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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Precognição - prevendo o futuro



"Os relatos sobre eventos envolvendo precognição estão presentes em todos os povos, em todas as épocas. Atualmente, a precognição vem sendo estudada por cientistas de todo o mundo, com a realização de experimentos importantes que apresentam evidências cientificas do fenômeno."


Jayme Roitman, o autor.

O navio Titanic, na época considerado “indestrutível”, zarpou de Southampton em 10 de abril de 1912, e naufragou entre 14 e 15 do mesmo mês. O sr. John Connon Midletton, homem de negócios londrino, reservou passagem no transatlântico em 23 de março de 1912. Cerca de dez dias antes da viagem, Connon sonhou que a embarcação flutuava com a quilha para cima e, ao seu redor, se encontravam passageiros e tripulação, nadando no mar. Embora não costumasse se lembrar de seus sonhos, não o contou a ninguém, para não assustar. No dia seguinte, teve o mesmo sonho novamente. Uma semana antes da partida, ele contou o sonho para sua esposa e vários amigos, e cancelou a reserva, evitando assim ser vítima da tragédia.

O Sr. John Connon tinha documentos que comprovavam a reserva e o cancelamento da viagem. Sua esposa e três amigos enviaram seu testemunho escrito à Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres, confirmando que o sonho lhes foi relatado antes da partida do Titanic. Pelo menos dez pessoas tiveram experiência de precognição relativas ao naufrágio do Titanic.

A precognição ocorre com maior freqüência quando relacionada a eventos com carga e intensidade emocional, tais como tragédias, risco de morte, acidentes, terremotos, eventos que dizem respeito a um número elevado de pessoas, etc. As indicações sugerem que ligações afetivo-emocionais associadas à iminência de sofrimento favorecem a ocorrência de precognição.

Pesquisas realizadas em Londres, Estados Unidos, Alemanha e Brasil também mostram que a maior parte das precognições espontâneas ocorre durante o sonho. Os sonhos precognitivos são geralmente vívidos; o sonhador os percebe de modo realista, como algo acontecido na vigília, diferente da maioria dos sonhos comuns.

Narrativas de precognição provavelmente estão presentes em todos os povos, em todas as épocas. O conhecimento direto do futuro é o mais intrigante dentre os fenômenos paranormais.

Se pararmos para pensar um pouco, parece absurdo que a precognição exista. É como se tivéssemos consciência ou memória do futuro. Convenhamos, é algo verdadeiramente muito estranho. Não é à toa que alguns autodenominados céticos insistam em negar sua existência. Diante de casos espontâneos, por mais espetaculares que sejam, a interpretação é sempre a mesma: afirma-se o acaso ou coincidência.

É bom lembrar que ser cético é obrigação de todo cientista, e que ser dogmático não combina com ciência. Muitas vezes, se instaura um impasse praticamente insuperável com relação à explicação dos casos espontâneos. Para superar isso, parapsicólogos propuseram metodologia experimental para testar a existência ou não da precognição.

Os casos espontâneos de precognição – assim como outros eventos relacionados à fenomenologia parapsicológica – têm muita importância para o experimentador, pois é a partir da natureza e de características do evento espontâneo que os experimentos de laboratório vão ser criados. Os casos espontâneos são a razão da existência dos experimentos parapsicológicos e, ao mesmo tempo, inspiram os experimentos.

Vamos dar um salto no tempo para retomarmos o assunto precognição. Em 1952, o dr. Wilhelm H. C. Tenhaeff (1894-1981), na época professor de parapsicologia na Universidade de Utrecht, fez 150 experiências qualitativas com Gerard Croisset, usando o método da “cadeira vazia”. O número de acertos foi grande, e alguns são impressionantes.

Em 17 de janeiro de 1952, num salão no qual deveria se realizar uma reunião no dia 20 (portanto, três dias depois), foi escolhida aleatoriamente a cadeira de número 18, e se perguntou a Croisset quem iria sentar-se naquele lugar. Depois de alguns instantes, Croisset disse que não recebia qualquer impressão, e pediu que lhe fosse indicada outra cadeira. O dr. Tanhaeff assim o fez, e Croisset afirmou que nessa outra cadeira se sentaria uma senhora com cicatrizes no rosto, conseqüência de um acidente automobilístico durante uma temporada na Itália. Mencionou ainda que havia alguma coisa que relacionava a senhora com a “sonata ao luar” (sonata al chiaro di luna).

