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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Simpatias e Oração de Réveillon




A passagem de ano é o marco de um ciclo de 365 dias que se acaba para que comece a contar uma nova jornada de nosso Planeta em torno do Sol. A famosa noite da virada é mais do que uma festa, é um ritual de passagem de uma condição, ano velho, para uma nova jornada, ano novo.

É uma data mágica, com muita energia no ar, na qual deixamos as energias de um ano que se finda, que não nos servem mais e recebemos todo Axé necessário para viver o ciclo que se inicia a meia-noite do dia 31 de dezembro, ou zero hora do dia 1 de janeiro.

A ocasião é perfeita para fazer uma simpatia e oração de ano novo, uma oração de agradecimento por tudo que passou e pelo que virá é uma maneira de se aproximar ainda mais dos sonhos e objetivos. Para qualquer simpatia de ano novo, ou outra qualquer, dar certo, você precisa acreditar e, acima de tudo, orar por proteção e como forma de agradecimento.

É claro que não podemos abrir mão do esforço próprio; para que nossos projetos, sonhos e desejos se realizem, mas não custa nada contar com uma ajudinha extra. Que tal começar a preparar algumas simpatias para fazer na Noite da Virada e atrair boas energias para o Ano Novo? Mesmo quem não acredita nessas coisas, pode experimentar. Afinal pode ser divertido e não custa nada tentar.

Deixe a positividade tomar conta de você, das tuas pessoas queridas e do ambiente, atraindo boas energias principalmente através dos pensamentos. Pensamentos positivos nunca são demais e, de qualquer forma, fazer simpatias e orações para o Ano Novo, pode ser uma atração divertida e diferente para animar a festa de passagem de ano junto à sua família e seus amigos.

Simpatias

Sempre temos esperança no crescimento material para o ano que se inicia, desejando um Ano Novo cheio de Prosperidade. Para isso há sete simpatias muito simples de se fazer. Você pode optar por fazer apenas uma ou se quiser todas, fica ao seu critério, o principal é pensar e agir positivamente. 

Como dito anteriormente, você acreditando ou não, não custa tentar e pode ser bem divertido. Quem acredita faz todo ano e afirma que sim, elas funcionam:

1. Chupe sete sementes de romã na noite de Réveillon e não as jogue fora. Embrulhe em um papel e guarde esse pacotinho na carteira ao longo do ano.

2. Espalhe punhados de arroz cru por todos os cantos da casa, mentalizando o seu desejo de prosperidade para você e toda a sua família. Retire o arroz em 6 de janeiro, Dia de Reis, e jogue-o no jardim.

3. Não deixe faltar um prato com lentilha na ceia. A leguminosa, além de nutritiva, é tradicionalmente tida como um imã de prosperidade. Se você come carne, dê preferencia à carne de porco, que fuça, ou de peixe, que nada sempre em frente.

4. Coloque uma nota de dinheiro no bolso ou na carteira para passar a Virada, tem gente que também gosta de colocar no sapato ou na meia... enfim, dinheiro chama dinheiro diz a sabedoria popular.

5. Use roupa branca e escolha uma peça amarelo-claro para passar a virada de ano. Reza a crendice que usar roupa íntima amarela atrai prosperidade.

6. Tenha sempre cachos de uva em sua ceia. Só não se esqueça que para a simpatia é necessário que ela tenha semente. Coma uma uva fazendo um desejo e guarde as sementes. Os mais supersticiosos comem 12 uvas, uma representando cada mês no ano que está por vir, uma seguida da outra. Fazendo um desejo a cada uva que comer, depois deixar as sementes secarem e guardar na carteira.

7. O principal! Lembre-se da crença de que tudo o que você fizer nessa hora, tende a se repetir durante o ano inteiro.

Oração de Ano Novo

“Meu adorado Deus, te quero oferecer nesta altura em que tempo vira mais uma página da nossa vida, nosso olhar e nossas orações. Queremos ser diante do Pai e do Filho, como Jesus foi perante a Mãe Santíssima e S. José, totalmente dependente. 

Acima de tudo, te queremos agradecer pelas graças recebidas ao longo de todo este ano, pelo perdão, pelo amor e pela comunhão com Deus. Também agradeço por termos forças para enfrentar todos os obstáculos, todas nossas obrigações e deveres.

Hoje, o mundo se prepara para celebrar mais um final de ano e um começo de um novo. Nos ajude a lembrar que foi seu nascimento, Jesus, que originou todos os séculos e que nesse momento o tempo parou de contar para começar um novo começo.

Que este novo ano seja, para mim e para todos aqueles que querem o bem, um momento de felicidade e paz sincera e total, que a união se faça e que todos se unam em torno do bem.

Amém!”

Iemanjá

Mas uma tradição no Brasil que não pode deixar de ser realizada para quem vai passar o Réveillon na praia é a famosa simpatia de pular 7 ondas do mar quando o relógio marca meia-noite. Essa simpatia na véspera do Ano Novo, presente há décadas na vida de muitos brasileiros, está ligada à Umbanda e tem como intuito homenagear Iemanjá. De acordo com a tradição, Iemanjá, através de sua divindade, nos purifica e dá força para vencer os obstáculos que teremos que enfrentar no próximo ano.

Pule as sete ondas depois da Virada e faça um desejo para cada uma. Depois de terminar, saia do mar devagar, andando de costas para a areia, sempre encarando o mar. Só vire as costas para o oceano quando sair completamente da água, para deixar por lá toda a energia negativa.

Preferindo você também pode fazer uma Oferenda para Iemanjá.

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domingo, 24 de dezembro de 2017

7 Frases de São João Paulo II

“Mistério de alegria é o Natal... Da mesma alegria participa a Igreja, repassada, hoje, pela luz do Filho de Deus: as trevas jamais poderão obscurecê-la”  São João Paulo II


João Paulo II ou São João Paulo II; (em latim: Ioannes Paulus PP. II; em italiano: Giovanni Paolo II; em polonês/polaco: Jan Paweł II; em inglês: John Paul II; em espanhol: Juan Pablo II), nascido Karol Józef Wojtyła, (Wadowice, 18 de maio de 1920 — Vaticano, 2 de abril de 2005), foi o papa e chefe da Igreja Católica de 16 de outubro de 1978 até à data de sua morte. 

Teve o terceiro maior pontificado documentado da história, liderando por 26 anos, 5 meses e 17 dias, depois dos papas São Pedro, cujo pontificado durou cerca de 37 anos, e Pio IX, que liderou por 31 anos.

Foi um dos líderes que mais viajaram na história, tendo visitado 129 países durante o seu pontificado. Sabia se expressar em italiano, francês, alemão, inglês, espanhol, português, ucraniano, russo, servo-croata, esperanto, grego clássico e latim, além do polaco, sua língua materna.

Como parte de sua ênfase especial na vocação universal à santidade, beatificou 1340 pessoas e canonizou 483 santos, quantidade maior que todos os seus predecessores juntos pelos cinco séculos passados. Em 2 de abril de 2005, faleceu devido a sua saúde débil e o agravamento da doença de Parkinson. Em 19 de dezembro de 2009, João Paulo II foi proclamado "Venerável" pelo seu sucessor papal, o Papa Bento XVI.

Foi proclamado Beato em 1 de maio de 2011, pelo Papa Bento XVI na Praça de São Pedro no Vaticano. Em 27 de abril de 2014, numa cerimônia inédita presidida pelo Papa Francisco, e com a presença do Papa Emérito Bento XVI, foi declarado Santo juntamente com o Papa João XXIII.

