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domingo, 21 de fevereiro de 2021

Bhagavad-gītā: Capítulo 7: 'O Conhecimento Acerca do Absoluto'

 Os 30 Versos do Capítulo 7 do Bhagavad-gītā: 'O Conhecimento Acerca do Absoluto'


Nebulosa do Véu/Telescópio Hubble/NASA


"1: A Suprema Personalidade de Deus disse: Agora preste atenção, ó filho de Pṛthā, enquanto lhe explico como é que, praticando yoga com plena consciência de Mim, e com a mente apegada a Mim, você poderá livrar-se das dúvidas e conhecer-Me por completo.

2: Agora, vou declarar na íntegra este conhecimento, tanto fenomenal quanto numenal. Conhecendo isto, não restará nada mais para você saber.

3: Dentre muitos milhares de homens, talvez haja um que se esforce para obter a perfeição, e dentre aqueles que alcançaram a perfeição, é difícil encontrar um que Me conheça de verdade.

4: Terra, água, fogo, ar, éter, mente, inteligência e falso ego — juntos, todos estes oito elementos formam Minhas energias materiais separadas.

5: Além dessas, ó Arjuna de braços poderosos, existe uma outra energia, a Minha energia superior, que consiste das entidades vivas que exploram os recursos desta natureza material inferior.

6: Todos os seres criados têm sua fonte nestas duas naturezas. Fique sabendo com toda a certeza, que Eu sou a origem e a dissolução de tudo o que é material e de tudo o que é espiritual neste mundo.

7: Ó conquistador de riquezas, não há verdade superior a Mim. Tudo repousa em Mim, como pérolas num cordão.

8: Ó filho de Kuntī, Eu sou o sabor da água, a luz do Sol e da Lua, a sílaba OM nos mantras védicos; Eu sou o som no éter e a habilidade no homem.

9: Eu sou a fragrância original da terra e sou o calor no fogo. Eu sou a vida de tudo o que vive e sou as penitências de todos os ascetas.

10: Ó filho de Pṛthā, fique sabendo que Eu sou a semente da qual se originam todas as existências, sou a inteligência dos inteligentes e o poder de todos os poderosos

11: Eu sou a força dos fortes, desprovida de paixão e desejo. Eu sou a vida sexual que não é contrária aos princípios religiosos, ó senhor dos Bhāratas (Arjuna).

12: Fique sabendo que todos os estados de existência — sejam eles em bondade, paixão ou ignorância — manifestam-se por Minha energia. Num certo sentido, Eu sou tudo, mas Eu sou independente. Eu não estou sob a influência dos modos da natureza material, mas eles, ao contrário, estão dentro de Mim.

13: Iludido pelos três modos [bondade, paixão e ignorância], o mundo inteiro não conhece a Mim, que estou acima dos modos e sou inesgotável.

14: Esta Minha energia divina, que consiste dos três modos da natureza material, é difícil de ser suplantada. Mas aqueles que se renderam a Mim podem facilmente transpô-la.

15: Os descrentes que são grosseiramente tolos, que são os mais baixos da humanidade, cujo conhecimento é roubado pela ilusão e que compartilham da natureza ateísta dos demônios, não se rendem a Mim.

16: Ó melhor entre os Bhāratas, quatro classes de homens piedosos passam a Me prestar serviço devocional — o aflito, o que deseja riquezas, o inquisitivo e o que busca conhecer o Absoluto.

17: Destes, aquele que tem conhecimento pleno e está sempre ocupado em serviço devocional puro é o melhor. Pois Eu lhe sou muito querido, e ele é querido por Mim.

18: Todos esses devotos são sem dúvida almas magnânimas, mas aquele que cultiva o conhecimento acerca de Mim, Eu o considero como sendo tal qual Eu mesmo. Ocupando-se em Me prestar serviço transcendental, ele com certeza Me alcançará, e esta é a meta mais elevada e perfeita.

19: Após muitos nascimentos e mortes, aquele que tem verdadeiro conhecimento rende-se a Mim, sabendo que sou a causa de todas as causas e de tudo o que existe. É muito raro encontrar semelhante grande alma.

20: Aqueles cuja inteligência foi roubada pelos desejos materiais rendem-se aos semideuses e prestam adoração através de determinadas regras e regulações que se coadunam com suas próprias naturezas.

21: Eu estou nos corações de todos como a Superalma. E logo que alguém deseje adorar a um semideus, Eu fortifico a sua fé para que ele possa se devotar a essa deidade específica.

22: Munido com esta fé, ele se empenha em adorar um semideus específico e realiza seus desejos. Mas na verdade, estes benefícios são concedidos apenas por Mim.

23: Homens de pouca inteligência adoram os semideuses, e seus frutos são limitados e temporários. Aqueles que adoram os semideuses vão para os planetas dos semideuses, mas Meus devotos acabam alcançando Meu planeta supremo.

24: Homens sem inteligência, que não Me conhecem perfeitamente, pensam que Eu, a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, antes era impessoal e que agora assumi esta personalidade. Devido a seu conhecimento limitado, eles não conhecem Minha natureza superior, que é imperecível e suprema.

25: Eu nunca Me manifesto aos tolos e aos não-inteligentes. Para eles, Eu estou coberto por Minha potência interna, e portanto eles não sabem que Eu sou não nascido e infalível.

26: Ó Arjuna, como a Suprema Personalidade de Deus, sei tudo o que aconteceu no passado, tudo o que está acontecendo no presente e tudo o que ainda vai acontecer. Conheço também todas as entidades vivas; mas a Mim ninguém conhece.

27: Ó descendente de Bharata, ó vencedor do inimigo, todas as entidades vivas nascem em ilusão, confundidas pelas dualidades surgidas do desejo e do ódio.

28: Aqueles que agiram piedosamente tanto nesta vida quanto em vidas passadas, e cujas ações pecaminosas se erradicaram por completo, livram-se da ilusão manifesta sob a forma das dualidades, e se ocupam em servir-Me com determinação.

29: Os homens inteligentes que buscam libertar-se da velhice e da morte refugiam-se em Mim, prestando serviço devocional. Eles de fato são Brahman porque conhecem inteiramente tudo sobre as atividades transcendentais.

30: Aqueles que estão em plena consciência de Mim, que sabem que Eu, o Senhor Supremo, sou o princípio governante da manifestação material, dos semideuses e de todos os métodos de sacrifício, podem, mesmo na hora da morte, compreender e conhecer a Mim, a Suprema Personalidade de Deus."

Bhagavad-gītā (Capítulo 7)


Imagem: Esta imagem do Telescópio Espacial Hubble mostra uma pequena área da Nebulosa do Véu, também conhecida como Nebulosa da Vassoura de Bruxa. Esta imagem mostra o gás aquecido e ionizado e a poeira cósmica da região. É também o resultado de uma supernova que explodiu na região entre 3.000 a 6.000 a.C. (Crédito: NASA)



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