São Judas é apontado, segundo a tradição eclesiástica, como sendo o autor da epístola canônica que traz o seu nome. Ao que parece, essa carta foi dirigida aos judeus cristãos da Palestina, pouco depois da destruição da cidade de Jerusalém, quando a maioria dos apóstolos já havia falecido. O breve escrito de São Judas Tadeu é uma severa advertência contra os falsos mestres e um convite a manter a pureza da fé.
A carta de Judas foi escrita por um homem apaixonado e preocupado com a pureza da fé cristã e a boa reputação do povo cristão. O escritor diz que ele planejava escrever uma carta diferente, mas ouvindo os pontos de vista errados de falsos professores da comunidade cristã ele urgentemente escreveu esta carta para alertar a igreja para acautelar-se contra eles.
A tradição ocidental baseada nos contos apócrifos da “Paixão de Simão e Judas” diz que após pregarem no Egito, Simão juntou se a Judas e foram em missões para a Pérsia. Lendas do século sexto descrevem o martírio de ambos Simão e Judas na Pérsia, na cidade de Sufian (Siani); embora a tradição oriental diz que Simão morreu pacificamente em Edessa. Como São Tadeu, São Judas Tadeu tem sido confundido também com Santo Addai na Mesopotâmia.
A Epístola de São Judas Tadeu (Judas 1)
"1. Judas, servo de Jesus Cristo, irmão de Tiago, aos eleitos amados em Deus Pai e conservados por Jesus Cristo:
2. a misericórdia, a paz e o amor vos sejam dados copiosamente.
3. Caríssimos, desejando vivamente escrever-vos acerca de nossa comum salvação, senti a necessidade de fazê-lo exortando a combaterdes pela fé, que uma vez para sempre foi dada aos santos.
4. Porque dissimuladamente se introduziram alguns homens, já desde tempos antigos, destinados a esta condenação, ímpios que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam nosso único soberano e Senhor, Jesus Cristo.
5. Embora saibais tudo, quero, não obstante, lembrar-vos uma vez por todas que o Senhor, depois de salvar o povo do Egito, fez perecer, a seguir, os incrédulos.
6. Os anjos que não guardaram sua dignidade e abandonaram seu domicílio, ele os guardou presos com cadeias eternas nas trevas para o julgamento do grande dia.
7. Da mesma forma Sodoma e Gomorra e as cidades vizinhas, que, como elas, cometeram imoralidades, correndo atrás dos vícios contra a natureza, servem como advertência, agora que sofrem a pena de um fogo eterno.
8. Assim também eles num louco desvario mancham o próprio corpo, menosprezam a soberania de Deus e blasfemam dos seres angélicos.
9. O Arcanjo Miguel, quando discutia com o diabo, disputando-lhe o corpo de Moisés, não se atreveu a proferir um juízo de blasfêmia mas disse: Repreenda-te o Senhor.
10. Estes, no entanto, blasfemam de tudo que ignoram. E se corrompem mesmo naquilo que, à maneira de animais irracionais, só conhecem de modo instintivo.
11. Ai deles, porque andaram pelo caminho de Caim e, pelo amor do lucro, caíram no erro de Balaão e pereceram na revolta de Coré!
12. Eles são a vergonha de vossos banquetes. Banqueteiam-se convosco sem vergonha nenhuma, apascentando-se a si mesmos. São nuvens sem água arrastadas pelo vento. São árvores no fim do outono sem fruto algum, duas vezes mortas, sem raízes.
13. São ondas furiosas do mar, que lançam a espuma de suas impurezas. Astros errantes, aos quais está reservada a escuridão das trevas para sempre.
14. É deles que Henoc, o sétimo patriarca desde Adão, profetizou, dizendo: “Eis que vem o Senhor com suas santas miríades,
15. para exercer um juízo contra todos e convencer todos os ímpios de todas as impiedades que praticaram e de todas as palavras duras que os pecadores ímpios falaram contra ele”.
16. São murmuradores, queixosos, que andam segundo suas paixões, cuja boca fala arrogâncias e que adulam as pessoas por interesse.
17. Vós, caríssimos, lembrai-vos do que foi predito pelos apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
18. Eles vos diziam: “No final dos tempos haverá zombadores que andarão segundo seus ímpios desejos”.
19. Estes são os que fomentam as divisões. Vivem à mercê dos instintos, e não têm o Espírito.
20. Vós, porém, caríssimos, edificando-vos pela vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo,
21. conservai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.
22. Para uns exercei vossa misericórdia, pois que ainda vacilam.
23. A outros salvai, arrancando-os do fogo. Dos outros compadecei-vos com temor, execrando até a túnica contaminada por sua carne.
24. Àquele que pode guardar-vos da queda e apresentar-vos irrepreensíveis e com alegria perante a sua glória,
25. ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo Nosso Senhor, seja a glória, a magnificência, o império e o poder, desde antes de todo tempo e agora e por todos os séculos Amém."