Sua festa litúrgica celebra-se no dia 22 de outubro


“Mistério de alegria é o Natal... Da mesma alegria participa a Igreja, repassada, hoje, pela luz do Filho de Deus: as trevas jamais poderão obscurecê-la”  São João Paulo II


Com este mesmo sentimento, compartilhamos 7 frases de São João Paulo II:


1. “Faz-Se homem entre os homens, para que, n'Ele e por Ele, todo o ser humano possa renovar-se profundamente. Com o seu nascimento, introduziu-nos a todos na dimensão da divindade, concedendo a possibilidade de participar na sua própria vida divina a quem, pela fé, se torna disponível a acolher este dom seu” (Natal de 1998)

2. “Aos pés do Verbo encarnado, coloquemos alegrias e preocupações, lágrimas e esperanças. É que o mistério do ser humano só encontra verdadeira luz em Cristo, o homem novo” (Natal de 1999)

3. “Natal é a festa da vida, porque Vós, Jesus, vindo à luz como cada um de nós, abençoastes a hora do nascimento: uma hora que simbolicamente representa o mistério da existência humana, unindo a aflição à esperança, a dor à alegria” (Natal de 2000)

4. “Cabe a nós enchermo-nos da força do seu amor vitorioso, assumindo a sua lógica de serviço e humildade. Cada um de nós é chamado a vencer, com Ele, ‘o mistério da iniquidade’, tornando-nos testemunhas de solidariedade e construtores de paz” (Natal de 2001)

5. “Ó Natal do Senhor, que inspirastes Santos de todos os tempos! Penso, entre outros, em São Bernardo e nas suas elevações espirituais diante das cenas comovedoras do presépio; penso em São Francisco de Assis, idealizador da primeira animação ‘ao vivo’ do mistério da Noite Santa; penso em Santa Teresa do Menino Jesus, que diante da orgulhosa consciência moderna voltou a propor, com o seu ‘pequeno caminho’, o autêntico espírito do Natal” (Natal de 2002)

6. “O resplendor do teu nascimento ilumine a noite do mundo. O poder da tua mensagem de amor, destrua as orgulhosas insídias do maligno. O dom da tua vida nos faça compreender sempre mais quanto vale a vida de cada ser humano” (Natal de 2003)

7. “Recordai-Vos de nós, eterno Filho de Deus, que tomastes da Virgem Maria a forma humana! A humanidade inteira, atribulada por provas e dificuldades, precisa de Vós. Ficai conosco, Pão vivo descido do Céu para nossa salvação! Ficai conosco para sempre. Amém!” (Natal de 2004)

Com informações de Wikipédia | Igreja Católica | Editora Cléofas

Recomendado para você: livros sobre São João Paulo II

sábado, 23 de dezembro de 2017

Comemorando o Natal com Oxalá



Da mesma forma que é de costume fazer oferendas para Iemanjá durante a virada do ano, já está enraizada na cultura popular brasileira a celebração de Oxalá nas festas de Natal. 

Oxalá tem poder supremo sobre a Terra e todos os assuntos espirituais do universo, estando presente em toda e qualquer ação, pensamento ou trabalho positivo. 

É o Orixá da paz interior e sua vibração age por todo o corpo em especial na parte psíquica. Seus elementos são a atmosfera, o ar, o céu.

“O Natal começou no coração de Deus. Só está completo quando alcançar o coração do homem.”

Na Umbanda, religião nascida no Brasilapenas mudando o nome, Jesus Cristo é Oxalá. Nela comemoramos o Natal com Oxalá, criando assim um ambiente de boas energias, atraindo a vibração de Oxalá para renovar e fortalecer nossas energias. 

As vibrações que recebemos no dia de Oxalá - 25 de Dezembro - nos limpam de energias indesejáveis, que possam ter nos influenciado durante o ano que se finda, e nos preparam para o Ano Novo que se aproxima. 

É hora de renovar nossas energias, espirituais e psíquicas, nos preparando para as conquistas que vamos alcançar no ano que vai nascer.

Preparando sua casa




O recomendado é na véspera do Natal é preparar sua casa para receber a vibração positiva emanada por Oxalá. 

Para harmonizar o ambiente, o ideal é que antes de começarmos a receber as pessoas, para as comemorações natalinas, incensemos o ambiente. Lembre-se de que um dos presentes recebidos por Jesus em seu nascimento foi o incenso. No mais, queimar incenso é uma das formas mais simples e eficazes de purificar a energia de qualquer local. 

Use aromas agradáveis, leves e suaves, nada com cheiro muito forte que pode até provocar enjoo, crises de espirro ou até dor de cabeça em algumas pessoas. O elemento de Oxalá é o ar, por isso sua vibração flui melhor em lugares com aromas leves; sutis, nada em excesso, para que haja harmonia com a natureza.

A quantidade não importa, o importante é utilizar os elementos certos, sem exagero, e preparar tudo com amor e carinho.

Aromas




Incenso de rosas brancas, benjoim, sândalo branco, mirra, alecrim, alfazema e guiné são alguns dos mais recomendados. eles são compostos por materiais aromáticos, bióticos, que harmonizam perfeitamente com a ocasião; com a vibração de Oxalá. 

O "incenso" refere-se à substância em si, mais do que o cheiro que ela produz. Ele é usado em cerimônias religiosas, rituais de purificação, aromaterapias , meditação, para a criação de um estado de espírito, e para mascarar algum mau odor. O uso do incenso se originou no Antigo Egito, onde as resinas de goma e resinas oleosas de árvores aromáticas foram importadas das costas da Arábia e Somália para serem usadas em cerimônias religiosas.

Os incensos ajudam a purificar o ambiente, trazendo uma sensação de leveza e paz interior. Veja aqui dicas de incensos e suas propriedades esotéricas.

Outra sugestão, se você puder dispor de um turíbulo ou defumador, é usar alecrim seco para fazer uma defumação em todos os cômodos de sua casa. Além do alecrim: benjoim, arruda, alfazema e guiné também são uma boa pedida. Defume os quatro cantos e o centro de cada ambiente, sempre vindo da parede de trás em direção a porta. 

Comece pelos cômodos do fundo da casa ou apartamento e caminhando para a entrada, onde deve aguardar esfriar e apagar por completo o braseiro e depois despachar no lixo. Se prefere mesmo usar o incenso proceda da mesma forma. Incensar e defumar é a mesma coisa.

Que tal tomar um banho de descarrego?




Você também pode tomar um banho de descarrego de Oxalá. Para fazer o banho use, sempre em número ímpar, qualquer uma das seguintes evas: 

Rosa branca, Guiné, Poejo, Camomila, Chapéu de Couro, Erva de Bicho, Cravo, Coentro, Gerânio Branco, Arruda, Erva Cidreira, Erva de S. João, Alecrim do Mato, Hortelã, Alevante, Boldo (Erva de Oxalá), Folhas de Girassol, Folhas de Bambu, Flores Brancas em geral. 

Uma dica boa, para escolher quais ervas usar em seu banho, é usar dentre as ervas citadas primeiro as que você tiver mais fácil acesso e depois as quais você mais sentir afinidade. Use as ervas sempre em número ímpar (1,3,5,7,9...). Use sempre sua intuição, não tenha dúvidas de que ela é um eficiente canal de comunicação com o mundo espiritual.

No preparo podemos optar por fazer uma infusão, se forem ervas secas, ou macera-las em água se as ervas forem verdes, vai da escolha de cada um. Use sempre água bem limpa, de rio lajeado, fonte natural, mineral, filtrada, da torneira, tanto faz desde que seja cristalina e inodora. Depois de preparar o banho de descarrego, coe, coloque em uma vasilha e reserve. 