No dia 20 de janeiro, verificou-se que, dos 28 convidados para a reunião, só compareceram 27, e que precisamente o assento 18 ficou desocupado. No outro lugar que havia sido indicado por Croisset sentou-se a esposa de um médico. Ela tinha cicatrizes na face, resultantes de um acidente automobilístico durante férias na Itália. Posteriormente, o marido afirmou que, de fato, a “sonata ao luar” incomodava muito a senhora, porque se associava a uma questão íntima da vida dela.

Croisset também foi testado pelo Dr. Hans Bender (1907-1991), na época professor de parapsicologia da Universidade de Freiburg. Em certa ocasião, ele propiciou um exemplo de precognição em duas etapas. Uma cadeira foi escolhida, e Croisset afirmou: “a senhora que se sentará nesta cadeira fraturou um braço recentemente, porque quando acompanhava um enterro de um amigo caiu na sepultura”. No dia da reunião, verificou-se que a mulher que se sentou na cadeira não havia fraturado o braço. Aparentemente, a previsão foi um fracasso. No entanto, o fracasso durou apenas quatro dias, pois a senhora foi ao enterro de um amigo, caiu na sepultura e quebrou o braço.

Croisset apresentava precognição espontânea com certa freqüência. Em fins da Segunda Guerra Mundial, na cidade de Utrecht, ao sul de Amsterdã, na Holanda, Albert Plesman – diretor-fundador das linhas aéreas KLM e herói do ar em seu país – conversava com Gerard Croisset. Em certo momento, Croisset disse com voz sombria e trêmula: “seu filho vai morrer ao cruzar a fronteira franco-belga”. Alguns meses depois, Plesman recebeu a notícia de que seu filho, Jan Plesman, aviador da Real Força Aérea Britânica, tombara exatamente como previu Croisset.

Cinco anos mais tarde, a 21 de junho de 1949, Croisset procurou o professor Tenhaeff para lhe declarar com estupefação e horror: “acabo de ver uma coisa horrível! Vi que o segundo filho do Sr. Plesman vai morrer em um acidente de aviação!”. Dois dias depois, o diretor da KLM recebia, consternado, a notícia de que o avião pilotado por Hans Plesman se despedaçara misteriosamente sobre uma campina em Bari, na Itália. O piloto faleceu no acidente.

Na Argentina, o dr. J. Ricardo Musso (1917-1989) realizou experiências similares de “cadeira vazia”, testando o percipiente Conrado Castiglione. Foram 45 tentativas, com êxito em 37.

As pesquisas quantitativas mais sistemáticas sobre precognição se iniciaram na Universidade de Duke, Carolina do Norte, coordenadas pelo dr. Joseph Banks Rhine (1895-1980), na década de 1930. A experiência usava o baralho Zener, inventado pelo dr. Karl Zener (1903-1963). Trata-se de um baralho composto por 25 cartas, com 5 cartas de cada símbolo: círculo, ondas, cruz, quadrado e estrela. Era o baralho padrão, também conhecido como baralho ESP, usado anteriormente em Duke para testes de clarividência e telepatia.

O primeiro dos experimentos coordenados por Rhine consistia em que os sujeitos tentassem adivinhar a ordem das cartas do baralho Zener que seriam embaralhadas e cortadas no futuro, dias após o prognóstico. Foram mais de 4.500 exames do baralho. Estatisticamente, os resultados foram de grande significação. A probabilidade foi de 400.000 contra 1. No entanto, uma crítica foi feita. Como o embaralhamento era manual, o acerto poderia ser devido a outros fatores que não a precognição. Por exemplo, a pessoa que embaralhava poderia, por telepatia (ou clarividência), conhecer o resultado previsto e, ao embaralhar, inconscientemente podia dispor as cartas de acordo com a previsão feita. O experimento deveria ser aperfeiçoado.


Novos experimentos foram feitos, agora com embaralhamento mecânico, realizado por uma máquina. Os resultados estatísticos permaneceram significativos. Uma nova crítica surgiu: poderia a mente do sujeito influir na máquina de embaralhamento, dispondo assim o baralho de acordo com a previsão? É a hipótese de que os acertos não ocorreriam por precognição, e sim devido a um fenômeno parafísico. Note-se que estamos descrevendo a tentativa de comprovação científica do conhecimento do futuro. Portanto, a exclusão de outras explicações deve ser feita de maneira exaustiva.

