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segunda-feira, 23 de março de 2020

Perdoe não sete vezes, mas até setenta vezes sete!

O perdão dos pecados na visão Espírita


"Em resposta a Pedro, o velho pescador galileu, informa o Divino Amigo que devemos perdoar não sete vezes, mas até setenta vezes sete.

Em outra oportunidade, aconselha conciliação com o adversário “enquanto estivermos a caminho com ele”, isto é, enquanto estivermos reencarnados. O perdão, no conceito das religiões não-reencarnacionistas, significa “apagar faltas”.

Limpar a alma do pecado, ou seja, do mal praticado.

Eximir de responsabilidade.

Nos termos do perdão teológico, aquele que ofendeu alguém e recebe absolvições humanas, fica com a estrada livre para novos desatinos.

Há, como se vê, nesse tipo de perdão, visível estímulo a novos erros, novos enganos, novas ilusões.

O homem sente-se, inevitavelmente, estimulado a novas quedas, novas reincidências, com fatais prejuízos ao processo evolutivo, que se retarda, no tempo.

A conceituação doutrinária do Espiritismo, em torno do tema “perdão”, é bem outra.

Muito diversa, menos fácil, porém, inegavelmente, mais sensata, mais lógica.

O perdão, segundo a Doutrina Espírita, não alarga as portas do erro; pelo contrário, restringe-as, sobremaneira, por apontar responsabilidades para quem estima a leviandade e a injúria, a crueldade e o desapreço à integridade, moral ou física, dos companheiros de luta, na paisagem terrestre.

De acordo com os preceitos espíritas, não há perdão sem reparação consequente, embora os próprios Instrutores de Mais Alto lembrem a palavra evangélica, que nos incentiva à integração com o Bem, no apostolado da fraternidade, através do ensinamento “o amor cobre a multidão dos pecados”, que representa a única força “que anula as exigências da Lei de Talião, dentro do Universo Infinito”"

Emmanuel

"O perdão que o Espiritismo e os amigos espirituais preconizam em verdade não é de fácil execução.

Requer muito boa-vontade.

Demanda esforço — esforço continuado, persistente.

Reclama perseverança.

Pede tenacidade.

É bem diferente do perdão teológico, que deve ter tido, em algum tempo, sua utilidade.

Não se veste de roupagem fantasiosa, não se emoldura de expressões simplesmente verbais.

Os postulados espíritas indicam-no por concessão de nova ou novas oportunidades de resgate e reparação dos erros praticados e dos males que deles resultaram.

Elevados Mensageiros do Pai, respondendo ao Mestre lionês, afirmaram que “o arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado”.

Emmanuel assevera, desenvolvendo a tese doutrinária, que “a concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a magnanimidade da Lei” (“O Consolador”).

André Luiz esclarece que Deus “não castiga e nem perdoa, mas o ser consciente profere para si as sentenças de absolvição ou culpa ante as Leis Divinas” (“O Espírito da Verdade”).

Para a alma realmente interessada no perdão que não seja, apenas, um enunciado verbal, sem repercussões íntimas nas fontes augustas do sentimento, o ato de perdoar significa alguma coisa de grandioso e sublime, por isso mesmo difícil de executar.

Não se constitui da vã afirmativa: “eu perdoo”, permanecendo o coração fechado a qualquer entendimento conciliador e a mente cristalizada nas vibrações menos fraternas.

Não há perdão real, legítimo, definitivo, evangélico, doutrinário, quando o ofendido não se inclina a ajudar o ofensor, a servi-lo cristãmente, a socorrê-lo nas necessidades de qualquer natureza, se preciso.

As verdadeiras características do perdão com Jesus, apregoadas pelo Espiritismo, são, realmente, singulares e difíceis:

— esquecimento do mal recebido,

— não nos regozijarmos com os insucessos do ofensor,

— auxiliarmos, discretamente, sempre que possível, ao adversário,

— usarmos a delicadeza sincera, no trato com os que nos magoaram o coração ou feriram a sensibilidade, — vibrarmos, fraternalmente, em favor dos que nos desestimam.

Como se observa, perdoar, segundo o Espiritismo, não é problema a resolver por meio de afirmativas apressadas, sem vivência interior.

O maior beneficiário do perdão não é, como parece, aquele que o recebe, mas o que o concede.

O que é perdoado, se reconforta, se reanima.

O que perdoa, sinceramente, recolhe, dos Céus, as mais profusas bênçãos — bênçãos que nenhum tesouro do mundo pode substituir ou suplantar, tais como,

— conservação da paz interior,

— preservação da saúde,

— alegria de transformar o adversário em amigo, pelo reconhecimento que o perdão desperta e suscita,

— exercitação, cultivo dos mais belos sentimentos da alma humana, tais sejam, por exemplo, a humildade, o altruísmo, a nobreza moral.

Quem não perdoa, permanece ligado ao adversário, encarnado ou desencarnado, pelas faixas escuras do pensamento hostil.

Quem não perdoa, insistindo na mágoa raivosa, permite se estabeleça, entre a sua e a mente do adversário, uma ponte magnética, através da qual circulam, em regime de vaivém, de idas-e-voltas consecutivas, as vibrações do ódio e da vingança.

Quem perdoa, liberta o coração para as mais sublimes manifestações do amor que eleva e santifica.

“A alma que não perdoa, retendo o mal consigo, assemelha-se a um vaso cheio de lama e fel.”

“Jesus aconselhava-nos a perdoar infinitamente, para que o Amor seja em nosso Espírito como Sol brilhando em casa limpa.”

Maravilhosos conceitos, extraídos das obras de André Luiz!

Aquele que perdoa dissolve, ainda hoje, e aqui mesmo, os antagonismos, nas águas puras e doces da compreensão.

Quem não perdoa transfere para amanhã, noutras existências, em qualquer parte do Universo Ilimitado, os dolorosos reajustes, que bem se poderiam extinguir na presente reencarnação.

Aquele que perdoa, transpõe os pórticos da Espiritualidade, na morte do corpo físico, com a paz na consciência, a luz no Espírito, o consolo no coração.

Quem não perdoa, carrega consigo, no mundo extra- corpóreo, a sombra e o remorso."

José Martins Peralva, in "O Pensamento de Emmanuel"

QUESTÃO 661 - O LIVRO DOS ESPÍRITOS


A Prece

661. Poderemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?

“Deus sabe discernir o bem do mal; a prece não esconde as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras.”

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"A concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a magnanimidade da Lei."
Emmanuel


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