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quinta-feira, 18 de março de 2021

O Despertar da Kundaliní, por Gopi Krishna

'Minha Experiência com A Kundaliní' , por Gopi Krishna


'Minha Experiência com A Kundaliní': por Gopi Krishna (1903/1984), foi um iogue; místico; professor; reformador social; e escritor. Ele nasceu em uma pequena vila nos arredores de Srinagar, nos estados de Jammu e Caxemira, no norte da Índia. Ele passou seus primeiros anos lá, e depois viveu em Lahore, no Punjab da Índia britânic
Imagem: Pixabay

"Certa manhã durante dezembro de 1937, sentei-me de pernas cruzadas num pequeno cômodo de uma casa onde eu morava em Jamnu, Índia. Estava meditando com minha face virada para o leste e o dia estava amanhecendo.

Pela prática de muitos anos, tinha-me acostumado a ficar sentado durante horas sem o menor desconforto. Sentava-me ali respirando devagar e ritmicamente, minha atenção voltada para o topo de minha cabeça, contemplando um lótus imaginário totalmente aberto, irradiando luz.

Sentava-me firme e ereto, meus pensamentos concentrados no lótus cheio de luz, tentando manter minha concentração e trazendo-a de volta quando se afastava em outra direção.

A intensidade da concentração interrompia minha respiração; gradualmente ela diminuía até ficar quase imperceptível. Todo meu ser se concentrava na contemplação do lótus, de tal modo que me esquecia do corpo e de onde estava. Durante estes momentos sentia-me como se estivesse suspenso no ar, sem a sensação do corpo. O único objeto do qual ficava consciente era um lótus de cor brilhante, emitindo raios de luz.

Essa experiência tem acontecido a muitas pessoas que praticam meditação por um tempo suficiente, mas o que aconteceu naquela manhã para mim mudou todo o curso de minha vida e poucos já experimentaram.

Durante aquela concentração, de repente senti uma estranha sensação sob a base de minha espinha, tão extraordinária e agradável que minha atenção foi arrastada para ela. Mas no momento em que minha atenção foi dirigida àquela experiência, a sensação cessou.

Achando que estava imaginando coisas, deixei de pensar naquilo e levei a atenção de volta ao ponto no topo da cabeça. Novamente me concentrei sobre o lótus e a imagem apareceu clara e distinta. Então a sensação da base da espinha reapareceu.

Dessa vez tentei me concentrar na base da espinha e consegui por alguns segundos,  e então a sensação subiu tão intensa pela minha espinha e era tão extraordinária que não se assemelhava a nada que já havia experimentado antes, e novamente se extinguiu.

Eu estava agora convencido que algo incomum havia acontecido, pela qual minha prática diária de concentração era responsável.

Eu já havia lido relatos de grandes yogues sobre os grandes benefícios que resultam da concentração e sobre os poderes miraculosos que eles adquirem desse modo. Meu coração começou a bater descontroladamente, e ficou difícil novamente fixar minha atenção na meditação.

Após um momento me acalmei e novamente entrei em meditação. Quando estava completamente imerso nela, novamente veio aquela sensação, mas dessa vez, em vez de deixar minha mente se distrair da concentração no ponto onde a tinha fixado, mantive-a onde estava.

A sensação novamente se dirigiu para cima, em crescente intensidade, e me senti flutuando, mas com grande esforço mantive minha concentração fixa no lótus. De repente, com um grande rugido como de uma cachoeira, senti uma corrente de luz líquida entrando em meu cérebro através da espinha.

Totalmente despreparado para a experiência, fiquei sem saber o que fazer, mas retomando rápido meu autocontrole, continuei sentado na mesma posição, mantendo a mente concentrada em seu objeto. A iluminação ficou mais e mais brilhante, o rugido aumentou ainda mais, e experimentei uma sensação de estar saindo do corpo, inteiramente envolvido num halo de luz.