Os pesquisadores coordenados por Rhine partiram para um novo experimento. O embaralhamento continuou a ser automático, mas era necessário evitar qualquer interferência do fator humano, inclusive com relação a uma possível influencia parafísica sobre a maquina. Então, se fazia assim: o sujeito predizia a ordem das cartas; algum tempo depois, a máquina embaralhava e, depois disso, se faziam cortes no baralho de acordo com números de temperatura máxima registradas em diversos locais, no futuro. O que ocorreu com os resultados? Continuaram sendo estatisticamente significativos.

Um caso sugestivo de sonho precognitivo ocorreu espontaneamente nas experiências de sonhos telepáticos realizadas durante dez anos, coordenadas pelos doutores Montague Ullman, Stanley Krippner e associados, no laboratório do Centro Médico Maimonides, em Nova York. A experiência-padrão consistia em que um sujeito (transmissor) tentava transmitir algum tipo de imagem para outro sujeito (receptor), que estava dormindo em outro aposento. O receptor era acordado quando entrava em sono REM (rapid eye movement, movimento rápido dos olhos) e solicitado a narrar o que estava sonhando.

O experimento se iniciava com o sujeito sendo levado para uma sala à prova de som. Um dos membros da equipe escolhia ao acaso um envelope opaco, fechado. Esse envelope continha uma foto artística ou um cartão-postal. Um experimentador levava o envelope para uma sala distante, abria-o e estudava a figura. Os sujeitos adormecidos tentavam incorporar essas imagens aos seus sonhos sem que a vissem. Depois que o estudo terminava, juízes externos comparavam os relatos dos sonhos registrados com a coleção de figuras. Em média, em duas de cada três vezes os estudos obtiveram resultados estatísticos significativos. O estudo era sobre telepatia, mas em 1965 um receptor sonhou que observava um colega que estava olhando para a primeira página do jornal Dally News, vendo a foto de um edifício que ruiu. Na realidade, o transmissor estava tentando transmitir outra imagem, de modo que aparentemente houve fracasso nesse experimento. No entanto, duas semanas depois o Broadway Central Hotel desmoronou e a foto do desastre apareceu na primeira página do referido jornal.

As pesquisas de visão remota foram iniciadas em 1973, no Stanford Research Institute (SRI), coordenadas pelos doutores Russell Targ e Harold Puthoff. No experimento clássico, um sujeito ficava trancado dentro de uma sala tentando “adivinhar” o local para onde o experimentador tinha se deslocado, segundo uma escolha aleatória. A maioria desses experimentos era simulcognitivos (relacionados ao tempo presente), mas alguns se relacionavam a precognição.

Nos testes de precognição realizados no SRI, solicitava-se ao sujeito que descrevesse o lugar onde o experimentador estaria no futuro, antes que esse alvo (o lugar) fosse escolhido aleatoriamente. Experimentador e sujeito não tiveram contato até o final do experimento. Os resultados foram significativos.

Num dos testes, com uma senhora chamada Hella Hammid, o lugar para o qual o experimentador se dirigiu estava situado a cerca de dez quilômetros do laboratório. Tratava-se de um balanço de metal preto e de forma triangular, num parque para crianças. Antes do alvo ser escolhido – portanto, antes do experimentador se dirigir ao local, pois ainda nem sabia a que local deveria se dirigir – Hella iniciou o teste. Ela repetiu diversas vezes que o foco principal de atenção no lugar era “um triângulo negro no qual Hal (o experimentador que, no futuro, iria para o local) de certo modo entrava ou encostava”. O triângulo era “maior que um homem” e ela ouvia um “rangido esganiçado ‘scuic, scuic’, soando regularmente de segundo em segundo”. A correspondência entre a descrição e o alvo é impressionantemente grande: o balanço rangia. Parece que Hella, além de “ver” o local, pôde ouvir o futuro.

Em 1997, o dr. Dean Radin realizou experimentos de “precognição fisiológica”, na Universidade de Nevada. O sujeito ficava diante da tela de um computador na qual surgiam aleatoriamente imagens coloridas. Eram 12º fotografias, sendo que metade delas eram relaxantes (rosto descontraído, paisagens calmas, etc.), e a outra metade era composta de imagens tensas (corpo mutilado, cena pornográfica, etc.). Com o uso de eletrodos, o sujeito era monitorado para mensuração de taxa de atividade cardíaca, volume de sangue na ponta do dedo e atividade elétrica da pele.

