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domingo, 23 de agosto de 2015

Caboclo das Sete Encruzilhadas, o fundador da Umbanda

A primeira manifestação de Umbanda, sem influência Kardecista e nem de Candomblé, com registro documental é a do Caboclo Sete Encruzilhadas seu médium Zélio Femandino de Moraes, 15 de Novembro de 1908. Assim como a tenda “Nossa Senhora da Piedade¨ fundada por Zélio é o primeiro templo de Umbanda registrado no Brasil”

"A primeira manifestação de Umbanda, sem influência Kardecista e nem de Candomblé, com registro documental é a do Caboclo Sete Encruzilhadas seu médium Zélio Femandino de Moraes, 15 de Novembro de 1908. Assim como a tenda “Nossa Senhora da Piedade¨ fundada por Zélio é o primeiro templo de Umbanda registrado no Brasil”.

Por isso os fatos que ali aconteceram são de fundamental importância a todos nós, como fatos históricos que marcam profundamente o nascimento da Umbanda no plano material. Zélio Femandino de Moraes nasceu no dia 10 de abril de 1892, no distrito de Neves, município de São Gonçalo – Rio de Janeiro. Filho de Joaquim Femandino Costa (oficial da Marinha) e Leonor de Moraes. 

Em 1908, aos 17 anos, Zélio havia concluído o curso propedêutico (ensino médio) e preparava–se para ingressar na escola Naval, a exemplo de seu pai, foi quando fatos estranhos começaram a acontecer na vida dele. Em alguns momentos Zélio era visto falando manso, com a postura de um velho, em sotaque diferente de sua região, dizendo coisas aparentemente desconexas, em outros momentos parecia um felino lépido e desembaraçado, mostrando conhecer todos os mistérios da natureza.Isso logo chamou a atenção da família, preocupada com a situação mental do menino que se preparava para seguir carreira militar, os ¨ataques¨ se tornaram cada vez mais freqüentes. 

Assim Zélio foi encaminhado a seu tio. Dr. Epaminondas de Moraes, médio psiquiatra e diretor do hospício da Vargem Grade. Após vários dias de observação não encontrados seu sintoma em nenhuma literatura médica, sugeriu a família que o encaminhasse a um padre, para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse endemoniado. 

Foi chamado outro parente, tio e Zélio, padre católico que realizou o dito exorcismo para livra-lo da possível presença do demônio e sana–lo dos ataques. No entanto este e outros dois exorcismos, acompanhados de outros sacerdotes católicos, não resolveram a situação e as manifestações prosseguiram. Algum tempo depois Zélio foi tomado por uma paralisia parcial, a qual os médicos não conseguiram entender. Um belo dia Zélio levanta – se de seu leito e diz: “- amanhã estarei curado” e no dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. 

Um amigo sugeriu encaminha–lo a recém-fundada Federação Kardecista de Niterói, município vizinho a São Gonçalo das Neves onde residia a Família Moraes. A Federação era então presidida pelo Sr. José de Sousa, chefe de um departamento de marinha chamado “Toque Toque”. 

Zélio fermandino de Moraes então foi conduzido a esta Federação no dia 15 de Novembro de 1908, na presença do Sr. José de Sousa, estava ele em meio aos ataques reconhecidos como manifestações mediúnicas. Convidado a sentar–se à mesa em seguida levantou – se, contrariando as normas do culto estabelecido pela instituição, afirmou que ali faltava uma flor. Foi até o jardim apanhou uma rosa branca e colocou–a no centro da mesa onde se realizava o trabalho. 

Sr. José de Sousa, que possuía também a clarividência, verificou a presença de um espírito manifestado através de Zélio e passou ao dialogo a seguir:

Sr. José: Quem é você que ocupa o corpo deste jovem?

O espírito: Eu? Eu sou apenas um caboclo brasileiro.

Sr. José: Você se identifica como caboclo, mas vejo em você restos de vestes clericais.

O espírito: - O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre, meu nome era Gabriel, acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1755. Mas em minha última existência física Deus concedeu – me o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro.

Sr. José: - E qual é seu nome?

O espírito: - Se é preciso que eu tenha um, digam que eu sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, pois para mim não existirão caminhos fechados. Venho trazer a Umbanda uma religião que harmonizará as famílias e que há de perdurar até o final dos séculos.

