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domingo, 7 de agosto de 2011

A Caveira Celta



O cranio faz mais do que apenas proteger o cérebro, através dos séculos ele também estimula a mente e a imaginação da raça humana. A caveira é usada há milhares de anos para representar a mortalidade dos seres humanos, e também seu poder. A caveira é símbolo de conhecimento, mortalidade e poder, tem sido - por dezenas de milhares de anos - empregado em cerimonias, rituais e na arte. 

Todas as culturas usam cranios e caveiras para expressar idéias sobre a vida e a morte. Sabemos disso através de artefatos arqueológicos, descobertos em túmulos pré-históricos. Até hoje caveiras são usadas na magia, em rituais, na arte e até em logomarcas; elas representam uma imagem comum, que todos temos dentro de nosso corpo, mas que - para a maioria - se revela apenas após o desencarne.

Na cultura Celta antiga a caveira tinha grande importancia. Para os celtas o cranio simboliza:

- Tempo
- Concentração
- Iniciação
- Criação
- Portal de entrada e saída
- Divindade
- Poder

A cultura celta, não diferentemente de outras culturas ancestrais, viu na cabeça, ou cranio, uma fonte de poder. Alguns textos antigos apontam o cranio como a casa da alma. Achados arqueológicos nos mostram cranios celtas jogados em poços sagrados, como oferenda. Aquela civilização possuia profundos conhecimentos de magia. 

Eles sabiam que a água carrega informação, significados de purificação, limpeza e fluidez de movimento - as emoções são também representadas pela água. Então, se as caveiras simbolizam a morada da alma e do poder, talvez, atirando os cranios às profundezas escuras da água do poço sagrado, havia a intenção de limpar a alma, ou oferecer clareza divina, renovação para a alma.

Poços sagrados não são o único lugar onde foram encontrados cranios - como objetos ritualísticos - nos reinos celtas. Foram encontradas várias esculturas de cranios, usados para decorar portas e corredores dos antigos pontos cerimoniais e santuários.

O folclore Celta fala também de cranios falantes. A cabeça decepada de Bran, o Abençoado - um lendário deus celta de proporções gigantes - manteve-se animada após sua desencarnação. Bran sabia que ia morrer de qualquer jeito - devido a um ferimento feito por uma lança envenenada - então ele pediu a seus homens para cortarem sua cabeça, enterrando-a em solo sagrado. A lenda conta que a cabeça de Bran manteve os homens entretidos durante a viagem. Falando, cantando e contando piadas por todo o percurso.

Claro, isso é um mito, fica difícil legitimar uma lenda que conta sobre um cranio falante. Entretanto, se olharmos de maneira ampla, podemos enxergar as coisas por outra perspectiva. Os Celtas eram obcecados e ficavam extasiados com a idéia de passagens, portas, portais, orifícios, que levavam ou passavam por outras dimensões. Considerando os cinco orifícios existentes no cranio humano - dois olhos, duas cavidades do nariz e uma na boca - o número de orifícios no crânio se encaixa perfeitamente com o poder místico dos celtas, relacionado ao número cinco.

De fato, quase todas as culturas que possuiram capacidade espiritual para observar seu mundo, e o Universo em que ele gira, tem cinco temas simbólicos principais. Os quatro primeiros temas intemporais são os quatro pilares da vida, encontrados em inúmeras culturas - incluindo a Celta - e que são bastante simples de serem compreendidos. Eles lidam com estruturas clássicas, como, por exemplo:

Quatro elementos: Fogo, Terra, Ar, Água
Quatro direções: Norte, Sul, Leste, Oeste
Quatro estações: Verão, Inverno, Primavera, Outono

O quinto elemento foi descoberto por iluminação, através da sagacidade ​​espiritual, quando as culturas ancestrais libertaram suas mentes do confinamento rígido dos "quatro lados" da caixa. 

Eles começaram então a compreender o conceito de uma essencia mais expansiva, aglutinadora dos quatro elementos comuns. 

É aí que o quinto elemento faz sua aparição, no pensamento esotérico, transcendente. Os celtas perceberam que os quatro pilares são unidos por um quinto elemento. Juntos - os cinco elementos - são fonte de um poder, que equilibra e unifica, e que, possivelmente, pode ser aproveitado pela mente humana.