Os resultados demonstraram, de maneira estatisticamente significativa, que o organismo reagia à imagem antes dela surgir na tela do computador. Um dado importante dessa pesquisa é que os sujeitos não percebiam as alterações fisiológicas em seu corpo nem qualquer outro tipo de mudança. Isso é um dado favorável à explicação de que a precognição se deu inconscientemente; não houve passagem da informação precognitiva para a consciência. A indicação é de que a precognição ocorre com mais freqüência do que podemos notar; a informação nem sempre emerge para a consciência.

O experimento mais recente de precognição foi criado e realizado pelo psicólogo social Daryl J. Bem, da Universidade de Cornell. Foi apresentado na Convenção Anual da Parapsychological Association, realizada no Canadá, em agosto de 2003. O autor parte da idéia de que a precognição deve se comportar de acordo com alguns mecanismos conhecidos em pesquisas psicológicas.

É conhecido na psicologia o “efeito de mera exposição”, que consiste em que humanos e animais, quando expostos freqüentemente a um estímulo, tendem a se habituar a ele; torna-se familiar.

O experimento de Bem é de explicação complexa, embora de simples realização. Chama-se “habituação precognitiva”. O sujeito fica em frente à tela do computador, que expõe duas imagens selecionadas aleatoriamente de um banco de dados no qual existem muitas outras imagens. Destas duas imagens, o sujeito deve escolher uma. Depois, ou seja, no futuro, o computador escolhe aleatoriamente uma das duas imagens que apareceram na tela; essa imagem escolhida pelo computador é apresentada de modo subliminar por quatro vezes ao sujeito. Considera-se acerto quando a imagem escolhida pelo sujeito é a mesma que foi escolhida pelo computador, no futuro. Os resultados foram estatisticamente significativos. É um experimento muito promissor, que pode ter um índice de replicação inédito dentre os experimentos de precognição. Temos que aguardar mais um pouco para que se possa obter novos resultados de experimentos independentes de acomodação precognitiva.

O pesquisador Bem justifica o uso da exposição subliminar em razão de que os estudos do Efeito de Mera Exposição – estudos realizados no campo da psicologia, por exemplo, no tratamento de fobias – terem demonstrado que o efeito é potencializado quando a exposição ao estímulo é feita subliminarmente. Desde a década de 1970, os experimentos psi tentam criar condições semelhantes àquelas em que psi ocorre espontaneamente – ou seja, sonhos, condição Ganzfeld, estados alterados de consciência, etc. Enfim, de modo inconsciente. Então, me parece que o fato da exposição ser de modo subliminar é para tornar a informação (estímulo) mais eficaz por meio da não-consciência (inconsciente). As evidências parecem indicar que psi inicialmente se dá por processos não-conscientes (inconscientes), e de vez em quando, espontaneamente, as informações psi surgem à consciência.

Os milhares de casos espontâneos sugestivos de precognição já eram suficientes para nos deixar com “a pulga atrás da orelha” sobre a possibilidade de se conhecer antecipada e diretamente o futuro. Experimentos de laboratório como os citados, realizados com rigor científico e utilizando metodologia científica, trouxeram os dados que eram necessários para que fosse possível afirmar que existem várias evidências científicas da existência da precognição. Embora o contexto não favoreça, essa capacidade humana se mostrou presente até na situação artificial da pesquisa de laboratório.

Esse texto se encerra com as palavras da Dra. Louisa E. Rhine: “[...] Podemos dizer que as duas orientações de provas, espontânea e experimental, se entrelaçam e se sustentam mutuamente”.

Jayme Roitman é Psicólogo Clínico, Parapsicólogo e consultor da revista UFO.

Fonte: Revista Sexto Sentido número 52, páginas 14 e 19.

Para saber mais sobre a precognição indicamos a leitura das seguintes obras:
Precognição - Adelaide Petters Lessa - Editora Livraria Duas Cidades.
Os Canais Ocultos do Espírito - Louisa E. Rhine - Editora Bestseller.
O Alcance do Espírito - J. B. Rhine - Editora Bestseller.
Magia e Parapsicologia - Bruno A. L FAntoni - Edições Loyola.

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