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terça-feira, 2 de novembro de 2021

Emmanuel: 'Oração no Dia dos Mortos'

Medite a respeito da questão n.° 823 de 'O Livro dos Espíritos':  "823. Donde nasce o desejo que o homem sente de perpetuar sua memória por meio de monumentos fúnebres?  'Último ato de orgulho.'  a — Mas a suntuosidade dos monumentos fúnebres não é antes devida, as mais das vezes, aos parentes do defunto, que lhe querem honrar a memória, do que ao próprio defunto?  'Orgulho dos parentes, desejosos de se glorificarem a si mesmos. Oh! sim, nem sempre é pelo morto que se fazem todas essas demonstrações. Elas são feitas por amor-próprio e para o mundo, bem como por ostentação de riqueza. Supões, porventura, que a lembrança de um ser querido dure menos no coração do pobre, que não lhe pode colocar sobre o túmulo senão uma singela flor? Supões que o mármore salva do esquecimento aquele que na Terra foi inútil?'" - Allan Kardec e Espíritos Superiores

"Senhor Jesus!

Enquanto nossos irmãos na Terra se consagram hoje à lembrança dos mortos-vivos que se desenfaixaram da carne, oramos também pelos vivos-mortos que ainda se ajustam à teia física…

Pelos que jazem sepultados em palácios silenciosos, fugindo ao trabalho, como quem se cadaveriza, pouco a pouco, para o sepulcro;

pelos que se enrijeceram gradativamente na autoridade convencional, adornando a própria inutilidade com títulos preciosos, à feição de belos epitáfios inúteis;

pelos que anestesiaram a consciência no vício, transformando as alegrias desvairadas do mundo em portões escancarados para a longa descida às trevas;

pelos que enterraram a própria mente nos cofres da sovinice, enclausurando a existência numa cova de ouro;

pelos que paralisaram a circulação do próprio sangue, nos excessos da mesa;

pelos que se mumificaram no féretro da preguiça, receando as cruzes redentoras e as calúnias honrosas; pelos que se imobilizaram no paraíso doméstico, enquistando-se no egoísmo entorpecente, como desmemoriados, descansando no espaço estreito do esquife…

E rogamos-te ainda, Senhor, pelos mortos das penitenciárias que ouviram as sugestões do crime e clamam agora na dor do arrependimento;

pelos mortos dos hospitais e dos manicômios, que gemem, relegados à solidão, na noite da enfermidade; pelos mortos de desânimo, que se renderam, na luta, às punhaladas da ingratidão;

pelos mortos de desespero, que caíram em suicídio moral, por desertores da renúncia e da paciência;

pelos mortos de saudade, que lamentam a falta dos seres pelos quais dariam a própria vida;

e por esses outros mortos, desconhecidos e pequeninos, que são as crianças entregues à via pública, exterminadas na vala do esquecimento…

Por todos esses nossos irmãos, não ignoramos que choras também como choraste sobre Lázaro morto…

E trazendo igualmente hoje a cada um deles a flor da esperança e o lume da oração, sabemos que o teu amor infinito clarear-nos-á o vale da morte, ensinando-nos o caminho da eterna ressurreição."


Chico Xavier e Emmanuel
Reunião pública de 2 de Novembro de 1959


Medite a respeito da questão n.° 823 de 'O Livro dos Espíritos':

"823. Donde nasce o desejo que o homem sente de perpetuar sua memória por meio de monumentos fúnebres?

'Último ato de orgulho.'

a — Mas a suntuosidade dos monumentos fúnebres não é antes devida, as mais das vezes, aos parentes do defunto, que lhe querem honrar a memória, do que ao próprio defunto?

'Orgulho dos parentes, desejosos de se glorificarem a si mesmos. Oh! sim, nem sempre é pelo morto que se fazem todas essas demonstrações. Elas são feitas por amor-próprio e para o mundo, bem como por ostentação de riqueza. Supões, porventura, que a lembrança de um ser querido dure menos no coração do pobre, que não lhe pode colocar sobre o túmulo senão uma singela flor? Supões que o mármore salva do esquecimento aquele que na Terra foi inútil?'"


