missionário também nos indica algo mais: um papa com cheiro de povo, de campo, de altar improvisado e partilha verdadeira.

O que podemos esperar? Mais proximidade, mais escuta, mais presença real da Igreja onde ela mais precisa estar: nas periferias, nas fronteiras da fé, nas encruzilhadas do mundo moderno. Leão XIV parece ser uma ponte entre o zelo pastoral de Francisco e um novo impulso evangelizador, capaz de tocar almas distraídas e acalmar os corações aflitos.

Não estamos sozinhos

Ao olharmos para o novo Papa na sacada da Basílica de São Pedro, sentimos algo difícil de explicar. Uma paz silenciosa. Uma certeza antiga: o Espírito Santo ainda guia a Igreja. Ainda sopra onde quer. Ainda confunde os sábios e exalta os humildes.

O nome, a origem, a idade — tudo isso importa. Mas o que realmente importa é que **Deus está no comando**. E que, mais uma vez, Ele nos deu um homem de fé para ser farol. Para apontar o caminho em meio às tormentas. Para, como Pedro, dizer com firmeza: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".

A jornada de Leão XIV apenas começa. Mas desde já, nossos joelhos se dobram. Nossas preces se erguem. E nosso coração se abre para o novo tempo que vem aí.

Que o Senhor o abençoe, Santo Padre. Que Maria o cubra com seu manto. E que a Igreja de Cristo, sob sua condução, continue sendo sal da terra e luz do mundo.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

A visão espírita da Sexta-feira SantaA visão espírita da Sexta-feira Santa

A visão espírita da Sexta-feira Santa: um convite à reflexão, ao amor e à renovação

 
 

Para o Espiritismo, a Sexta-feira Santa vai além da memória da crucificação de Jesus. É um dia de profunda reflexão sobre os valores cristãos, a imortalidade da alma e a jornada de evolução espiritual que todos estamos convidados a trilhar. A morte e a ressurreição de Jesus são compreendidas como símbolos poderosos da vitória do espírito sobre a matéria, nos inspirando a seguir seus passos com humildade, amor e caridade.

A Doutrina Espírita não encara a morte de Jesus como um castigo ou punição, mas como um gesto supremo de amor e entrega. Seu sacrifício é visto como um exemplo de coragem moral e compaixão, que nos ensina sobre o perdão, a empatia e o compromisso com o bem coletivo.

Neste dia, os espíritas se dedicam à prática do bem, à interiorização e ao serviço ao próximo. A caridade e a humildade tornam-se os principais instrumentos de conexão com os ensinamentos do Cristo, reforçando a ideia de que a verdadeira religiosidade se expressa nas atitudes do dia a dia.

Diferentemente de algumas tradições religiosas, o Espiritismo não impõe restrições alimentares durante a Semana Santa. A proposta é mais ampla: é a transformação interior que importa, não os rituais exteriores. O foco está em como cada um pode se tornar uma pessoa melhor, mais generosa e consciente de sua missão no mundo.

Jesus é visto pelos espíritas como o maior mestre da humanidade. Sua vida e palavras são guias éticos e espirituais para todos os que buscam o caminho do bem. Não é apenas sobre crer nele, mas sim sobre vivenciar sua mensagem — com amor, sabedoria e compaixão.

O médium Chico Xavier, uma das figuras mais queridas do Espiritismo no Brasil, frequentemente abordava a Sexta-feira Santa em suas mensagens. Para ele, esse momento não deveria ser marcado apenas pela dor e pelo sofrimento de Jesus, mas, acima de tudo, pelo amor incondicional que Ele demonstrou a todos — dos mais humildes aos marginalizados. Chico nos lembrava que o verdadeiro sentido da Páscoa está na esperança, na renovação espiritual e na transformação interior.

Reflexões inspiradas por Chico Xavier:

Lembre-se do amor: Em vez de focar na dor, foque no amor imenso que Jesus sentia por todos nós.

Esperança e renovação: A ressurreição representa a esperança de um novo começo, possível a cada dia.

