"Senhor!…
Quando criança,
Se surgia o Natal,
Eu te enfeitava o nome em flores de papel
E te rogava em oração,
Tomada de esperança,
Que me mandasses por Papai Noel
Uma boneca diferente,
Que caminhasse à minha frente
Ou falasse em minha mão…
Noutro tempo, Senhor,
Jovem pisando alfombras cor-de-rosa,
De cada vez que ouvia
Anúncios de Natal,
Deslumbrada de sonho, eu te pedia
Um castelo de amor e fantasia
Para o meu ideal.
Depois… Mulher cansada,
Quando via o Natal, brilhando à porta,
Minha pobre ansiedade quase morta
Multiplicava preces
E suplicava que me desses,
Na velha angústia minha,
A ilusão de ser amada,
Embora, ao fim da estrada
Fosse triste e sozinha.
Hoje, Senhor,
Alma livre, no Além, onde o consolo me refaz,
Ante a luz do Natal, novamente acendida,
Agradeço-te, em paz,
Contente e enternecida,
As surpresas da morte e as lágrimas da vida!…
E, se posso implorar-te algo à bondade,
Nunca me dês aquilo que eu mais queira,
Dá-me a tua vontade
E o dom da compreensão,
Entre a humildade verdadeira
E a serena alegria,
A fim de que eu te busque, dia a dia,
Mestre do coração!…"
Chico Xavier e Maria Dolores
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