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sábado, 22 de julho de 2017

Quimbanda

Agô Pai Oxalá; Saravá Pai Omolu, com licença Seu Tranca Ruas das Almas, Exu Caveira e suas falanges, para que através deste trabalho e da minha vivência na Quimbanda poder aqui transmitir alguns pontos da Sagrada Lei de Quimbanda aos seus queridos filhos, meus irmãos e irmãs de fé. Sarabumba!

A Quimbanda não é simplesmente mais uma das linhas existentes dentro dos cultos afro-brasileiros; suas influências não são somente Bantu, Nagô e Yorubá, também abrangem em larga escala vários aspectos da Religião Indígena, Católica, o Espiritismo moderno, a alquimia, o estudo da natureza fundamental da realidade e Correntes Orientais.

Polaridade

É importante lembrar que o sincretismo entre Exu e o Diabo existe, salvaguardando várias confusões ao verificar que atualmente muitas pessoas pensam que a Quimbanda é um culto satanista, tendo aquele sentimento de dualidade aonde as pessoas vêem o bem e o mal em uma luta eterna confundindo a figura do Diabo com tudo de ruim sem lembrar que Ele já teve seu martírio e foi vencido por Deus que é Quem determina o espectro e a liberdade de Suas ações desde o princípio dos tempos. 

O conceito de polaridades, positiva e negativa não se encaixa no plano material, aonde não quer dizer o mesmo que atitudes, positiva e negativa, principalmente tratando-se de energia pura. É como disse o sábio preto velho Pai Maneco, falando da importância dos Exus, apontou uma lâmpada e disse: “Aquela é resultado do perfeito encontro entre o positivo e o negativo”.

Exu na Umbanda

É bom deixar claro também que o Exu da Quimbanda (Umbanda) não é o mesmo Exu do Candomblé aonde Ele é um Orixá menor da cultura Yorubá, o Exu da Quimbanda é geralmente um Egum sendo que na maioria dos casos é a Alma de alguém que pertenceu ao culto, conscientemente ou não, e agora trabalha como mensageiro dos Orixás, como Exu; mais ou menos o mesmo que ocorre em outras Linhas e Bandas dedicadas a algum Orixá. 

Por exemplo como na Linha de Ogum trabalham Espíritos de Índios e Negros que em vida foram guerreiros, usaram espada e de alguma forma pertenceram ao culto, como sabemos que Seu Ogum Sete Espadas e Ogum Sete Ponteiras do Mar não são o mesmo que o Orixá maior Ogum. 

Os Espíritos, Exus, com os quais estamos tratando tiveram em sua maioria encarnações aqui na Terra em finais do século XIX e princípios a meados do século XX, daí vêm as suas vestimentas e a forma de seu comportamento.

Grimorium

Ainda na questão do sincretismo é muito importante frisar que os autores que até hoje discorreram sobre o assunto usaram um organograma básico para apresentar o que muitos pensam ser a verdadeira organização hierárquica da Quimbanda mas é somente a cópia de um livro antigo de evocação e cultos diabólicos da cultura ocidental que fala sobre os demônios, suas hierarquias e poderes, o “Grimorium Verum”. 

Considerando que este livro já existia muito antes do descobrimento do Brasil e que a Quimbanda como conhecemos é uma religião brasileira afirmo que é errado basear-se neste organograma como base para estudarmos. Este assunto porém não devemos esquecê-lo pois os Exus, como nós, tiveram já várias encarnações, alguns inclusive viveram nos primórdios da nossa civilização. 

Exu Tata Caveira, por exemplo, foi um Sacerdote no Egito antigo ou ainda mais longe, Exu Caveira que a 30.000 anos atrás era um nômade bruxo e curandeiro. Outrora estes Espíritos já trabalharam no plano astral nesta mesma Linha e alguns até ajudaram a escrever o “Grimorium”.

A relação entre Umbanda e Quimbanda



A Umbanda não vive sem a Quimbanda, como a árvore não vive sem a copa ou sem a raiz. 

Com base em estudos e prática na Quimbanda podemos afirmar que o culto como o conhecemos é o mesmo praticado na maior parte dos Terreiros de Umbanda do Brasil, que para obterem equilíbrio em seus trabalhos cultuam as Sete Linhas da Umbanda e as Sete Linhas da Quimbanda. 

Estabelecido o culto, desta forma, podemos discorrer aqui sobre o assunto de uma forma mais ampla e que leve a implementar os atuais conhecimentos sobre os Exus. 

Quimbanda não é sinônimo de satanismo e de jeito nenhum pode ser ligada a obscuridade é apenas um termo usado no Espiritismo é uma forma de estar na vanguarda do Espiritismo e da magia trabalhando a espiritualidade como um todo, uma ferramenta destinada a evolução espiritual através do poder e dos conselhos destes nossos guias protetores, os Exus, que tanto nos auxiliam nas horas de aflição. 

Embora não devamos julgar sabemos sim que lamentavelmente existem pessoas inescrupulosas e de má índole que usam a magia da Quimbanda para a prática do mal, mas isto é  um equívoco, exclusivo ao homem e não às entidades de Luz. 

Não podemos culpar o veneno por matar e sim aquele que o utiliza como arma, não podemos culpar o Exu por fazer o que lhe é pedido mas sim quem se aproveitou deste contato espiritual para pedir que praticasse o mal. Nunca podemos esquecer da imutável Lei do Karma, tudo o que você fizer volta pra você e o Próprio Exu pode se encarregar para que esta Lei seja cumprida.


Macumba

Existe muita confusão a respeito do termo Macumba e acho importante esclarecer isto, este nome deriva do Banto “ma-quiumba” que quer dizer espíritos da noite. Macumba também era um nome usado no sul do país para definir mulheres negras no tempo da escravidão, por isso o uso do nome ainda hoje é usado de forma preconceituosa por pessoas ignorantes a respeito do assunto. 