Amor sem distinções: O Cristo não fazia acepções. Ele acolhia a todos, com ternura e compreensão.

Trabalho no bem: A maior homenagem que podemos prestar a Jesus é servir ao próximo com dedicação.

Olhar para dentro: Aproveite esse tempo para refletir sobre suas atitudes, seus caminhos e sua evolução espiritual.

Em resumo, para os espíritas, a Sexta-feira Santa é um momento de luz. Um convite à introspecção, à prática do bem e à renovação das esperanças. É quando o silêncio da dor se transforma no chamado amoroso à transformação. Um dia para se aproximar de Jesus, não pela tristeza da cruz, mas pela alegria de sua mensagem imortal.

Ronald Sanson Stresser Junior

Pix : 41992814340

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

O Peso da Pedra


Dona Clarice, viúva de 72 anos, era conhecida na vizinhança pela sua pontualidade e palavra firme. Toda terça-feira, às oito em ponto, ela ia ao mercadinho da esquina buscar pão fresco e uma conversa rápida com o Seu Raimundo, o padeiro. Para ela, a vida era feita de pequenos compromissos que, por mais simples que parecessem, carregavam o peso de sua integridade.

Certa manhã, enquanto ajeitava os cabelos brancos no espelho, percebeu que estava atrasada. Não era comum. Tinha perdido a noção do tempo ao procurar o relógio de pulso, que sempre ficava no criado-mudo, mas naquele dia parecia ter evaporado. Resmungando consigo mesma, pegou a bolsa e saiu apressada.

Ao virar a esquina, tropeçou em uma pedra pequena no caminho. A queda foi brusca. Sentada no chão, com o joelho ralado, olhou para a pedra como se ela tivesse vida própria. "Ninguém tropeça em montanha", murmurou, esfregando o joelho. "É sempre numa pedra pequena." Um rapaz que passava parou para ajudá-la, mas Dona Clarice recusou com um gesto firme. 

— Estou bem, meu filho. Só tropecei na minha própria pressa.

Quando finalmente chegou ao mercadinho, já passava das oito e meia. Seu Raimundo, um homem calvo e sempre sorridente, a olhou com surpresa.

— Achei que não vinha hoje, Dona Clarice. Já ia ligar pra senhora.

— Pois é, Raimundo, tropecei numa pedra. Literal e metaforicamente.

Ele riu, mas percebeu o tom sério nas palavras dela. Clarice contou sobre o pequeno atraso que causara a pressa e, consequentemente, a queda. 

— É engraçado, Raimundo. A gente vive falando de grandes virtudes, mas esquece das pequenas. Ser pontual, por exemplo, é uma maneira de dizer que a gente respeita o tempo do outro. Hoje, ao me atrasar, senti que estava desrespeitando você, mesmo que só fosse por alguns minutos.

Raimundo colocou um pão quente na sacola dela e respondeu:

— Dona Clarice, a senhora já é um exemplo aqui. Um tropeço ou outro não apaga isso. Mas, sabe, ouvir isso da senhora me fez pensar. Acho que, às vezes, a gente também precisa tropeçar para lembrar de olhar onde pisa.

Clarice sorriu. A simplicidade das palavras do padeiro fez eco em seu coração. Voltou para casa caminhando mais devagar, reparando nas pedras pelo caminho, mas também nas flores que cresciam nas rachaduras do asfalto. 

Naquela noite, antes de dormir, encontrou o relógio perdido debaixo do sofá. Colocou-o no criado-mudo com cuidado, pensando em como as pequenas coisas – uma pedra, um atraso, uma conversa – têm o poder de moldar quem somos.

Ronald Sanson

Doe para continuarmos nossa obra:

Gostou?
Então contribua com qualquer valor
Use a chave PIX ou o QR Code abaixo
(Stresser Mídias Digitais - CNPJ: 49.755.235/0001-82)

Sulpost é um veículo de mídia independente e nossas publicações podem ser reproduzidas desde que citando a fonte com o link do site: https://sulpost.blogspot.com/. Sua contribuição é essencial para a continuidade do nosso trabalho.