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terça-feira, 16 de junho de 2020

Sadhguru, sobre Krishnamurti

Jiddu Krishnamurti

"Jiddu Krishnamurti nasceu numa vila chamada Madanapale. Eu estive na casa onde ele nasceu e viveu. Um belo lugar. A casa é mantida hoje como um monumento dedicado a ele. No fim do século 19 e começo do século 20, a teosofia espalhou-se por todo o mundo. Esse movimento foi iniciado por Madame Blavatsky, que era uma mulher muito culta e mística.

Nessa época muitos britânicos e outros europeus, buscadores do misticismo, viajavam à Índia para explorar a vida mística, entre eles estava Max Muller, Paul Brunton e outros. Naquela época era uma aventura, você tinha que viajar a cavalo, tinha que pedir informações a pessoas, encontrar o guru adequado etc.

Madame Blavatsky foi ao Tibete, depois veio à Índia e finalmente estabeleceu a sede mundial da teosofia no Sul do país, em Adyar, e ali o sonho dos teósofos era produzir o ser perfeito. Os teósofos na Índia conseguiram organizar a mais fantástica biblioteca do mundo, onde juntaram todo tipo de livro sobre o ocultismo.

Teósofos como Annie Besant e Leadbeater possuíam um brilhante intelecto, sem dúvida, no entanto não tinham realização interior. Então começaram a procurar um corpo apropriado que seria usado pelo Instrutor do Mundo (Maitreya), e puseram Krishnamurti num treinamento severo para prepara-lo, inclusive com técnicas de meditação, e ele se tornou um fantástico ser humano.

Quando Krishnamurti tinha 27 ou 28 anos, a Sociedade Teosófica decidiu anunciar ao mundo que nele se manifestaria o Instrutor Mundial, que o instrutor perfeito tinha chegado. As pessoas ficaram muito interessadas em Krishnamurti.

Krishnamurti então lhes disse: “Eu não sou o Instrutor do Mundo.” E com isso toda a Sociedade Teosófica desmoronou. Ele teve a coragem, o bom-senso e a sabedoria de dizer: “Eu não sou”. A grande maioria das pessoas diria: “Sou a reencarnação de Buddha, Jesus” e tudo o mais. Mas ele teve o bom-senso de dizer: “Não sou isso que estão tentando me tornar”.

Em seguida abandonou o movimento teosófico e começou a dar palestras, era um brilhante orador. Quando falava, encantava as pessoas. Falava de um modo completamente mágico.
Quando eu tinha 18 anos, alguém me convidou para assistir a algumas de suas palestras em vídeo. Era um grupo de estudos. As pessoas diziam: “Você tem que ler Krishnamurti”. Nos círculos intelectuais da Índia, se você não lesse Krishnamurti, Kirkegaard e Dostoievsky, era considerado uma pessoa sem cérebro. Era a moda.

Às segundas-feiras passavam vídeos de Krishnamurti, liam seus livros. Alguns amigos me convidaram e eu fui. Quando o vi, percebi imediatamente sua integridade, que era notável.

Não li seus livros, apenas assisti aos vídeos. Na verdade eu não tinha tempo de ler as palavras de ninguém. A vida me chamava o tempo todo. Por isso não tinha tempo de ouvir meus pais, meus professores ou Krishnamurti. Então deixei o círculo de estudos e segui minha vida.

Frequentei esse grupo durante cinco segundas-feiras, durante uma hora e meia cada. Depois do vídeo, começavam a discutir seus ensinamentos, e tudo acabava numa grande confusão, porque ninguém entendia o que ele dizia. Ele se recusava a usar qualquer método, qualquer exemplo, qualquer parábola ou história, nada. Apenas análise, dissecação. Isto é chamado Jnana Marga, o caminho do intelecto.

Dos sete bilhões de pessoas desse planeta, se você encontrar dez mil pessoas que têm esse tipo de intelecto cortante e analítico, que pode seguir analisando cada coisa... eu creio que você não vai encontrar dez mil pessoas assim. Talvez você encontre mil pessoas, e essas mil talvez não estejam interessadas no processo espiritual, talvez estejam interessadas em usar seu intelecto em coisas materiais.

Ao redor de Krishnamurti todos podiam sentir que aquele homem era especial, mas ninguém entendia o que ele falava, porque ele se recusava a fazer o papel de guru, ele se recusava a iniciar alguém, se recusava a usar qualquer tipo de método, qualquer tipo de processo.

Ele disse: “De qualquer maneira a iluminação acontecerá”. É verdade. Ela acontecerá, mas talvez após um milhão de vidas. Então, se você tiver pressa, deve ter aquele tipo de intelecto, que é raro. Ou então deve usar seus outros instrumentos, que são o corpo, a energia, as emoções, todas essas coisas. Krishnamurti podia com seu intelecto chegar àquelas verdades, mas ninguém mais podia.

Ele era um fantástico ser humano. Enquanto estava nesse mundo, podia-se sentir a fragrância. Quando se foi, só ficaram os livros, porque não havia um processo vivo.

Um amigo meu disse sobre Krishnamurti: “Quando entrei na sala onde estava dando uma palestra, senti que adentrei um muro de amor. Esse sentimento bateu em minha face”.

As pessoas nunca associam Krishnamurti ao amor. Ele não era um homem que demonstrava seus sentimentos. Era rígido, sério, definitivamente não parecia amoroso, mas era amoroso, absolutamente compassivo. Suas palavras eram como facas: analisavam, dissecavam.

O próprio Krishnamurti não queria que as pessoas se apoiassem nele. Dizia que se se apoiassem ficariam presas. Se houvesse no mundo um milhão de mentes puramente racionais, esse método seria fabuloso para se seguir. Mas nesse mundo as pessoas ainda não estão preparadas para isso. É um belo processo espiritual, mas...

Krishnamurti era como uma flor. Sua fragrância foi sentida enquanto estava neste mundo. Suas palavras são boas se você quiser usa-las como um tipo de exercício intelectual. Se puder entender algo, elas são uteis, brilhantes."
Sadhguru

Jiddu Krishnamurti (11/05/1895 - 17/02/1986), foi um filósofo, escritor, orador e educador indiano. Proferiu discursos que envolveram temas como revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global.

Jaggi Vasudev, o Sadhguru

Sadhguru (03/09/1957), é um iogue, místico e escritor indiano. Fundou a Fundação Isha, uma organização sem fins lucrativos que oferece programas de yoga ao redor do mundo. e envolve-se ativamente em divulgação, educação e iniciativas em prol do meio ambiente e da filosofia de vida iogue.

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