É impossível descrever a experiência corretamente. Senti o ponto de consciência que eu era expandindo-se mais e mais enquanto o corpo parecia se distanciar, até eu ficar inteiramente inconsciente dele. Eu era agora todo consciência, sem forma, sem corpo, sem qualquer sentimento ou sensação vinda dos sentidos, imerso num mar de luz, simultaneamente desperto e consciente em cada ponto dele, expandindo em todas as direções sem qualquer barreira ou obstrução material.

Não era mais eu mesmo, ou para ser mais preciso, não mais me reconhecia como sendo um pequeno ponto de consciência confinado num corpo, mas em vez disso um vasto círculo de consciência no qual o corpo era apenas um ponto, banhado em luz e num estado de exaltação e felicidade impossível de descrever.

Após algum tempo, cuja duração não posso precisar, o círculo começou a se estreitar; senti que estava contraindo, me tornando cada vez menor, até que novamente me senti consciente do corpo e voltei à minha velha condição. Tornei-me consciente dos barulhos da rua, novamente senti meus braços e pernas e mais uma vez me tornei meu estreito eu, em contato com o corpo e seu meio.

Quando abri os olhos e olhei ao redor, me senti um pouco atordoado e confuso, como se tivesse voltado de um país estranho e completamente desconhecido para mim. O sol tinha nascido e já brilhava forte. Tentei levantar minhas mãos mas não consegui. Com esforço levantei e estiquei os braços, tentando restabelecer a circulação livre do sangue. Em seguida tentei retirar minhas pernas da posição de meditação na qual eu estava, mas não pude; estavam pesadas e rígidas. Com a ajuda das mãos, puxei as pernas e as estiquei, em seguida me encostei na parede para ficar mais confortável.

O que tinha me acontecido? Teria sido vítima de uma alucinação? Ou teria experimentado o estado transcendental? Teria tido sucesso onde milhões tinham falhado? Haveria, então, realmente alguma verdade nas declarações dos sábios e ascetas da Índia, feitas durante milhares de anos, de que era possível apreender a Realidade nesta vida, se a pessoa seguisse certas regras de conduta e praticasse a meditação corretamente?

Eu estava estupefato. Dificilmente podia acreditar que tive aquela experiência divina. Tinha experimentado uma expansão de meu ser, de minha consciência, e a transformação que a corrente vital trouxera tinha começado da base da espinha e encontrado seu caminho para o cérebro através da espinha.

Lembrei que tinha lido há muito tempo em livros de yoga sobre um certo mecanismo vital chamado Kundaliní, conectado com o final da espinha, que se torna ativo através de certos exercícios, e uma vez desperto leva a limitada consciência humana para as alturas transcendentais, capacitando o indivíduo com incríveis poderes psíquicos e mentais.

Teria sido sortudo o suficiente para encontrar a chave desse maravilhoso mecanismo, sobre o qual as pessoas falavam sem tê-lo visto em ação em si mesmas? Tentei novamente repetir a experiência, mas estava tão fraco e estupefato que não pude concentrar meus pensamentos o suficiente para conseguir a concentração.

Olhei para o sol. Será que em minha condição de extrema concentração eu teria confundido a luz solar com o brilhante halo que me rodeou no estado superconsciente?

Fechei meus olhos novamente, permitindo que os raios solares pousassem sobre minha face. Não, o brilho que percebi vindo do sol era completamente diferente. A luz que eu experimentara foi interior, uma parte integral de uma consciência expandida, uma parte de meu ser."


Gopi Krishna


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Nota: Kundaliní vem do sânscrito e significa "fogo enroscado", a energia universal que alimenta a vida. É chamada no Ocidente de energia telúrica ou geoenergia. Entre os praticantes do Yoga é denominada Shakti e definida como a força divina que jaz aninhada na base da coluna humana. O despertar da energia Kundaliní tem caráter essencialmente espiritual, influenciando diretamente o equilíbrio do fluxo energético da vida.

Gopi Krishna (1903/1984), foi um iogue; místico; professor; reformador social; e escritor. Ele nasceu em uma pequena vila nos arredores de Srinagar, nos estados de Jammu e Caxemira, no norte da Índia. Ele passou seus primeiros anos lá, e depois viveu em Lahore, no Punjab da Índia britânica.


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