Após o banho de asseio, seque o corpo normalmente, em seguida derrame gentilmente o banho de descarrego na parte frontal de seu corpo, do pescoço para baixo e depois deixe secar naturalmente, se quiser pode inclusive já se vestir logo em seguida, mesmo com o corpo molhado pelo banho de descarga.

Amalá, a oferenda para Oxalá




As oferendas para agradar aos Orixás são muito populares no Brasil, e na época do Natal é o momento certo de fazer aquele agrado especial para Oxalá. Na Umbanda essa oferenda é conhecida por Amalá, que é uma entrega de elementos para que o Orixá possa trabalhar em nosso auxílio. Normalmente é ofertada comida, bebida, vela e demais elementos para o Orixá. 

É importante você ter certeza de que está entregando, através no Amalá, os elementos correspondentes ao Orixá. Os elementos entregues criam um campo de força que gera a energia necessária para que os espíritos trabalhem, nos planos espirituais, psíquicos e materiais, em benefício do pedido.

Lembre-se, a quantidade não importa. O importante é entregar os elementos certos e preparar tudo com amor e carinho. Quando acendemos uma vela ao Orixá, nós criamos um campo de força, entrando em sintonia com a energia cósmica do Orixá e espíritos benfazejos que o servem.

Os elementos do Amalá são: 14 velas brancas, água mineral, canjica branca dentro de alguidar de louça branca e flores brancas. O local da entrega, para você deitar seu Amalá, deve ser um lugar bonito e cheio de paz, como uma colina descampada, ou junto de uma entrega para Iemanjá, na praia. 

Para sua segurança, sempre que for fazer uma entrega leve alguém conhecido, para ficar de olho ao redor enquanto você se concentra na sua oferenda. Assim você pode se concentrar melhor e deitar o Amalá com tranquilidade. 

Outra coisa, o Santo recebe a entrega, as velas queimam, as bebidas evaporam, as flores se reintegram à natureza... Não deixe lixo no local em que fizer sua entrega! Quando for escolher os elementos que vai usar use sempre materiais biodegradáveis.

Recebendo Oxalá com velas, flores e uma casa perfumada




Distribua velas brancas na decoração da mesa, para iluminar a ceia e dar um toque mágico ao seu Natal. Use sua criatividade e bole arranjos misturando flores, folhas de pinheiro, galhos, etc. Deixe tudo perfeito para que sua noite de Natal seja de muita Luz. Se desejar usar outras cores de velas veja as dicas aqui.

Sempre é bom colocar um copo ou taça com água ao lado da vela,  como quando acendemos uma vela para nosso Anjo-da-Guarda.  Nunca deixe cigarros ou bebidas alcólicas próximos as velas que você acende dentro da sua casa, assim você evita atrair energias indesejáveis. 

Para manter perfumada sua recepção de Natal, deixando o ambiente leve, receptivo, cheiroso, a dica é utilize aromatizadores. Para a ocasião são recomendadas essências como: aloés, almíscar, lírio, rosa, alecrim ou jasmim, ou ainda novamente os incensos, especialmente nos banheiros. Só não exagere, para não deixar o ambiente com odor muito carregado... Veja aqui quais são os Óleos Essenciais mais populares e suas propriedades místicas.

As flores brancas são perfeitas para a decoração de Natal, pois, além de serem as preferidas de Oxalá, purificam a energia do ambiente, ao tempo que atraem energias espirituais positivas e afastam energias negativas, trazendo ainda mais leveza à sua festa. 

Estando tudo pronto, recite uma oração ao divino pai Oxalá, convidando-o à sua ceia, para que adentre ao seu lar. Peça por proteção e paz em seu Natal, rogue por bençãos sem fim para você,  para sua família e seus entes queridos. Também existe uma tradição, adotada por muitas famílias, e que é do agrado de Oxalá, o de preparar um bolo, para cantar parabéns para Jesus Cristo antes da Ceia de Natal. Axé!

Oração de Natal com Oxalá


"Peço Vossa presença neste Natal! Oxalá abençoa minha casa com equilíbrio e paz. Que todos que visitarem minha casa sintam Sua presença calma e serena. Ilumina este ambiente para que todos que aqui venham sintam-se em harmonia com o Criador. Que assim seja!"

Axé Baba! Êpa Babá! Oxalá Babá!

-o-o-o-



quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Quebra de Maldição Familiar ✝ Para cortar os laços do passado


Antes de fazer a "Oração para Quebra de Maldição Familiar" você precisa perdoar verdadeiramente, em sua mente e em seu coração, quem lançou a maldição, conhecendo ou não a origem. O perdão quebra qualquer energia negativa. Maldição é toda e qualquer palavra que é mal dita, mal empregada, lançada contra nós ou contra qualquer pessoa.

Quando você percebe que além de sí próprio, sua família também vem passando pelos mesmos tormentos, dificuldades e/ou influências malignas, é bom procurar orientação de seu sacerdote religioso e explicar o que está ocorrendo com você e seus familiares. A orientação e acompanhamento espirituais são fundamentais para vencer este tipo de demanda. 

Também é bom lembrar que as orações feitas em grupo, ou em corrente, são amplificadas. Então quanto mais membros da família a rezarem mais eficiente será. Faça todos os dias, ou sempre que se lembrar, a Oração de Quebra de Maldição e peça a Deus para proteger a você e a sua família, em nome de Jesus.

Oração

✝ Em nome do pai do Filho e do Espírito Santo:

Anjo do mal, levantamos nosso escudo da fé contra ti e te resistimos com a espada do Espírito Santo, a palavra de Deus, que proclama o teu julgamento como falso deus, acusador e afligidor dos filhos do Altíssimo.

Anunciamos que estão destruídas as tuas obras em nossas vidas e na vida de nossos familiares, companheiros de equipe e servos dos ministérios...

Pelo poder do sangue de Jesus Cristo ( ✝ fazer o sinal da cruz), em nome do pai do Filho e do Espírito Santo, rejeitamos e quebramos todas as pragas malignas, maldições, encantamentos, rituais, poderes psíquicos, obras de feitiçaria enviadas para derrotar ou destruir nossas vidas e ministérios.

Resistimos a todos os poderes demoníacos enviados contra nós por quem quer que seja. Ordenamos a todos os poderes do mal que voltem imediatamente para o lugar de onde vieram. 

No nome de Jesus, abençoamos os que nos amaldiçoaram. Enviamos o Espírito Santo a eles, para que os convença de seus pecados e os leve para Sua Luz e os envolva na misericórdia do Deus Vivo.

Assim seja, em nome do Senhor nosso Deus, Jesus Cristo, ✝ em nome do pai do Filho e do Espírito Santo, Amém.

Para cortar os laços do passado

(Repetir 3 vezes)
Em nome de minha família, eu (falar seu nome completo), rejeito toda influência má que me foi transferida por minha família. Eu quebro todos os pactos, alianças de sangue, todos os acordos com o demônio, em nome de Jesus Cristo, ✝ em nome do pai do Filho e do Espírito Santo, Amém.

(Repetir 3 vezes)
Eu coloco o Sangue de Jesus e a Cruz de Jesus entre cada geração minha. E em nome de Jesus, ✝ em nome do pai do Filho e do Espírito Santo, Amém. Eu amarro todos os espíritos de hereditariedade má de nossas gerações e ordeno que saiam em nome de Jesus Cristo, ✝ em nome do pai do Filho e do Espírito Santo, Amém.

Pai, em nome de minha família, eu vos peço perdão por todos os pecados do espírito, por todos os pecados da mente, e por todos os pecados do corpo. Eu peço perdão para todos os meus ancestrais. Eu peço o vosso perdão, por todos aqueles que eles magoaram de alguma forma, e aceito o perdão em nome de meus ancestrais, daqueles que os magoaram. 

