Vá aos lugares silenciosos de seu coração; entre nas câmaras quietas de seu ser interior. Logo você aprenderá a abrir as portas de seu próprio coração. Então a intuição virá a você. Terá conhecimento imediato; conhecerá a verdade instantaneamente. Este é o Caminho, este é o ensinamento.
Nestes calmos lugares da alma, nestes profundos silêncios do coração, é que entram os Grandes Seres quando querem mais luz e conhecimento; pois assim fazendo entram na própria estrutura e fábrica do Universo, e conhecem assim a Verdade de primeira mão, porque se tornam um com o Universo, vibrando sincronicamente com as vibrações de todos os planos da Mãe Eterna.
Quem assim procede não precisa temer a velhice. Para aquele que viveu corretamente e com altos ideais, a velhice traz maior espiritualidade e mais profunda visão.
Na velhice a alma está se retirando do corpo cansado. Mas essa retirada da alma é pacífica e calma, é o modo da natureza de fazer a morte chegar como uma suave bênção de paz e harmonia.
Em vez de ser um forte puxão, como é no caso do jovem quando vem a morte, a morte para os idosos vem em paz e quietude, soltando as amarras que prendem a alma a seu veículo de carne, e a passagem para a outra vida é tão calma e gentil como a chegada do crepúsculo que antecede a noite.
Qualquer ser humano pode evitar uma velhice dolorosa, ou ao menos minimizar seus problemas; e isto pode ser conseguido vivendo com humanidade, vivendo nos níveis mais elevados da personalidade, ao invés de permanecer apegado aos desejos do corpo. Desse modo a velhice chega trazendo bênçãos e aumentando as faculdades espirituais.
Porém, se a vida foi vivida à procura de grosseiros desejos físicos, se os elos que unem a alma ao corpo foram fortalecidos no veículo de carne através da auto-indulgência para com os apetites grosseiros, então mesmo na velhice a morte é dolorosa, pois a retirada natural da alma não acontece.
Doenças, por outro lado, são processos purificadores, e para as pessoas de nosso estágio imperfeito de evolução são muitas vezes uma bênção enviada dos céus. Elas curam o egoísmo, ensinam paciência, fazem a mente admirar a beleza da vida e ver a necessidade de viver corretamente. Tornam a pessoa gentil e agradável.
Considere o ser humano médio em seu presente estágio de evolução: apaixonado, com emoções desgovernadas, com ferozes desejos de sensação. Se tais pessoas tivessem corpos que não adoecessem, provavelmente seriam mortas pelos excessos. As doenças, na verdade, são avisos para reformar-se e viver de acordo com as leis da natureza.
Não é uma natureza externa e tirânica que nos traz doenças. As doenças, com seu sofrimento e dores, são amigos que nos advertem. Elas amaciam nosso coração, expandem nossa mente, dão-nos a oportunidade de exercitar nossa vontade. Fazem nascer em nosso peito piedade e compaixão pelos outros.
Cada um é responsável por suas doenças e infelicidades. Elas vêm a nós como reações, efeitos, das sementes de pensamentos e ações que semeamos no passado.
Quando o sofrimento e a tristeza vierem, receba-os: eles são despertadores. Os prazeres nos fazem dormir, as alegrias físicas nos fazem dormir. A dor e a mudança nos despertam. Pensar assim nos dá força, nos dá paz, nos capacita a encarar os problemas da vida com uma mente iluminada.
O ser individual está aprendendo, crescendo. Não importa quão pequeno ou grande é esse ser – inseto ou deus, superdeus ou átomo – todos estão aprendendo e crescendo, portanto passam por estágios de felicidade e dor.
Siga esta regra: seja o que vier, encare com coragem. Isso passará. Mantenha sua face para o Leste místico do futuro, encha seu coração com coragem e lembre que você é um descendente dos deuses imortais que controlam e guiam o Universo.
