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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Os três reinos

por Sérgio Biagi Gregório

RESUMO: 1. Introdução. 2. Visão de Conjunto. 3. Reino Mineral. 4. Reino Vegetal. 5. Reino Animal. 6. Reino Hominal. 7. Conclusão. 8. Glossário. 9. Bibliografia Consultada.

1. Introdução
André Luiz em Evolução em Dois Mundos cita que o princípio inteligente estagiando na ameba adquire os primeiros automatismos do tato; nos animais aquáticos, o olfato; nas plantas, o gosto; nos animais, a linguagem. Hoje somos o resultado de todos os automatismos adquiridos nos vários reinos da natureza. Assim, no reino mineral adquirimos a atração; no reino vegetal, a sensação; no reino animal, o instinto; no reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão. (Xavier, 1977, cap. 4) Diz ainda que "nas linhas da civilização o reflexo precede o instinto, este à atividade refletida, esta à inteligência, esta, por sua vez, à razão e, finalmente, esta à responsabilidade".
Concebeu-se dividir a natureza em: 1) seres orgânicos e seres inorgânicos; 2) reino mineral, reino vegetal e reino animal; 3) reino mineral, reino vegetal, reino animal e reino hominal. Que subsídios a Doutrina Espírita oferece-nos para enfrentarmos esta questão? O capítulo XI do Livro Segundo de O Livro dos Espíritos, que trata dos três reinos, oferece-nos alguns ensinamentos bastante importantes.

2. Visão de Conjunto

De acordo com os pressupostos espíritas, Deus criou os Espíritos - simples e ignorantes -, com a determinação de se tornarem perfeitos. Assim, o progresso do Espírito é sempre compulsório: podemos estacionar por algum tempo, mas os acicates da vida nos impulsionarão para o desenvolvimento ulterior.

Ainda que haja controvérsias, diz-se que o princípio inteligente ou mônada celeste estagia nesses reinos, começando no mineral e indo até o hominal, extraindo de cada um deles os subsídios necessários para a sua evolução. É por isso que tudo se encadeia na natureza, desde o átomo ao arcanjo.

Para J. H. Pires, "a Ontogênese Espírita, ou seja, a teoria doutrinária da criação dos Seres (do grego: onto é Ser; logia é estudo, ciência) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino hominal. Essa teoria da evolução é mais audaciosa que a de Darwin(1) . Léon Denis a definiu numa seqüência poética e naturalista: A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem. Entre cada uma dessas fases existe uma zona intermediária, como se pode verificar nos estudos científicos". (1984, p. 93)

3. Reino Mineral

Allan Kardec escreve pouco sobre esse reino. Diz-nos que ele é constituído de matéria inerte, e não possui mais do que uma força mecânica. Os minerais não têm vitalidade e nem movimentos próprios, sendo formado apenas pela agregação da matéria. São os chamados seres inorgânicos da natureza. A pedra, por exemplo, não apresenta sinal de vida. Pode-se dizer que o característico básico dessa fase é a atração, presenciado claramente no fenômeno do magnetismo.

Na intermediação com o reino vegetal, que lhe vem a seguir, investigações científicas descobriram a geração espontânea dos vírus nas estruturas cristalinas. Os vírus se situam na encruzilhada dos reinos mineral, vegetal e animal, como uma espécie de ensaio para ordenações futuras.

4. Reino Vegetal

As plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade. Elas não pensam, não têm mais do que a vida orgânica. Podem ser afetadas por ações sobre a matéria, mas não têm percepções; por conseguinte, não têm a sensação de dor. Como não pensam, não podem ter vontade, e não têm consciência de si mesma; nada mais possuem que um instinto natural e cego. O próprio instinto de conservação é puramente mecânico.

O característico básico dessa fase é a sensação.

Na intermediação com o reino hominal, que lhe vem a seguir, existe a zona dos vegetais carnívoros.

5. Reino Animal

Os animais, constituídos de matéria inerte e dotados de vitalidade, têm uma espécie de inteligência instintiva, limitada, com a consciência de sua existência e de sua individualidade. Eles não agem só por instinto. Além do instinto, não poderia negar a certos animais a prática de certos atos combinados, que denotam a vontade de agir num sentido determinado e de acordo com as circunstâncias. Há neles, portanto, uma espécie de inteligência, mas cujo exercício é mais precisamente concentrado sobre os meios de satisfazer às suas necessidades físicas e prover à conservação. Não há entre eles nenhuma criação, nenhum melhoramento; qualquer que seja a arte que admiremos em seus trabalhos, aquilo que faziam antigamente é o mesmo que fazem hoje. O João de Barro, por exemplo, constrói o seu ninho sempre da mesma maneira.