Citação parcial para estudo, de acordo com o artigo 46, item III, da Lei de Direitos Autorais. Esta oração foi transcrita do livro 'Religião dos Espíritos', de Francisco Cândido Xavier (encarnado) e Emmanuel (espírito). Para adquirir o livro e ler na íntegra siga o link abaixo...



Um comentário:

  1. Vivos e Mortos

    "Você meu caro Antonino,
    Pergunta com seus cuidados
    Por que se faz tão difícil
    Ouvir os mortos amados.

    E acentua: — “Sempre tive
    Muitos amigos no Além
    Entretanto, peço, peço…
    Chamo e não vejo ninguém.

    “Que dizer Cornélio amigo,

    Desta busca inacabada?
    Faço preces, grito nomes,
    Depois… é silêncio e nada…”

    Entendo prezado amigo,
    Toda a sua inquietação,
    Mas ouça: somos quais somos
    E as cousas são como são!…

    Tudo espera tempo próprio
    Onde o melhor se processa…
    A verdade surge aos poucos
    Sem ocupar-se da pressa.

    Atendendo à luta humana,
    Que dá tanto que pensar
    O homem, ao pé da morte,
    Raciocina devagar.

    Por outro lado, as ideias,
    Que a Terra criou no caso,
    Nas portas do grande assunto
    Despejou montões de atraso.

    No mundo, lembra-se a morte,
    E temos pessoas pasmas,
    Falando em luto, agonia,
    Cinzas, pedras e fantasmas!…

    Isso cria tanto entrave,
    Tanta sombra e tanta trica,
    Que os vivos do Além não acham
    ligação com quem fica.

    Basta que um morto qualquer
    Dê sinal ou reapareça
    E alongam-se fantasias
    Tisnando muita cabeça.

    Recorde: Joana, a viúva
    Do Marciano Toledo
    Chamava o esposo e ele vindo
    A moça tombou de medo.

    Tonho quis ver o irmão morto
    E ao tê-lo junto de si,
    Gritou e caiu de susto
    Na estrada de Mandaqui.

    Desejou ver o pai morto
    O nosso amigo Aristeu,
    Um dia, o rapaz, ao vê-lo,
    Desmaiou e adoeceu.

    Após a morte do tio
    Totó buscava encontrá-lo,
    Notando o tio na roca
    Totó caiu do cavalo.

    Marina chamava o esposo,
    O falecido Teotônio,
    Vendo o marido, a mulher
    Dizia que era o demônio.

    Júlia pedia ao marido
    Auxílio num grande apuro,
    O finado apareceu
    Ela rezou no esconjuro.

    Sabino encontrou em prece
    Um irmão já desencarnado,
    Gritou, chorou… Depois disse
    Que estivera alucinado.

    Perdeu Silvino a mulher…
    Quis vê-la, a Dona Ceição,
    Tendo a esposa junto dele
    Clamou que era assombração.

    Zelão contou haver visto
    A noiva desencarnada…
    Chorou, mas disse, em seguida,
    Que era tudo patacoada.

    Chamava o esposo, a Cecília,
    Mulher do Janjão Salerno,
    Vendo o finado, a viúva
    Mandou Janjão para o inferno.

    Doca chamava o pai morto
    Em frases de imenso amor…
    Quando o pai voltou a ela,
    Falou que era obsessor.

    Ante os problemas da morte
    São muitos tropeços juntos,
    E a verdade pede ao tempo
    Que lhe prepare os assuntos…

    Não se agaste, caro irmão,
    O mundo é um contraste em si:
    Os vivos buscando os mortos
    E os mortos andando aí!…"

    Francisco Cândido Xavier e Cornélio Pires
    in 'Conversa Firme' - Lição: 20

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