Explorando o equilíbrio cinco vezes, quem sabe que tipo de consciencia pode ser adquirida?

Os Druidas nos mostraram uma iluminação abrangente, ao equilibrar racionalmente os cinco aspectos da natureza, dentro de compreensão humana. Os significados celtas, por trás desse conceito, podem facilmente encher um livro... Além disso, existem tres grandes aberturas no cranio, e tres é também um número sagrado para os celtas, significa uma dança progressiva entre o banal e o cósmico, gerando um novo rumo na percepção. Ao alinharmos estes tres orifícios principais, encontrados no cranio humano, encontramos um triangulo, outra símbologia com forte apelo, pois representa a transição, a magia e a criação.
Ainda sob o aspecto da geometria divina, a cabeça - ou o cranio, em si - é, como podemos perceber, circular. Os olhos são circulares também, e os círculos são símbolos celtas comuns para os ciclos de tempo, bem como à imortalidade e integridade. Os círculos representam uma essencia de conectividade energética, vasta e infinita.

Talvez os celtas, em sua percepção expandida da realidade, tenham também usado o símbolo do cranio como um oráculo. Podemos concluir que, quando mergulhados em transe profundo, ou meditação, os olhos e a boca do cranio se abriam, como janelas cósmicas, portais que levavam ao conhecimento etérico. É elementar chegarmos a esta conclusão, especialmente levando-se em conta que a cabeça ou cranio - de acordo com a filosofia Celta - era um símbolo que representava a morada do poder divino dentro do corpo humano.


Como 'casa do pensamento, da alma', a cabeça ou cranio, tinha profundo significado na vida dessas pessoas. Este fato pode ser atestado através da presença prolífica do cranio humano - em sua forma natural - em representações rituais ou artisticas, nos achados arqueológicos de oferendas, trabalhos artísticos e escritos celticos, que corroboram a relevante importancia simbólica do cranio, da caveira, no folclore daquela civilização.

O estudo dos fatos históricos, ligados à mitologia e a cultura Celta, nos levam a ver a caveira com outros olhos, com os olhos de nossa própria caveira, comum a todos os seres humanos. Espero que este post, sobre os significados e simbologia do cranio na cultura Celta, lhe ofereça uma nova perspectiva, mais ampla, do que poderia potencialmente ser um assunto macabro.

Leva algum tempo até pensarmos de acordo com a perspectiva Celta a respeito dos cranios. Pois antes nos vemos obrigados a fazer um balanço de nossas próprias crenças e opiniões. Particularmente, mantenho entre minhas pedras e cristais, um pequeno cranio celta, fundido em metal, o qual minha irmã trouxe da Inglaterra e me ofereceu como presente. Considero um amuleto poderoso, o qual, principalmente, me faz lembrar humildemente qual minha natureza e qual será o destino do meu corpo, como veículo temporário do meu espírito.

A simbologia contida na caveira celta me traz a percepção do potencial humano, servindo como memorável símbolo de humildade, mostrando a temporalidade cíclica da vida terrena.  

A representação de crânios, caveiras, como objetos de magia, contém a simbologia da dualidade entre o terreno e o cósmico, o divino e o mortal, alojados em harmonia dentro de um mesmo veículo. A caveira é a raiz, suporte e proteção à vida biológica que nos conecta ao divino que se encontra oculto dentro de nós.

Se voce ainda sente medo ao olhar ou imaginar uma caveira. Se voce acha que o cranio humano é um símbolo macabro, ou objeto de adoração demoníaca... talvez a a lenda da Caveira Celta possa lhe ajudar a enxergar a caveira com outros olhos... com os olhos do seu próprio crânio. Esta lenda pode lhe ajudar a ver através das janelas de sua própria alma, abrindo-lhe as portas da percepção.

A Lenda da Caveira Celta

Era uma vez um granjeiro que tinha apenas um filho. Este filho morreu e o pai não quis ir ao enterro porque antes houve uma briga entre eles. Passado um tempo, morreu um vizinho e ele foi ao seu enterro. Depois da cerimônia e ainda estando o granjeiro no cemitério, olhando distraído ao redor viu uma caveira.

Juntou-a e disse, pensativo:

- Gostaria de saber alguma coisa sobre ti...