Há momentos na vida em que o Eu Superior interno nos leva para caminhos de provas para que possamos crescer ao reagir com sucesso a essas provas. Mas o Eu Superior está sempre conosco, constantemente nos advertindo através das intuições para ser corajoso (a), para encarar a vida com energia, para ser sincero, limpo, forte, animado e muitas outras coisas. E são essas qualidades que nos protegem do desastre.
O único desastre que o espírito do homem conhece é a fraqueza, o fracasso, o desencorajamento. Desastres físicos e outras coisas da vida física são frequentemente bênçãos disfarçadas.
Encare a tempestade, e muito breve verá o céu azul se abrindo, porque você terá passado no teste, e isso o fez mais forte. Cada sábio e vidente ensinou a mesma coisa: limpe o templo do espírito (o corpo físico), desaloje os demônios da natureza inferior. Quais são estes demônios? Seus próprios pensamentos.
Pensamentos desarmônicos são veneno em sua corrente sanguínea, e daí resulta a doença. Os pensamentos desarmônicos são os pensamentos egoístas, pensamentos mesquinhos, que surgem num coração que não ama. Se há amor no coração humano, haverá um corpo forte e limpo e uma mente harmônica.
Quando os maus pensamentos passarem por sua mente, não lute nem desperdice sua força. Pense nas virtudes opostas, pense nas coisas que ama. O segredo é a visualização interna.
Se você se sentir sombrio, se tiver vergonha dos pensamentos que tem na mente, não lute com eles, esqueça-os. Eles são os fantasmas que surgem do seu passado. Volte seu rosto para o Oriente e observe o sol que nasce. Observe os picos montanhosos de sua natureza onde uma aurora dourada acena seu esplendor mágico. Esta é uma regra simples para vencer.
Há um jeito de saber se algo vem de seu Eu Superior, ou se é meramente algum desejo inferior: o Eu Superior é sempre impessoal, é amável, é gentil, é compassivo. A natureza inferior é egoísta, aquisitiva, irada, violenta, sem disposição de perdoar.
O Eu Superior é uma entidade espiritual e plana sobre a lama do eu inferior, assim como o Sol brilha sobre a Terra. O Eu Superior tem tremenda influência sobre o eu inferior, mas este não tem nenhuma influência sobre o Eu Superior. O eu inferior apenas tem influência sobre a natureza humana, que é a intermediária.
Um pensamento amável enviado a outra pessoa é uma proteção para ela. Poucas coisas são tão satisfatórias para o coração e a mente, como saber que pelo menos hoje não fomos duros em nossos sentimentos para com os outros, mas sim gentis e prestativos."
O jovem Dr. G. de Purucker, em 1892 |
Sobre o autor: Gottfried de Purucker (1874 - 1942), mais conhecido como G. de Purucker, ou abreviadamente, GdeP, foi um teosofista, autor e um dos grandes líderes de uma das Sociedades Teosóficas, no caso, a Sociedade Teosófica de Point Loma (que em 1951 haveria de se dividir numa guerra de sucessão entre James Long e William Hartley, ficando o primeiro a liderar a atual Sociedade Teosófica de Pasadena enquanto alguns elementos que haviam sido expulsos ou que saíram voluntariamente constituíram a chamada tradição de Point Loma, da qual a principal representante é neste momento a Blavatsky House-ST Point Loma). De Purucker esteve à frente da referida organização entre 1929 e 1942, sucedendo à controversa Katherine Tingley, que por sua vez tinha herdado a sua posição de William Quan Judge, um dos fundadores da Sociedade Teosófica original.
O principal contributo de GdeP terá sido o de ter procurado tornar mais acessível a literatura deixada por Helena Blavatsky, tentando inclusive desenvolver alguns pontos (o que lhe granjeou algumas críticas de desvirtuação dos conceitos da chamada Teosofia original). No entanto, na generalidade, o trabalho de GdeP é olhado com respeito, independentemente do quadrante do movimento teosófico que se lhe refere.
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