Pergunta 595 de O Livro dos Espíritos - Os animais têm livre arbítrio?

- Não são simples máquinas, mas sua liberdade de ação é limitada pelas suas necessidades, e não pode ser comparada à do homem. Sendo muito inferiores a este, não têm os mesmos deveres. Sua liberdade é restrita aos atos da vida material. A sua escolha é mecânica, por instinto. Na comparação do homem ao animal, Allan Kardec na pergunta 597 A de O Livro dos Espíritos diz: "há, entre a alma dos animais e a do homem tanta distância quanto entre a alma do homem e Deus". A característica principal dessa fase é a elaboração do instinto. Na zona de intermediação entre o reino animal e o reino hominal estão situados os antropóides.

6. Reino Hominal

O homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial, ilimitada, que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas extramateriais e o conhecimento de Deus.

André Luiz em Evolução em Dois Mundos cita que o princípio inteligente estagiando na ameba adquire os primeiros automatismos do tato; nos animais aquáticos, o olfato; nas plantas, o gosto; nos animais, a linguagem. Hoje somos o resultado de todos os automatismos adquiridos nos vários reinos da natureza. Assim, no reino mineral adquirimos a atração; no reino vegetal, a sensação; no reino animal, o instinto; no reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão. (Xavier, 1977, cap. 4) Diz ainda que "nas linhas da civilização o reflexo precede o instinto, este à atividade refletida, esta à inteligência, esta, por sua vez, à razão e, finalmente, esta à responsabilidade".

A característica principal deste reino, como uma síntese de todos os anteriores, é o aparecimento do Pensamento Contínuo, do Livre-Arbítrio e da Responsabilidade Moral.

O homem é um ser a parte. O Espírito, encarnando-se no homem, transmite-lhe o princípio intelectual e moral, que o torna superior aos animais. O Espírito ao purificar-se liberta-se pouco a pouco da influência da matéria.

7. Conclusão

Três reinos e o homem encerra todo o processo de evolução alcançado pelo desenvolvimento do princípio inteligente. O próximo passo é transformar-se no reino angélico, em que estaria livre de todas as influências da matéria.

8. Glossário

Antropóides - Grupo de símios catarríneos do Velho Continente, que compreende os chimpanzés, os gorilas e os orangotangos, bem como algumas espécies fósseis. São desprovidos de cauda e ocasionalmente bípedes. Semelhante ao homem.

Seres inorgânicos - são os que não possuem vitalidade nem movimentos próprios, sendo formados apenas pela agregação da matéria: os minerais, a água, o ar etc.

Seres orgânicos - são os que trazem em si mesmos uma fonte de atividade íntima, que lhes dá vida; nascem, crescem, reproduzem-se e morrem; são providos de órgãos especiais para a realização dos diferentes atos da vida e apropriados às necessidades de sua conservação. Compreendem os homens, os animais e as plantas.

Vírus - são microorganismos não celulares, a maioria dos quais muito menores do que bactérias. Reproduzem-se ou replicam-se, unicamente dentro de células vivas, muitas vezes, mas nem sempre, os quais podem ter qualquer outra forma de vida na Terra. (os vírus, em si, podem ser considerados como vivos ou não vivos)

Vitalidade ou princípio vital - é a força inerente aos corpos organizados, que dá movimento e atividade aos seres orgânicos e os distingue da matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é vida. Esse movimento ela o recebe, não o dá.

9. Bibliografia Consultada

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.

PIRES, J. H. Mediunidade (Vida e Comunicação) - Conceituação, da Mediunidade e Análise Geral dos seus Problemas Atuais . 5. ed., São Paulo, Edicel, 1984.

XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

(1) Charles Darwin, naturalista inglês (1809-1882) que, no seu livro A Origem das Espécies, publicado em 1859, mostra o sistema de história natural cuja conclusão extrema é o parentesco fisiológico e a origem comum de todos os seres vivos, com a formação de novas espécies por um processo de seleção natural. No caso, a teoria espírita é mais audaciosa, porque corrobora com a idéia de que é a evolução do Espírito e não a da matéria o que conta.

Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/sergio-biagi/ensaio-os-tres-reinos.html

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