E a caveira falou:

- Amanhã irei passar a noite contigo, se vieres passar outra noite comigo.

- Assim farei - disse o granjeiro.

No caminho de volta, encontrou um sacerdote e comentou o que tinha ocorrido. O sacerdote lhe disse que deveria ter sonhado, posto que as caveiras não falam. O granjeiro lhe contou que na noite seguinte seria visitado pela caveira, e o sacerdote concordou em ir. Assim, na noite seguinte, estavam o granjeiro e o sacerdote conversando quando, em seguida, chamaram à porta e apareceu a caveira. Ela subiu à mesa e comeu tudo que nela havia. Depois, saiu e desapareceu.

- Por que não falaste nada? - inquiriu o granjeiro ao sacerdote.

- Por que TU não falaste? - respondeu o outro.

Na noite seguinte, como dia combinado com a caveira, o granjeiro foi até o cemitério e, não vendo nada, desceu os tres degraus que estavam junto à Igreja. De pronto se encontrou no meio de um campo, cheio de homens que lutavam entre si. Ao ver o granjeiro, perguntaram-lhe se procurava o crânio. Ao assentir, eles disseram:

- Acaba de ir para o campo ao lado.

No outro campo viu homens e mulheres que lutavam entre si.

- Estás procurando um cranio? - perguntaram - Pois bem, acaba se ir ao campo do lado.

O granjeiro se foi ao campo do lado e viu uma grande casa. Ao entrar viu que era a habitação de uma dama e uma criada. A dama caminhava de um lado a outro da casa, e cada vez que chegava perto do fogo para se aquecer, a criada a empurrava. Também lhe perguntaram se buscava um cranio e que se era isso, que saira pela porta esquerda da casa e por ali saiu o granjeiro. 

Ao entrar na casa contígua, encontrou a caveira e esta lhe perguntou se queria cear, com o que assentiu o granjeiro. A caveira o conduziu a cozinha onde estavam tres mulheres. A caveira pediu a uma delas que servisse a ceia, e esta serviu pão preto e uma jarra d'água, o que ele não conseguiu comer. 

Em seguida pediu à segunda mulher que fizesse o mesmo, e ela serviu pior ao granjeiro do que a primeira. Por fim a caveira pediu à terceira mulher, e esta serviu uma deliciosa refeição, com uma profusão de pratos e excelentes vinhos. Depois de comer, perguntou ao cranio o que tinha sido aquilo.

- Os homens que viste no primeiro campo se dedicavam a lutar entre si enquanto estavam vivos, porque tinham terras próximas e se acostumavam a mover as estacas e agora precisam lutar entre si para sempre. 

Os homens e mulheres que viste eram casais casados que viviam a brigar e agora devem seguir eternamente em brigas. A senhora que viste na casa e que a criada não deixava se aquecer fez o mesmo com a criada, que um dia chegou molhada e com frio, e agora a criada faz o mesmo com ela, até o dia do Juízo Final. 

As tres mulheres na cozinha foram minhas tres esposas. Quando pedia à primeira que me preparasse a ceia, me oferecia pão preto e água, a segunda ainda coisa pior mas a terceira me servia o banquete que ceiaste.

A caveira então olhou lugubremente o lavrador e disse:

- E quanto a ti, foste trazido a este lugar por não querer ir ao funeral do teu filho, apesar de teres ido ao de um vizinho. Assim, sugiro que, se queres te salvar, vá onde enterraram teu filho e pede-lhe perdão e, caso o obtenhas, saiba que desde o dia que saíste de casa até chegar aqui se passaram 700 anos.

O lavrador ficou petrificado e, como despertando de um sonho, se viu caminhando pelos campos, por lugares que antes ele havia passado mas que haviam mudado de forma pelo tempo transcorrido. Ao fim chegou ao cemitério e conseguiu localizar a tumba do filho . Ali se ajoelhou e pediu perdão. O perdão a seu filho. Por fim surgiu uma mão da tumba, que tomou a sua e ambos, pai e filho, subiram juntos ao céu.

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Um comentário:

Gian e Helô disse...

Boa tarde, preciso adquirir um crânio similar a esse que figura acima junto com as pedras, alguém pode me informar onde adquiro?