Pai Celestial, pelo Sangue de Jesus, hoje peço que leveis todos os meus parentes mortos , à luz do céu. Eu agradeço, Pai celestial, por todos os meus parentes e ancestrais que vos amaram e vos adoraram, e transmitiram a fé aos seus descendentes.

Obrigado Pai! Obrigado Jesus! Obrigado Espírito Santo! Amém.


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domingo, 17 de dezembro de 2017

Orações ao Anjo da Guarda e aos Arcanjos Guardiães

AO ANJO DA GUARDA

Lembre-se, meu anjo da guarda, que, tendo o Senhor lhe confiado minha pessoa, você é meu protetor e amigo. 

Por isso, cheio de confiança em sua bondade que jamais solicitei em vão, recorro, meu bom amigo e irmão, apesar de haver muitas vezes desconhecido seus ternos cuidados, imploro seu poderoso auxílio; não me recuse o meu pedido santo amigo, ouça meus rogos e propício conceda-me esta graça.  Amém.

Oração diária para evocação do Anjo-da-Guarda


"Angele Dei, qui custos es mei, me, tibi commissum pietate superna, hodie illúmina, custódi, rege et gubérna. Amen."

Santo Anjo do Senhor,
meu zeloso guardador,
se a ti me confiou a piedade Divina,
sempre me rege, 
me guarda, me governa, 
me guia e me ilumina.
Amém!

Dia festivo dos santos Anjos da Guarda: 2 de Outubro

Anjo Santo, meu conselheiro, inspirai-me;
Anjo Santo, meu defensor, protegei-me;
Anjo Santo, meu fiel amigo, pedi por mim;
Anjo Santo, meu consolador, fortificai-me;
Anjo Santo, meu irmão, defendei-me;
Anjo Santo, meu mestre, ensinai-me;
Anjo Santo, testemunha de todas as minhas acções, purificai-me;
Anjo Santo, meu auxiliar, amparai-me;
Anjo Santo, meu intercessor, falai por mim;
Anjo Santo, meu guia, dirigi-me;
Anjo Santo, meu luz, ilumina-me;
Anjo Santo, a quem Deus encarregou de me conduzir, governai-me. Assim seja!
 
A SÃO MIGUEL ARCANJO

Glorioso príncipe do céu, protetor das almas, 
eu vos chamo e invoco para que me livreis de toda adversidade e todo pecado, fazendo-me progredir no serviço de Deus e conseguindo-me dele a graça da perseverança final, que me faça gozá-lo eternamente. Amém! São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, cobri-nos com o vosso escudo contra os embustes e ciladas do maligno. Subjugue-o Deus, instantemente, o pedimos. E vós, príncipe da milícia celeste, libertai-nos dele e das outras maldades que andam pelo mundo. Assim seja!

A SÃO RAFAEL ARCANJO

São Rafael, cujo nome significa médico de Deus, 
vós que fostes encarregado de acompanhar o jovem Tobias em sua viagem e que, ao voltar, curastes a cegueira do pai de Tobias, fazendo que se realizassem seus desejos e aspirações, nós vos imploramos e pedimos vossa assistência.

Sede nosso protetor, perante Deus, pois vós sois o caridoso médico que Ele envia aos seus fiéis. 

São Rafael Arcanjo, curai-me ... das minhas doenças. Restituí-me a saúde, pois não deixarei de vos render graças. Assim seja!

A SÃO GABRIEL ARCANJO


Anjo da encarnação, fiel mensageiro de Deus, 
abri nossos ouvidos, até para as mais leves admoestações e toques da graça do coração de nosso Senhor. Permanecei sempre conosco, nós vo-lo suplicamos, para que compreendamos devidamente a Palavra de Deus, sigamos suas inspirações e docilmente, cumpramos aquilo que Deus quer de nós. Fazei que sejamos sempre prontos e vigilantes, para que o Senhor, quando chegar, não nos encontre dormindo.

Oremos:

Saudou Nossa Senhora com as palavras: “Ave-Maria cheia de graça, o Senhor é convosco...”

Ó poderoso Arcanjo São Gabriel, a vossa aparição à virgem de Nazaré, trouxe a luz ao mundo que estava mergulhado nas trevas. Assim falaste à Santíssima Virgem: “Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco... o Filho que de ti nascer será chamado Filho do Altíssimo”.

São Gabriel intercedei por nós junto a Virgem Santíssima, Mãe de Jesus, o Salvador. Afastai do mundo as trevas da descrença e da idolatria. Fazei brilhar a luz da fé em todos os corações. Ajudai a juventude a imitar Nossa Senhora nas virtudes da pureza e da humildade. Dai força a todos os homens contra os vícios e o pecado.

São Gabriel! Que a luz da vossa mensagem anunciadora à Redenção do gênero humano, ilumine o meu caminho e oriente toda a humanidade rumo ao céu. Amém.

São Gabriel, rogai por nós.

Como acender uma vela, para cultuar seu Anjo-da-Guarda


✨ Para manter seu Anjo de Guarda próximo, tendo um contato maior com a Essência Divina, podes acender uma vela branca ao lado de um copo d'agua, de preferência mineral, primeiro rezando um Pai-Nosso e depois oferecendo a vela ao seu Anjo da Guarda, com as preces acima ✨ 

⟺ ⇳⟺

ATENÇÃO! Sempre que for acender uma vela em casa, esteja sempre por perto e não saia de casa sem antes apagar ela caso a mesma ainda esteja acessa, pois muitas pessoas acabam acendendo as suas velas e saem, as vezes elas não tem ideia do risco que seus lares podem acabar correndo em caso de algum acidente ou queda da mesma sobre algo de fácil combustão. Mantenha longe do alcance das crianças. Sempre utilize na base dela algo sólido e que não queime, como por exemplo pratos, canecas de louça, tampas de ferro/metal, nunca utilize como suporte para a sua vela materiais como madeira, plástico ou qualquer outro produto que entre em combustão. Nunca acenda sua vela próximo a cortinas ou janelas, uma vez que pode acontecer um corrente de vento e a cortina ser lançada sobre a chama da vela, e com isso causar um incêndio, queimando a cortina ou até mesmo derrubando a vela acessa sobre sofás, carpetes ou balcões.



sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Prece Espírita para afastar os maus Espíritos

Prece para afastar os maus Espíritos
O Evangelho Segundo o Espiritismo,  Allan Kardec
(cap.XXVIII - Preces por aquele mesmo que ora)



"15. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que limpais por fora o copo e o prato e estais, por dentro, cheios de rapinas e impurezas. - Fariseus cegos, limpai primeiramente o interior do copo e do prato, a fim de que também o exterior fique limpo. - Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que vos assemelhais a sepulcros branqueados, que por fora parecem belos aos olhos dos homens, mas que, por dentro, estão cheios de toda espécie de podridões. - Assim, pelo exterior, pareceis justos aos olhos dos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidades. (S. MATEUS, cap. XXIII, vv. 25 a 28.)


16. PREFÁCIO - Os maus Espíritos somente procuram os lugares onde encontrem possibilidades de dar expansão à sua perversidade. Para os afastar, não basta pedir-lhes, nem mesmo ordenar-lhes que se vão; é preciso que o homem elimine de si o que os atrai. Os Espíritos maus farejam as chagas da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo. Assim como se limpa o corpo, para evitar a bicheira, também se deve limpar de suas impurezas a alma, para evitar os maus Espíritos. Vivendo num mundo onde estes pululam, nem sempre as boas qualidades do coração nos põem a salvo de suas tentativas; dão, entretanto, forças para que lhes resistamos.


17. PRECE - Em nome de Deus Todo-Poderoso, afastem-se de mim os maus Espíritos, servindo-me os bons de antemural contra eles. 