A Macumba pelo que sabemos é o mais primitivo culto sincretista do Brasil e originou-se na região sul dada a sua maior predominância da nação Banto, é desta nação que descendem a maior parte dos cultos afro-brasileiros com influências da Igreja Católica, Indígenas e das nações do Congo, Angola e Nagô. 

A principal razão do culto ser denominado como Macumba foi justamente por motivo de os rituais serem realizados à noite em razão de os trabalhos serem feitos com Eguns e porque durante o dia os negros trabalhavam sem descanso. Vem daí a interpretação errada do ritual pelos leigos, os negros que praticavam a Maquiumba ou como ficou conhecida Macumba eram geralmente menosprezados, perjuriados e mal interpretados pelos que os escravizaram em razão de sua fé. 

A Igreja também condenava estes cultos com influências indígenas ou africanas dizendo que praticavam beberagens e até orgias. É verdade que as entidades bebem e até pitam e que as curimbas, danças, as vezes são bastante sensuais mas venhamos e convenhamos que entre isto e orgias e beberagem há uma grande diferença. 

Quando os grupos de nações começaram a procurar e a valorizar mais a sua natureza e identidade cultural é que a Macumba se dividiu, surgiu então o Candomblé de Angola, o Candomblé do Congo, o Candomblé de Caboclo ou dos Encantados e o Catimbó. No final do século XIX surgiu a Macumba Urbana que tinha participação de brancos pobres e descendentes de escravos; finalmente no inicio do século XX surgiram a Umbanda e a Quimbanda com uma forte influência do Espiritismo e com o sincretismo religioso.

Sincretismo Religioso e Hierarquia na Quimbanda



A formação da Quimbanda teve uma forte influência dos escravos e índios que sincretizaram Exu com o Diabo por este ser “inimigo dos brancos” e por não aceitarem os Santos Católicos, identificando-se assim mais uma vez com o Diabo. 

Com o advento da Umbanda começou o trabalho de Quimbanda em Terreiros de Umbanda o que deu sustentação firme aos trabalhos com os, “Compadres”, Exus e assim formatou-se o atual culto da Quimbanda. 

Na verdade pode-se dizer que a Quimbanda como a conhecemos atualmente nasceu juntamente com a Umbanda em 15 de novembro de 1908 pois uma Linha completa o outra formando esta força que nos da vida e este Reino cheio de Luz.

A Quimbanda esta organizada hierarquicamente em sete grandes reinos, as Sete Linhas da Quimbanda, sendo que na Quimbanda também é Oxalá quem manda, o Sr. Omolu é o Rei, coroado por Oxalá, este delega os poderes aos Exus Chefes de Falange:

1. Linha das Encruzilhadas: Exu Tiriri

2. Linha dos Cruzeiros: Exu Meia Noite 

3. Linha das Matas: Exu Arranca Toco

4. Linha da Calunga Pequena (cemitérios): Exu Caveira 

5. Linha das Almas: Exu Tranca Ruas das Almas

6. Linha da Lira: Exu Sete Liras

7. Linha da Calunga Grande (praia): Exu do Lodo

É importante lembrar que quando o Exu, qualquer um Deles, estiver incorporado no Pai de Santo, no dirigente dos trabalhos, Ele esta trabalhando com a Coroa e por este motivo é o Chefe dos trabalhos da Gira de Quimbanda, - independente de este ser, ou não chefe de falange - tendo liberdade de movimento entre os Reinos através do contato com os outros Exus presentes no trabalho. 

Trabalhar com os, "compadres", Exus requer muito respeito e consideração por parte dos dirigentes, médiuns e consulentes pois são Entidades muito poderosas, de muito Axé. 

 Fonte: https://www.flogao.com.br/terreirodeumbanda/70907396
Versão revisada de artigo publicado no antigo site ruadasflores.com/quimbanda P/ RSSJ (2002)


Exú e o sincretismo religioso com Santo Antônio, comemorado 13 de Julho

Sincretizado com Santo Antônio, Exú é homenageado no dia 13 de junho, mesmo dia do santo católico, e é também responsável pelas ligações amorosas, ligações dotadas de intensa sensibilidade humana, que Exú compreende muito bem.

Santo Antônio tinha grande cultura, documentada pela coletânea de sermões escritos que deixou, onde fica evidente que estava familiarizado tanto com a literatura religiosa como com diversos aspetos das ciências profanas, referenciando-se em autoridades clássicas como Plínio, o Velho, Cícero, Séneca, Boécio, Galeno e Aristóteles, entre muitas outras.

Pelo seu grande saber, Santo Antônio tornou-o uma das mais respeitadas figuras da Igreja Católica do seu tempo. Lecionou em universidades italianas e francesas e foi o primeiro Doutor da Igreja Franciscano. São Boaventura disse que Santo Antônio possuía a ciência dos anjos.



Santo Antônio hoje é visto como um dos grandes santos do Catolicismo, recebendo larga veneração e sendo o centro de rico folclore.

Tem relações estreitas com Exú devido ao dom da oratória que Exú comanda, e pelos milagres acerca das ligações amorosas que tanto Santo Antônio é conhecido, assim como Exú também.

Por este motivo o dia 13 de junho é um dia propício para agradar a Exú e pedir-lhe que interceda por nosso amor, por nossa união amorosa ou que abra nossos caminhos para o amor.

Leia também:

A Umbanda: 4 - O quê é Umbanda? / 5 - O que é Quimbanda?

- A Lenda da Criação na Quimbanda

- Zélio de Morais, sobre o trabalho dos Exus

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