Limite do Trabalho. Repouso. (Perguntas 682 a 685-a) – O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec
O LIVRO DOS ESPÍRITOS - CAP. 3 - LEI DO TRABALHO
II – Limite do Trabalho. Repouso. (Perguntas 682 a 685-a)
682. Sendo o repouso uma necessidade após o trabalho, não é uma lei da Natureza?
— Sem dúvida, o repouso serve para reparar as forças do corpo. É também necessário para deixar um pouco mais de liberdade à inteligência que deve elevar-se acima da matéria.
683. Qual é o limite do trabalho?
— O limite das forças; não obstante, Deus dá liberdade ao homem.
684. Que pensar dos que abusam da autoridade para impor aos seus inferiores um excesso de trabalho?
— É uma das piores ações. Todo homem que tem o poder de dirigir é responsável pelo excesso de trabalho que impõe aos seus inferiores, porque transgride a lei de Deus. (Ver item 273*).
685. O homem tem direito ao repouso na sua velhice?
— Sim, pois não está obrigado a nada, senão na proporção de suas forças.
685-a. Mas o que fará o velho que precisa trabalhar para viver e não pode?
— O forte deve trabalhar para o fraco; na falta da família, a sociedade deve ampará-lo: é a lei da caridade.
Comentário de Kardec: Não basta dizer ao homem que ele deve trabalhar, é necessário também que o que vive do seu trabalho encontre ocupação, e isso nem sempre acontece.
Quando a falta de trabalho se generaliza, toma as proporções de um flagelo, como a escassez. A ciência econômica procura o remédio no equilíbrio entre a produção e o consumo, mas esse equilíbrio, supondo-se que seja possível, sofrerá sempre intermitências e durante essas fases o trabalhador tem necessidade de viver.
Há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar os caracteres, aquela que cria os hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos.
Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato?
Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis.
A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisso está o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, a garantia da segurança de todos.
*NOTA: V – Escolha das Provas
273. Um homem pertencente a uma raça civilizada poderia, por expiação, reencarnar-se numa raça selvagem?
— Sim, mas isso depende do gênero da expiação. Um senhor que tenha sido duro para os seus escravos poderá tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a outros.
Aquele que mandou numa época, pode, em outra existência, obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. É uma expiação, se ele abusou do poder e Deus pode determiná-la. Um bom Espírito pode, para os fazer avançar, escolher uma vida de influência entre esses povos. Então se trata de uma missão.
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Fonte: "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec - Imagem: Arado de mão de moda antiga, por Sheila Brown (CC0)
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