"Se eu falasse a língua dos homens e dos anjos, mas não tivesse amor — não passaria dum metal sonoro e duma campainha a tinir.
Se eu tivesse o dom da profecia, se penetrasse todos os mistérios, se possuísse todos os conhecimentos, se tivesse toda a fé ao ponto de transportar montanhas, mas não tivesse amor — nada seria.
Se eu distribuísse aos pobres todos os meus haveres, se entregasse o meu corpo à fogueira, se praticasse todos os heroísmos e todas as caridades, mas não tivesse amor — de nada me serviria.
O amor é paciente.
O amor é benigno.
O amor não é ciumento.
O amor não é ambicioso.
Não é enfatuado.
Não é interesseiro.
Não guarda rancor.
Não folga com a injustiça.
Mas alegra-se com a verdade.
O amor tudo suporta.
Tudo crê.
Tudo espera.
Tudo sofre.
O amor não acaba jamais.
Terão fim as profecias.
Expirará o dom das línguas.
Perecerá a ciência.
Porque imperfeito é o nosso conhecer.
Imperfeito o nosso profetizar.
Mas, quando vier o que é perfeito, acabará o que é imperfeito.
Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, ajuizava como criança.
Mas, quando me tornei homem, despojei-me daquilo que era da criança.
Agora vejo como que em espelho e enigma — então, porém, verei face a face.
Agora conheço apenas em parte — então, porém, conhecerei totalmente, assim como eu mesmo sou conhecido por Deus.
O conhecimento perfeito vem do amor — porque o amor é a mais alta razão.
Por ora, existem a fé, a esperança, o amor.
Mas nem a fé nem a esperança nos dão conhecimento perfeito.
A fé nos oferece uma imagem indireta da realidade, como o reflexo de um objeto num espelho; conhecimento obscuro, como a solução incerta de um enigma.
A esperança fala-nos em distância, porque é o desejo de algo longínquo, que ainda não se possui.
Quando, porém, a semiluz matutina da fé culminar na pleniluz meridiana da visão direta e imediata, no conhecimento intuitivo de Deus; e quando o desejo longínquo de possuir se transformar na realidade propínqua da posse de Deus — então deixará de existir a fé, porque amanheceu a visão beatifica — então culminará a esperança na posse inefável do Eterno.
E então atingirá o amor o mais alto zênite da sua glória, luz e felicidade.
Porque, pela transformação da fé em visão, e da esperança em posse, o amor se expandirá a horizontes infinitos, descerá a profundidades sem fundo, subirá a altitudes sem limite, adquirirá uma intensidade que ultrapassa toda a compreensão.
Porquanto, nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus preparou àqueles que o amam…
Ama — e tudo está certo!…"
Cf. 1 cor. 13
Reprodução das páginas 111, 112 e 113 do livro "Imperativos da Vida", de Huberto Rohden, UCE LTDA. (1955)
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