E no desenrolar da conversa Sr. José pergunta ainda se já não existem religiões suficientes, fazendo inclusive menção ao espiritismo.

O espírito: Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu na morte, os grandes niveladores universal, ricos ou pobres poderoso ou humilde, todos tornam – se iguais na morte, mas vocês homens não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar estas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por que não podem nos visitar estes humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes Mensagens do além. 

Porque o não aos caboclos e pretos – velhos? Acaso não foram eles também filhos do mesmo Deus?... Amanhã, na casa onde meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer entidade que queira ou precise se manifestar, independente daquilo que haja sido em vida, todos serão ouvidos. {Nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos com aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as cotas a nenhum diremos não, pois esta é à vontade do Pai}.

Sr. José: E que nome darão a esta Igreja?

O espírito: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que Maria ampara nos braços o filho querido, também serão amparados os que se socorrerem da Umbanda.

No dia seguinte, na Rua Floriano Peixoto, 30 - Neves-São Gonçalo-RJ, próximo das 20h00min horas, estavam presentes membros da federação espírita, parentes, amigos, vizinhos e uma multidão de desconhecidos e curiosos. Pontualmente as 20h00min horas, o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou e com as palavras abaixo iniciou seu culto:

"- Vim para fundar a Umbanda no Brasil, aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos e os índios nativos de nossa terra poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A pratica da caridade no sentido do amor fraterno será a característica principal deste culto.".

Após trabalhar fazendo previsões, passe e doutrina informaram que devia se retirar, pois outra entidade precisava se manifestar. Após a {subida} do caboclo, Zélio incorporou uma entidade reconhecida como [preto-velho], saindo da mesa se dirigiu a um canto da sala onde permaneceu agachado. Sendo questionado o porquê de não ficar na mesa respondeu: 

"-Nego num senta não meu sinhô, nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nego deve arespeitá", após insistência ainda completou. "-Num carece preocupa não. Nego fica no toco que é lugar de nego" e assim continuou dizendo outras coisas mostrando a simplicidade, humildade e mansidão daquele que trazendo o estereótipo do preto-velho se fez identificar como Pai Antonio.

Logo cativou a todos com seu jeito, ainda lhe perguntaram se ele não aceitava nenhum agrado, ao que respondeu: "-Minha caximba, nego quê o pito que deixou no toco. Manda mureque busca". Todos ficaram perplexos, estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento material de trabalho dentro da Umbanda. Na semana seguinte todos trouxeram cachimbos que sobraram diante da necessidade de apenas um para Pai Antonio. 

Assim o cachimbo foi instituído na linha de pretos-velhos, sendo também ele a primeira entidade a pedir uma guia {colar} de trabalho. O pai de Zélio freqüentemente era abordado por pessoas que queriam saber como ele aceitava tudo isso que vinha acontecendo em sua residência, sua resposta era sempre a mesma em tom de brincadeira respondia que preferia um filho médium ao lugar de um filho louco. Foi um trabalho árduo e incessante para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Enquanto Zélio esteve encarnado foram fundadas mais de 10.000 tendas. Após 55 anos de atividade entregou, a direção dos trabalhos da tenda Nossa Senhora da Piedade a suas filhas..."

Fonte: http://www.cuuf.com.br/materia.php?m=5


Um comentário:

Anônimo disse...

PREITO DE GRATIDÃO À UMBANDA - 109 ANOS.
Por Norberto Peixoto.

Eu sou um saudosista.
Tenho saudade do tempo da simples roupa branca de chita.
Tenho saudade do tempo que aprendíamos mais com as entidades, o tempo que ansiávamos ir para o terreiro para escutá-las. Hoje muitos chegam "cheios" de conhecimento apostilado...Chegam "ensinando" as entidades.
Tenho saudade do tempo que com uma vela acesa e um copo de água o Preto Velho fazia "milagre". Tinha força o axé, hoje vão corrigi-lo e lhe dirão que existem rituais mais poderosos.
Tenho saudade do tempo que respeitávamos o tempo. Os médiuns não tinham tanta pressa, tanta urgência, não chegavam consagrando Congá e firmando Tronqueira.
Saudade, desta Umbanda de Todos Nós!!!
Onde tantos foram para outras "bandas", obrigado Umbanda por hoje eu estar mais velho e continuar umbandista de coração!!!
Saravá!