Espíritos malfazejos, que inspirais maus pensamentos aos homens; Espíritos velhacos e mentirosos, que os enganais; Espíritos zombeteiros, que vos divertis com a credulidade deles, eu vos repilo com todas as forças de minha alma e fecho os ouvidos às vossas sugestões; mas, imploro para vós a misericórdia de Deus. 

Bons Espíritos que vos dignais de assistir-me, dai-me a força de resistir à influência dos Espíritos maus e as luzes de que necessito para não ser vítima de suas tramas. Preservai-me do orgulho e da presunção; isentai o meu coração do ciúme, do ódio, da malevolência, de todo sentimento contrário à caridade, que são outras tantas portas abertas ao Espírito do mal."




quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Exú: O Orixá e seu sincretismo com o Diabo

Anciã africana mostra alguidar com imagem original do orixá Exu


Os primeiros europeus que tiveram contato na África com o culto do Orixá Exú dos iorubás, venerado pelos fons como o vodum Legba ou Elegbara, atribuíram a essa divindade uma dupla identidade: a do deus fálico greco-romano Príapo e a do Diabo dos judeus e cristãos. 

A primeira por causa dos altares, representações materiais e símbolos fálicos do Orixá; a segunda em razão de suas atribuições específicas no panteão dos Orixás e voduns e suas qualificações morais narradas pela mitologia, que o mostra como um Orixá que contraria as regras mais gerais de conduta aceitas socialmente. Atribuições e caráter que os recém-chegados cristãos não podiam conceber, enxergar sem o viés etnocêntrico e muito menos aceitar. 
Nas palavras de Pierre Verger, Exú “tem um caráter suscetível, violento, irascível, astucioso, grosseiro, vaidoso, indecente”, de modo que “os primeiros missionários, espantados com tal conjunto, assimilaram-no ao Diabo e fizeram dele o símbolo de tudo o que é maldade, perversidade, abjeção e ódio, em oposição à bondade, pureza, elevação e amor de Deus”.
Assim, os escritos de viajantes, missionários e outros observadores que estiveram em território fom ou Iorubá entre os séculos XVIII e XIX, todos eles de cultura cristã, quando não cristãos de profissão, descreveram Exú sempre ressaltando aqueles aspectos que o mostravam, aos olhos ocidentais, como entidade destacadamente sexualizada e demoníaca. 

Um dos primeiros escritos que se referem a Legba, senão o primeiro, é devido a Pommegorge, do qual se publicou em 1789 um relato de viagem informando que “a um quarto de légua do forte os daomeanos há um deus Príapo, feito grosseiramente de terra, com seu principal atributo (o falo), que é enorme e exagerado em relação à proporção do resto do corpo”. De 1847 temos o testemunho de John Duncan, que escreveu: “As partes baixas (a genitália) da estátua são grandes, desproporcionadas e expostas da maneira mais nojenta”.

É de 1857 a descrição do pastor Thomas Bowen, em que é enfatizado o outro aspecto atribuído pelos ocidentais a Exú: “Na língua iorubá o Diabo é denominado Exú, aquele que foi enviado outra vez, nome que vem de su, jogar fora, e Elegbara, o poderoso, nome devido ao seu grande poder sobre as pessoas”. 

Trinta anos depois, o abade Pierre Bouche foi bastante explícito: “Os negros reconhecem em Satã o poder da possessão, pois o denominam comumente Elegbara, isto é, aquele que se apodera de nós”. E há muitos outros relatos antigos já citados por Verger, nenhum menos desfavorável ao Deus Mensageiro que esses.

Em 1884, publicou-se na França o livro Fétichisme e Féticheurs, de autoria de R. P. Baudin, padre católico da Sociedade das Missões Africanas de Lyon e missionário na Costa dos Escravos. Foi esse o primeiro livro a tratar sistematicamente da religião dos iorubás. 

O relato do padre Baudin é rico em pormenores e precioso em informações sobre o panteão dos Orixás e aspectos básicos do culto, tanto que o livro permanece como fonte pioneira da qual os pesquisadores contemporâneos não podem se furtar. Mas suas interpretações do papel de Exú no sistema religioso dos povos iorubás, a partir das observações feitas numa perspectiva cristã do século XIX, são devastadoras, e amplamente reveladoras de imagens que até hoje povoam o imaginário popular no Brasil, para não dizer do próprio povo-de-santo que cultua Exú, pelo menos em sua grande parte.

Assim é retratado Exú por padre Baudin:


“O chefe de todos os gênios maléficos, o pior deles e o mais temido, é Exú, palavra que significa o rejeitado; também chamado Elegbá ou Elegbara, o forte, ou ainda Ogongo Ogó, o gênio do bastão nodoso. 

Para se prevenir de sua maldade, os negros colocam em suas casas o ídolo de Olarozê, gênio protetor do lar, que, armado de um bastão ou sabre, lhe protege a entrada. Mas, a fim de se pôr a salvo das crueldades de Elegbá, quando é preciso sair de casa para trabalhar, não se pode jamais esquecer de dar a ele parte de todos os sacrifícios. 

Quando um negro quer se vingar de um inimigo, ele faz uma copiosa oferta a Elegbá e o presenteia com uma forte ração de aguardente ou de vinho de palma. Elegbá fica então furioso e, se o inimigo não estiver bem munido de talismãs, correrá grande perigo. É este gênio malvado que, por si mesmo ou por meio de seus companheiros espíritos, empurra o homem para o mal e, sobretudo, o excita para as paixões vergonhosas. 

Muitas vezes, vi negros que, punidos por roubo ou outras faltas, se desculpavam dizendo: ‘Eshu l’o ti mi’, isto é, ‘Foi Exú’ que me impeliu’. A imagem hedionda desse gênio malfazejo é colocada na frente de todas as casas, em todas as praças e em todos os caminhos. Elegbá é representado sentado, as mãos sobre os joelhos, em completa nudez, sob uma cobertura de folhas de palmeira. O ídolo é de terra, de forma humana, com uma cabeça enorme. Penas de aves representam seus cabelos; dois búzios formam os olhos, outros, os dentes, o que lhe dá uma aparência horrível. 

Nas grandes circunstâncias, ele é inundado de azeite de dendê e sangue de galinha, o que lhe dá uma aparência mais pavorosa ainda e mais nojenta. Para completar com dignidade a decoração do ignóbil símbolo do Príapo africano, colocam-se junto dele cabos de enxada usados ou grossos porretes nodosos. Os abutres, seus mensageiros, felizmente vêm comer as galinhas, e os cães, as outras vítimas a ele imoladas, sem os quais o ar ficaria infecto. 

O templo principal fica em Woro, perto de Badagry, no meio de um formoso bosque encantado, sob palmeiras e árvores de grande beleza. Perto da laguna em que se realiza uma grande feira, o chão é juncado de búzios que os negros atiram como oferta a Elegbá, para que ele os deixe em paz. Uma vez por ano, o feiticeiro de Elegbá junta os búzios para comprar um escravo que lhe é sacrificado, e aguardente para animar as danças, ficando o resto para o feiticeiro. O caso seguinte demonstra a inclinação de Elegbá para fazer o mal.

O texto termina assim, sem entrar em pormenores que certamente eram impróprios à formação pudica do missionário, há a vaga referência a Príapo, o deus fálico greco-romano, guardião dos jardins e pomares, que no sul da Itália imperial veio a ser identificado com o deus Lar dos romanos, guardião das casas e também das praças, ruas e encruzilhadas, protetor da família e patrono da sexualidade".


