Ensinamentos budistas sobre o sexo
por Randy Rosenthal
(transcrição do blog yoga-ensinamentos, postado por Iaco)
"Certa ocasião, Buddha estava vivendo perto de Sumsumaragiri. Ali, seus seguidores leigos Nakulapita e sua esposa, Nakulamata, lhe perguntaram como poderiam estar juntos em vidas futuras.
Buddha respondeu, “Se marido e mulher querem estar juntos enquanto durar esta vida e também na vida futura, devem ter a mesma fé, a mesma disciplina moral, a mesma generosidade, a mesma sabedoria”.
A tradição budista que pratico – ensinada por S. N. Goenka – é uma tradição de famílias, com muitos professores sendo casados e tendo filhos. Fazemos um voto de celibato enquanto frequentamos um curso de meditação, mas na vida secular somos encorajados a seguir os cinco preceitos, e o terceiro deles é abster-se de má conduta sexual.
Na época de Buddha, má conduta sexual era “ir à esposa de outro homem.” Abster-se de má conduta sexual é um comportamento esperado de todo budista. Para frequentar um curso de vinte dias de duração na tradição Vipássana, a pessoa deve estar numa relação monogâmica por pelo menos um ano ou em celibato por pelo menos um ano (e isso também inclui a masturbação).
A ideia é que, à medida que se desenvolve o desapego, o desejo diminui e o sexo é abandonado, mesmo dentro do casamento. Como a monja Bhadda Kapilani, esposa de Mahakassapa, discípulo de Buddha, escreve: “Antes éramos marido e mulher, mas vendo o perigo no mundo, removemos nossas compulsões e nos tornamos livres”.
Certa vez Magandiya, um pai de família, ofereceu sua bela filha para ser esposa de Buddha. Em resposta, Buddha perguntou, “O que eu iria querer com esta pessoa, cheia de urina e excremento? Eu não iria querer tocá-la nem com meu pé”. Afinal, após seu despertar espiritual, ele tinha visto as filhas de Mara – o descontentamento, o desejo e a paixão – não mais despertarem em si, então por que ele teria algum desejo pela filha de Magandiya?
Logicamente, muitos dos ensinamentos de Buddha são dirigidos especificamente a monges. Então como ficamos nós que não pretendemos nos fazer ordenar monges? Quando Buddha condena a atividade sexual, não está declarando, “Não deveis.” Mas sim declarando que o relacionamento sexual leva ao sofrimento.
A questão deve ser decidida pela disposição pessoal e o grau em que queremos remover o sofrimento de nossas vidas. Como pessoa comum que sou, que não está tentando ser iluminado nesta vida, aceito ter uma certa quantidade de sofrimento que resulta da atividade sexual natural e sem abusos.
Os monges celibatários, por outro lado, têm decidido que querem livrar-se inteiramente do sofrimento. Buddha nos desafia a examinar o que estamos buscando. O que está claro é que permanecer conscientes da natureza impermanente de nossos corpos nos levará cada vez mais próximos da iluminação."