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sexta-feira, 13 de maio de 2022

A Intervenção da Providência

Tudo o que o ser humano possuí: inteligência, caráter, sentimento, tudo o que constitui sua individualidade é obra de uma evolução prodigiosa e formou-se lentamente através de inúmeras encarnações sucessivas. O ser humano é como Ahasverus, da lenda, a caminhar sem termo na senda infinita da evolução. O princípio que anima o homem já passou pelas experiências do animal e da planta, e mais tarde penetrará nos mundos superiores para adquirir o conhecimento sagrado reservado aos eleitos. Há em todo o Universo um dinamismo intenso e contínuo que impele todos os seres para estados de consciência cada vez mais elevados. Compete ao ser humano descobrir e exercer a sua missão no concerto do Cosmos.
Imagem de Ronald Sanson Stresser Junior por Pixabay


"O homem é um investigador colocado por Deus à entrada do caminho da evolução", assim se exprimiu Paul Carton. Os seus primeiros passos são difíceis e lentos. Quanto mais avança, mais a sua liberdade se engrandece, mais os seus poderes aumentam, mais as suas faculdades de discernimento encontram em que se exercer. 

Ora, as suas possibilidades de discernimento repousam sobre duas sensações; o prazer e a dor que foram a alegria e o sofrimento. Se tivesse gozado mediatamente da plena razão e da clarividência, não haveria para o ser humano mérito algum em progredir e por consequência em obter recompensa suprema. Se acaso o ser humano surgisse do nada com todas as suas faculdades perfeitas, então seríamos meros autômatos, criações irrisórias da Divindade, incapazes de distinguir o bem e o mal.

Tudo o que o ser humano possuí: inteligência, caráter, sentimento, tudo o que constitui sua individualidade é obra de uma evolução prodigiosa e formou-se lentamente através de inúmeras encarnações sucessivas. O ser humano é como Ahasverus, da lenda, a caminhar sem termo na senda infinita da evolução. O princípio que anima o homem já passou pelas experiências do animal e da planta, e mais tarde penetrará nos mundos superiores para adquirir o conhecimento sagrado reservado aos eleitos. Há em todo o Universo um dinamismo intenso e contínuo que impele todos os seres para estados de consciência cada vez mais elevados. Compete ao ser humano descobrir e exercer a sua missão no concerto do Cosmos.

E, para progredirmos, importa pensarmos livremente, agir com a razão, ampliar o discernimento, sondar todos os mistérios da vida, compreender, enfim, o plano divino da evolução eterna. Mas sem o conhecimento da nossa natureza espiritual, jamais podemos colaborar conscientemente neste plano.

A Teosofia desperta no homem os poderes adormecidos, poderes que devem ser postos em atividade no momento atual. Atravessamos agora uma das mais tremendas crises por que tem passado a humanidade no seu lento caminhar. Há neste momento uma aceleração mais rápida, opera-se um aumento de velocidade que impele novas translações à humanidade, que tende a se renovar em tudo, aniquilando o passado e as tradições, e ascendendo a etapas espirituais até hoje desconhecidas para a maioria de nós. Dai a necessidade do conhecimento das leis divinas, que a Teosofia expõe.

Disse um grande Mestre que um pouco de atenção que soe preste à Teosofia, produz grandes resultados na vida. Ela nos ensina as leis que presidem as ações dos seres humanos na sociedade, as suas relações com os seus semelhantes.

Uma destas leis é a solidariedade humana, a fraternidade que deve existir entre as pessoas. Formamos uma unidade perfeita, e quando alguém perturba essa harmonia deve fatalmente sofrer as consequências e seções que nascem do equilíbrio perturbado. Somos, na natureza, solidários como elementos constituintes dessa grande coletividade que habita a Terra. E o mal feito a um é uma ameaça feita a todos. Por isso a reação é fatal. E o benefício que que se fizer aproveita ao conjunto humano, porque nada se perde na natureza. A lei da evolução é uma grande lei de harmonia.

Quando o homem rompe o seu equilíbrio, praticando atos culposos, desrespeitando a fraternidade humana, este equilíbrio não pode ser reestabelecido senão infringindo o sofrimento a quem praticou o ato criminoso.

Guardemos na consciência esta verdade profunda: "Há, na ordem moral, como na ordem física, leis divinas que jamais podemos transgredir impunemente, e cujo efeito formam, neste mundo, a intervenção permanente daquilo a que chamamos Providência."

 

E. Nicoll (1934), revisão e adaptação R. Stresser, Jr (2022)


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