Não há referências textuais sobre o caráter diabólico atribuído pelo missionário a Exú, que a descrição prenuncia, mas há um dado muito interessante na gravura que ilustra a descrição e que revela a direção da interpretação de Baudin. 

Na ilustração aparece um homem sacrificando uma ave a Exú, representado por uma estatueta protegida por uma casinhola situada junto à porta de entrada da casa. (veja na imagem acima)

A legenda da figura diz: “Elegbá, o malvado espírito ou o Demônio”. Príapo e Demônio, as duas qualidades de Exú para os cristãos. Já está lá, nesse texto católico de 1884, o binômio pecaminoso impingido a Exú no seu confronto com o Ocidente: sexo e pecado, luxúria e danação, fornicação e maldade.

Nunca mais Exú se livraria da imputação dessa dupla pecha, condenado a ser o Orixá mais incompreendido e caluniado do panteão afro-brasileiro, como bem lembrou Juana Elbein dos Santos, praticamente a primeira pesquisadora no Brasil a se interessar pela recuperação dos atributos originais africanos de Exú (encontre aqui os livros dela), atributos que foram no Brasil amplamente encobertos pelas características que lhe foram impostas pelas reinterpretações católicas na formação do modelo sincrético que gabaritou a religião dos Orixás no Brasil.

Para os antigos iorubás, os homens habitam a Terra, o Aiê, e os deuses Orixás, o Orum. Mas muitos laços e obrigações ligam os dois mundos. Os homens alimentam continuamente os Orixás, dividindo com eles sua comida e bebida, os vestem, adornam e cuidam de sua diversão. Os Orixás são parte da família, são os remotos fundadores das linhagens cujas origens se perdem no passado mítico. Em troca dessas oferendas, os Orixás protegem, ajudam e dão identidade aos seus descendentes humanos.

Também os mortos ilustres merecem tal cuidado, e sua lembrança os mantêm vivos no presente da coletividade, até que um dia possam renascer como um novo membro de sua mesma família. É essa a simples razão do sacrifício: alimentar a família toda, inclusive os mais ilustres e mais distantes ancestrais, alimentar os pais e mães que estão na origem de tudo, os deuses, numa reafirmação permanente de que nada se acaba e que nos laços comunitários estão amarrados, sem solução de continuidade, o presente da vida cotidiana e o passado relatado nos mitos, do qual o presente é reiteração.

As oferendas dos homens aos Orixás devem ser transportadas até o mundo dos deuses. Exú tem este encargo, de transportador. Também é preciso saber se os Orixás estão satisfeitos com a atenção a eles dispensada pelos seus descendentes, os seres humanos. Exú propicia essa comunicação, traz suas mensagens, é o Mensageiro. 

É fundamental para a sobrevivência dos mortais receber as determinações e os conselhos que os Orixás enviam do Aiê. Exú é o portador das orientações e ordens, é o porta-voz dos deuses e entre os deuses. Exú faz a ponte entre este mundo e mundo dos Orixás, especialmente nas consultas oraculares. Como os Orixás interferem em tudo o que ocorre neste mundo, incluindo o cotidiano dos viventes e os fenômenos da própria natureza, nada acontece sem o trabalho de intermediário do mensageiro e transportador Exú. 

Nada se faz sem ele, nenhuma mudança, nem mesmo uma repetição. Sua presença está consignada até mesmo no primeiro ato da Criação: sem Exú, nada é possível. O poder de Exú, portanto, é incomensurável".

Exú deve então receber os sacrifícios votivos, deve ser propiciado, sempre que algum Orixá recebe oferenda, pois o sacrifício é o único mecanismo, no Candomblé, através do qual os humanos se dirigem aos Orixás, e o sacrifício significa a reafirmação dos laços de lealdade, solidariedade e retribuição entre os habitantes do Aiê e os habitantes do Orum. 

Sempre que um Orixá é interpelado, Exú também o é, pois a interpelação de todos se faz através dele. É preciso que ele receba oferenda, sem a qual a comunicação não se realiza. Por isso é costume dizer que Exú não trabalha sem pagamento, o que acabou por imputar-lhe, quando o ideal cristão do trabalho desinteressado da caridade se interpôs entre os santos católicos e os Orixás, a imagem de mercenário, interesseiro e venal.

Como mensageiro dos deuses, Exú tudo sabe, não há segredos para ele, tudo ele ouve e tudo ele transmite. E pode quase tudo, pois conhece todas as receitas, todas as fórmulas, todas as magias. Exú trabalha para todos, não faz distinção entre aqueles a quem deve prestar serviço por imposição de seu cargo, o que inclui todas as divindades, mais os antepassados e os humanos. 

Exú não pode ter preferência por este ou aquele. Mas talvez o que o distingue de todos os outros deuses é seu caráter de transformador: Exú é aquele que tem o poder de quebrar a tradição, pôr as regras em questão, romper a norma e promover a mudança. Não é pois de se estranhar que seja considerado perigoso e temido, posto que se trata daquele que é o próprio princípio do movimento, que tudo transforma, que não respeita limites e, assim, tudo o que contraria as normas sociais que regulam o cotidiano passa a ser atributo seu".

Exú carrega qualificações morais e intelectuais próprias do responsável pela manutenção e funcionamento do status quo, inclusive representando o princípio da continuidade garantida pela sexualidade e reprodução humana, mas ao mesmo tempo ele é o inovador que fere as tradições, um ente portanto nada confiável, que se imagina, por conseguinte, ser dotado de caráter instável, duvidoso, interesseiro, turbulento e arrivista.

Para um iorubá ou outro africano tradicional, nada é mais importante do que ter uma prole numerosa e para garanti-la é preciso ter muitas esposas e uma vida sexual regular e profícua. É preciso gerar muitos filhos, de modo que, nessas culturas antigas, o sexo tem um sentido social que envolve a própria idéia de garantia da sobrevivência coletiva e perpetuação das linhagens, clãs e cidades. 

Exú é o patrono da cópula, que gera filhos e garante a continuidade do povo e a eternidade do homem. Nenhum homem ou mulher pode se sentir realizado e feliz sem uma numerosa prole, e a atividade sEXUal é decisiva para isso. É da relação íntima com a reprodução e a sEXUalidade, tão explicitadas pelos símbolos fálicos que o representam, que decorre a construção mítica do gênio libidinoso, lascivo, carnal e desregrado de Exú-Elegbara.

Isso tudo contribuiu enormemente para modelar sua imagem estereotipada de Orixá difícil e perigoso que os cristãos reconheceram como demoníaca. Quando a religião dos Orixás, originalmente politeísta, veio a ser praticada no Brasil do século XIX por negros que eram ao mesmo tempo católicos, todo o sistema cristão de pensar o mundo em termos do bem e do mal deu um novo formato à religião africana, no qual um novo papel esperava por Exú.

O sincretismo não é, como se pensa, uma simples tábua de correspondência entre Orixás e santos católicos, assim como não representava o simples disfarce católico que os negros davam ao seus Orixás para poder cultuá-los livres da intransigência do senhor branco, como de modo simplista se ensina nas escolas até hoje.

O sincretismo representa a captura da religião dos Orixás dentro de um modelo que pressupõe, antes de mais nada, a existência de dois pólos antagônicos que presidem todas as ações humanas: o bem e o mal; de um lado a virtude, do outro o pecado. Essa concepção, que é judaico-cristã, não existia na África. 

As relações entre os seres humanos e os deuses, como ocorre em outras antigas religiões politeístas, eram orientadas pelos preceitos sacrificiais e pelo tabu, e cada Orixá tinha suas normas prescritivas e restritivas próprias aplicáveis aos seus devotos particulares, como ainda se observa no Candomblé, não havendo um código de comportamento e valores único aplicável a toda a sociedade indistintamente, como no cristianismo, uma lei única que é a chave para o estabelecimento universal de um sistema que tudo classifica como sendo do bem ou do mal, em categorias mutuamente exclusivas.


No catolicismo, o sacrifício foi substituído pela oração e o tabu, pelo pecado, regrado por um código de ética universalizado que opera o tempo todo com as noções de bem e mal como dois campos em luta: o de Deus, que os católicos louvam nas três pessoas do Pai, Filho e Espírito Santo, que é o lado do bem, e o do mal, que é o lado do Diabo em suas múltiplas manifestações. Abaixo de Deus estão os anjos e os santos, santos que são humanos mortos que em vida abraçaram as virtudes católicas, às vezes por elas morrendo.

Na imagem a representação do principais Orixás, em procissão, segurando um pano branco sobre Oxalá (reprodução/internet)


O lado do bem, digamos, foi assim preenchido pelos Orixás, exceto Exú, ganhando Oxalá, o Orixá criador da humanidade, o papel de Jesus Cristo, o Deus Filho, mantendo-se Oxalá no topo da hierarquia, posição que já ocupava na África, donde seu nome Orixalá ou Orixá Nlá, que significa o Grande Orixá. O remoto e inatingível Deus supremo Olorum dos iorubás ajustou-se à concepção do Deus Pai judaico-cristão, enquanto os demais Orixás ganharam a identidade de santos.

Mas ao vestirem a camisa de força de um modelo que pressupõe as virtudes católicas, os Orixás sintetizados perderam muito de seus atributos originais, especialmente aqueles que, como no caso da sexualidade entendida como fonte de pecado, podem ferir o campo do bem, como explicou Monique Augras, ao mostrar que muitas características africanas das Grandes Mães, inclusive Iemanjá e Oxum, foram atenuadas ou apagadas no culto brasileiro dessas deusas e passaram a compor a imagem pecaminosa de Pombagira, o Exú feminizado do Brasil, no outro pólo do modelo, em que Exú reina como o senhor do mal.

Foi sem dúvida o processo de cristianização de Oxalá e outros Orixás que empurrou Exú para o domínio do inferno católico, como um contraponto requerido pelo molde sincrético. Pois, ao se ajustar a religião dos Orixás ao modelo da religião cristã, faltava evidentemente preencher o lado satânico do esquema Deus-Diabo, bem-mal, salvação-perdição, céu-inferno, e quem melhor que Exú para o papel do demônio? 

Sua fama já não era das melhores e mesmo entre os seguidores dos Orixás sua natureza, que não se ajusta aos modelos comuns de conduta, e seu caráter não acomodado, autônomo e embusteiro já faziam dele um ser contraventor, desviante e marginal, como o Diabo. 

A propósito do culto de Exú na Bahia do final do século XIX, o médico Raimundo Nina Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina da Bahia e pioneiro dos estudos afro-brasileiros, escreveu em 1900 as seguintes palavras:

"Exú, Bará ou Elegbará é um santo ou Orixá que os afro-baianos têm grande tendência a confundir com o Diabo. Tenho ouvido mesmo de negros africanos que todos os santos podem se servir de Exú para mandar tentar ou perseguir a uma pessoa. Em uma pelo motivo mais fútil, não é raro entre nós ouvir-se gritar pelos mais prudentes: Fulano olha Exú! Precisamente como diriam velhas beatas: Olha a tentação do demônio! No entanto, sou levado a crer que esta identificação é apenas o produto de uma influência do ensino católico".

Transfigurado no Diabo, Exú teve que passar por algumas mudanças para se adequar ao contexto cultural brasileiro hegemonicamente católico. Assim, num meio em que as conotações de ordem sexual eram fortemente reprimidas, o lado priápico de Exú foi muito dissimulado e em grande parte esquecido. 

Suas imagens brasileiras perderam o esplendor fálico do explícito Elegbará, disfarçando-se tanto quanto possível seus símbolos sexuais, pois mesmo sendo transformado em Diabo, era então um Diabo de cristãos, o que impôs uma inegável pudicícia que Exú não conhecera antes. Em troca ganhou chifres, rabo e até mesmo os pés de bode próprios de demônios antigos e medievais dos católicos.

Com o avanço das concepções cristãs sobre a religião dos Orixás, ao qual vieram se juntar no final do século XIX as influências do espiritismo kardecista, que também absorvera orientações, visões e valores éticos cristãos, Exú foi cada vez mais empurrado para o lado do mal, cada vez mais obrigado, pelos seus próprios seguidores sincréticos, a desempenhar o papel do demônio.

O preceito segundo o qual Exú sempre recebe oferenda antes das demais divindades serem propiciadas, e que nada mais representa que o pagamento adiantado que Exú deve ganhar para levar as oferendas aos outros deuses, acabou sendo bastante desvirtuado. Passou-se a acreditar que as oferendas e homenagens preliminares a Exú devem ser feitas para que ele simplesmente não tumultue ou atrapalhe as cerimônias realizadas a seguir. Grande parte dos devotos dos Orixás pensam e agem como se Exú devesse assim ser evitado e afastado, momentaneamente distraído com as homenagens, neutralizado como o Diabo com que agora é confundido. 

Seu culto transformou-se assim num culto de evitação. Isto pode ser observado hoje em qualquer parte do Brasil, na maior parte dos terreiros de Candomblé e Umbanda, e também na África e em Cuba.

Brasil, na maior parte dos terreiros de Candomblé e Umbanda, e também na África e em Cuba. Faz-se a oferenda não para que Exú cumpra sua missão de levar aos Orixás as oferendas e pedidos dos humanos e trazer de volta as respostas, mas simplesmente para que ele não impeça por meio de suas artimanhas, brincadeiras e ardis a realização de todo o culto. Exú é pago para não atrapalhar, transformou-se num empecilho, num estorvo, num embaraço. Como se não bastasse, é tido como aquele que se vende por um prato de farofa e um copo de aguardente.

É evidente que em certos terreiros da religião dos Orixás, sobretudo em uns poucos Candomblés antigos mais próximos das raízes culturais africanas, cultiva-se uma imagem de Exú calcada em seu papel de Orixá mensageiro dos deuses, cujas atribuições não são muito diferentes daquelas trazidas da África. Nesse meio restrito, sua figura continua sendo contraditória e problemática, mas é discreta sua ligação sincrética com o Diabo católico. 

O mesmo não ocorre quando olhamos para a imagem de Exú cultivada por religiões oponentes, imagem que é largamente inspirada nos próprios cultos afro-brasileiros e que descrevem Exú como entidade essencialmente do mal. A imagem de Exú consolidada por essas religiões, especialmente as evangélicas, que usam fartamente o rádio e a televisão como meios de propaganda religiosa, extravasa para os mais diferentes campos religiosos e profanos da cultura brasileira e faz dele o Diabo brasileiro por excelência.

A imagem de Exú, o Diabo, é fartamente explorada pelas religiões que disputam seguidores com a Umbanda e o Candomblé no chamado mercado religioso, especialmente as igrejas neopentecostais.

Como mostrou Ricardo Mariano, o neopentecostalismo caracteriza-se por “enxergar a presença e ação do Diabo em todo lugar e em qualquer coisa e até invocar a manifestação de demônios nos cultos” para humilhá-los e os exorcizar, demônios aos quais os evangélicos atribuem todos os males que afligem as pessoas e que identificam como sendo, especialmente, entidades da Umbanda, deuses do Candomblé e espíritos do Kardecismo, ocupando os Exús e Pombagiras um lugar de destaque no palco em que os pastores exorcistas fazem desfilar o Diabo em suas múltiplas versões. 

Em ritos de exorcismo televisivos da Igreja Universal do Reino de Deus, que representa hoje o mais radical e agressivo oponente cristão das religiões afro-brasileiras, Exús e Pombagiras são mostrados no corpo possuído de novos conversos saídos da Umbanda e do Candomblé, com a exibição de posturas e gestos estereotipados aprendidos pelos ex-seguidores nos próprios terreiros afro-brasileiros. 

Todos os males, inclusive o desemprego, a miséria, a crise familiar, entre outras aflições que atingem os cotidianos das pessoas, sobretudo os pobres, são considerados pelos neopentecostais como tendo origem no Diabo, identificado preferencialmente com as entidades afro-brasileiras, conforme também mostra Ronaldo Almeida. 

O desemprego, por exemplo, ao invés de ser considerado como decorrente das injustiças sociais e problemas da estrutura da sociedade, como explicariam os católicos das comunidades eclesiais de base, é visto pela Igreja Universal como resultante da possessão de alguma entidade como Exú Tranca Rua ou Exú Sete Encruzilhadas. "Neste caso, o exorcismo deve expulsar o Exú que provoca o desemprego".

Imagem de Exu Caveira, com a aparência que ele usa para trabalhar no Umbral


Os evangélicos se valem ritualmente do transe de incorporação afro-brasileiro para trazer à cena as entidades que eles identificam como demoníacas e se propõem a expulsar em ritos que chamam de libertação. Mariza Soares identifica outro paralelo muito expressivo entre o rito umbandista do transe e o rito exorcista pentecostal. 

Diz ela: “A sexta-feira é conhecida na Umbanda como o dia das giras de Exú que se dão geralmente à noite. A meia-noite, ‘hora grande’ de sexta para sábado é o momento em que os Exús se manifestam e trabalham. É justamente nesta mesma hora que nas igrejas “evangélicas” estão sendo realizadas as cerimônias onde esses Exús são invocados para, em seguida, serem expulsos dos corpos das pessoas presentes”.

Ao descrever um ritual exorcista presenciado em um templo da Igreja Universal no bairro de Santa Cecília, no centro de São Paulo, em que se expulsava uma entidade que foi incorporada através do transe e que se identificou como Exú Tranca Rua, Mariano registrou os versos do cântico então entoado freneticamente pelos fiéis: “Tranca Rua e Pombagira fizeram combinação/ combinaram acabar com a vida do cristão/ torce, retorce, você não pode não/ eu tenho Jesus Cristo dentro do meu coração”. 

Eles acreditam que há um pacto firmado entre as entidades demoníacas para se apossar dos homens e os destruir pela doença, pelo infortúnio, pela morte. É o que representa Exú para os neopentecostais, mas essa imagem está longe de estar confinada às suas igrejas.

Entre os seguidores do catolicismo, a velha animosidade contra as religiões afro-brasileiras, que parecia arrefecida desde a década de 1960, quando a igreja católica deixou de lado a propaganda contra a Umbanda, que chamava de “baixo espiritismo”, reavivou-se com a Renovação Carismática. Movimento conservador que divide com o pentecostalismo muitas características, inclusive a intransigência para com outras religiões, o catolicismo carismático voltou a bater na tecla de que as divindades e entidades afro-brasileiras não passam de manifestações do Diabo, que se apresenta a todos, sem disfarce, nas figuras de Exús e Pombagiras.

Está de volta a velha perseguição católica aos cultos afro-brasileiros, agora sem contar com o braço armado do estado, cuja polícia, pelo menos até o início da década de 1940, prendia praticantes e fechava terreiros, mas podendo se valer de meios de propaganda igualmente eficazes. Exú, o Diabo, mobiliza e legitima, aos olhos cristãos, o ódio religioso contra a Umbanda e o Candomblé, corporificado em verdadeira guerra religiosa de evangélicos contra afro-brasileiros.

Essa é a concepção mais difundida que se tem de Exú na sociedade brasileira, é o que se vê na televisão e o que se dissemina pela mídia. Na idéia mais corrente que se tem de Exú, ele está sempre associado com a magia negra, com a produção do mal e até mesmo com a morte, uma idéia que certos feiticeiros que se apresentam como sacerdotes afro-brasileiros fazem questão de propagar. 

É amplo o espectro da contrapropaganda que vitimiza o Orixá mensageiro, contra o qual parece confluirem as mais diferentes dimensões do preconceito que envolve em nosso país os negros e a herança africana. De fato, em vários episódios de magia negra ocorridos recentemente no Brasil, com o assassinato de crianças e adultos, Exú e Pombagira têm sido apontados pela mídia como motivadores e promotores do ato criminoso. 

Num desses casos, ocorrido na década de 1980, no Rio de Janeiro, um comerciante foi morto a mando da mulher por causa de sua suposta impotência sexual. Depois de ter fracassada a aplicação de vários procedimentos mágicos supostamente recomendados por Pombagira, ela mesma teria sugerido o uso de arma de fogo para que a mulher se livrasse do incapaz e incômodo marido. Os implicados acabaram condenados, mas a própria Pombagira, em transe, acabou comparecendo à presença do juiz. E lá estavam todos os ingredientes que têm, por mais de dois séculos, alimentado a concepção demoníaca que se forjou de Exú entre nós: sexo, magia negra, atentado à vida, crime.

No interior do segmento afro-brasileiro, podemos contudo observar nos dias de hoje um movimento que encaminha Exú numa espécie de retorno aos seus papéis e status africanos tradicionais. Em terreiros de Candomblé que defendem ou reintroduzem concepções, mitologia e rituais buscados na tradição africana, tanto quanto possível, especialmente naqueles terreiros que têm lutado por abandonar o sincretismo católico, Exú é enfaticamente tratado como um Orixá igual aos demais, buscando-se apagar as conotações de Diabo, escravo e inimigo que lhe tem sido comumente atribuídas.

No Candomblé cada membro do culto deve ser iniciado para um Orixá específico, que é aquele considerado o seu antepassado mítico, sua origem de natureza divina. Os que eram identificados pelo jogo oracular dos búzios como filhos de Exú estavam sujeitos a ser reconhecidos como filhos do Diabo e, por isso, acabavam sendo iniciados para outro Orixá, especialmente para Ogum Xoroquê, uma qualidade de Ogum com profundas ligações com o Mensageiro. Até pouco tempo, eram raros e notórios os filhos de Exú iniciados para Exú. Isso vem mudando à medida que avança o movimento de dessincretização e já há filhos de Exú orgulhosos de sua origem.

Hoje em dia, em muitos terreiros de Candomblé, concepções e práticas católicas que foram incorporadas à religião dos Orixás em solo brasileiro vão sendo questionadas e deixadas de lado. Quando isso ocorre, Exú vai perdendo, dentro do mundo afro-brasileiro, a condição de Diabo que a visão maniqueísta do catolicismo a respeito do bem e do mal a ele impingiu, uma vez que foi exatamente a cristianização dos Orixás que transformou Oxalá em Jesus Cristo, Iemanjá em Nossa Senhora, outros Orixás em santos católicos, e Exú no Diabo.

Nesse processo de dessincretização, que é um dos aspectos do processo de africanização por que passa certo segmento do Candomblé, Exú tem alguma chance de voltar a ser simplesmente o Orixá Mensageiro que detém o poder da transformação e do movimento, que vive na estrada, freqüenta as encruzilhadas e guarda a porta das casas, Orixá controvertido e não domesticável, porém nem santo nem demônio.

Axé!

O TEXTO ACIMA É PARTE INTEGRANTE DE UMA PESQUISA REALIZADA PARA ELABORAÇÃO DE UMA APOSTILA, CRIADA POR JOÃO LUIZ - AUTORES: VÁRIOS



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