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domingo, 11 de setembro de 2011

Crowdreligion, a religião cooperativa pode vir a ser a única?



A palavra religião deriva do latim religare, significa a religação do ser humano com o divino. As religiões aparentemente são diferentes, mas se olharmos sem preconceito ou opinião tendenciosa podemos claramente perceber que todas são muito parecidas. 

Acredito que a competição entre as religiões acontece mais por disputa de fiéis, poder e crescimento, para ganhar ainda mais adeptos e poder, do que por vontade divina.

Todas as religiões são baseadas em um conjunto de crenças sobre as causas, a natureza, a finalidade da vida e os mistérios do Universo, considerando um agente sobrenatural, Deus, como ser supremo. Mesmo as religiões ditas pelos teólogos como politeístas, na verdade pregam a existência de um Deus todo-poderoso, que comanda outros Deuses. Nas religiões ditas monoteístas, curiosamente ocorre o mesmo. Até os que dizem crer e louvar a apenas um Deus, louvam o Deus pai, filho e o Espírito Santo, contando aqui nos dedos são três, então como podem afirmar que crêem em apenas um. Eis o mistério, ou o ministério...

Tem gente que vende mansão no céu, praticando o que pode ser chamado de estelionato religioso, pois nos céus não existem mansões, quem vende sabe disso e vai ver aonde estes falsos profetas moram, o carro que eles dirigem... vendem mansões que não existem com o único propósito de financiar suas próprias mansões, aqui mesmo na Terra.

Deus, que é o mesmo seu Deus, é o meu Deus também, Ele é único. Sou de Umbanda, mas acredito que o 'meu Deus' - Deus não é meu, ou seu, e sim todos nós e que somos dEle - é o mesmo que o seu, seja qual for a sua ou a minha religião, apenas pode mudar o nome; no caso chamo Deus de Zambi, mas poderia chamar de Alá, Jeová, Buda, Shiva... não importa o nome, continuaria a ser o mesmo Deus. Certo é que todos nós consideramos este Ser Supremo como santo, sagrado, espiritual, onipresente e onipotente.

A maioria absoluta, inflexível e dominante das crenças religiosas tem narrativas, símbolos, tradições e histórias sagradas, destinadas a dar sentido à vida. Elas tendem a derivar em moralidade, ética, leis religiosas ou em um estilo de vida preferido de suas idéias sobre o cosmos e a natureza humana, mesmo assim, embora com nomes diferentes, o Deus é um só e somos de fato todos irmãos e irmãs, descendentes da mesma cepa evolucionária, a raça humana.

Sem sombra de dúvida a religião - todas, sem excluir uma só que seja - exerce uma influência muito positiva no resgate das pessoas para a vida espiritual, de onde todos viemos, para a qual vivemos e destino comum à toda humanidade. A religião busca as chamadas 'ovelhas desgarradas', pessoas que se perderam do rebanho do Senhor. É a natureza, desde que o ser humano criou consciência cremos nestas forças ocultas, neste Universo invisível, no qual Deus é quem manda, mandou e sempre mandará. As 'ovelhas desgarradas' nada mais são do que pessoas que perderam, esqueceram ou deixaram de lado os valores éticos, morais, familiares e espiritualmente corretos da vida pacífica e frutífera em sociedade.

Sinto-me pouco confortável quando me vejo obrigado a criticar esta ou aquela religião, pois creio que todas fazem parte da mesma, dividida pelo crescimento, afastamento e diversificação dos grupos humanos. Existem sistemas de crença que mesmo nos dias de hoje - dias nos quais a experiência e a lógica predominam sobre o misticismo infundado e tudo que é irracional - ainda promovem revoltas em grupo, causando sofrimento ao próximo e a sí próprios. Sim! Infelizmente existe a intolerância, desentendimentos, competição e guerras por causa de religião, como se existissem vários deuses e eles estivessem em guerra ou competição eterna. Isto é uma armadilha, uma grande mentira, que leva pessoas de bem a se tornarem verdadeiros monstros, tudo em no mede Deus.

Olha, o Criador deve ficar triste e brabo com seus filhos, pois para Ele não existe filho preferido, a não ser, ao que se sabe, Jesus. O problema de competição e briga entre as religiões parece ser mais material que espiritual. Já assisti e participei de cultos e rituais em diversas igrejas, templos, sitas e agremiações espíritas diferentes e vejo que a disputa é por fiéis, por afirmar que seus sistema de crenças é mais forte, puro e melhor que o do seu próximo, renegando o direito de todos à livre crença e manifestação religiosa. Puxa vida! Deus não quer competição entre seus filhos, quer colaboração!

Como pode religiões que se dizem perfeitas fazer número em fiéis e acumular bens materiais, sem na verdade realizar nada de prático para um futuro melhor, de paz, amor e fartura para todos? Como pode chefes religiosos se beneficiar materialmente com donativos de seus fiéis, convivendo com toda espécie de miséria humana? Se você também enxerga desta forma, então devemos analisar o cenário amplamente e, após refletir, concluir quais fatores são responsáveis pela criação desse meio de vida insalubre? Onde estão os valores éticos e morais da sociedade? Qual espírito se beneficia com crenças cheias de preconceito, dogmas ultrapassados e teologia irracional, ilógica, sem sentido ou sentimento algum?

Não duvido da importância da religião, mas não precisa ser crente pra ter moral, pra agir com ética em tudo que se faz nesta e na outra na vida. Se os filhos precisam de pais, todos precisam uns dos outros, afinal vivemos em sociedade e tudo que acontece é resultado das ações deste grande grupo de seres humanos interconectados, não é exclusivo a este ou aquele ser, é ciência, o resultado é a soma dos fatores e a ordem deles não altera o resultado.

Acho que libertar-nos uns aos outros é importante, é o que se chama de independência. Mesmo vivendo em sociedade devemos ter a capacidade da autonomia, material e principalmente espiritual, afinal, salvo casos de nascimento de gêmeos ou desencarne coletivo, a maioria das pessoas vem a este mundo só e daqui também partem sozinhas.

O lívre arbítrio e a lei de causa e efeito são a base da teologia em todas as religiões, no que tange a liberdade de opção, seja ela qual for desde que se saiba de partida, que tudo tem seu preço ou paga. Optei pela Umbanda, mas minha visão periférica não me permite enxergar em ângulo reto - a visão periférica é essencial àqueles que pleiteiam mais liberdade - continuo mantendo também crenças e práticas que aprendi no catolicismo, que é minha religião de primeiro batismo, espiritismo, candomblé e budismo, entretanto filtrei, retirei tudo que prega a competição, tudo que faz a pessoa se sentir culpada ou inferiorizada, toda e qualquer referência a um mal supremo que está em guerra eterna com Deus. Juntei tudo de bom de cada religião com tudo de bom que encontrei na Umbanda, que é uma religião livre.

Olha gente, na Umbanda também não é diferente, por mera ilusão várias pessoas também acham que a Umbanda é melhor que esta ou aquela religião, também há disputa de vaidades, cometem-se os mesmos erros, infelizmente também existe a busca de poder pelo poder, satisfação material e acertos por magia, mistificando o que é lógico, prático e não necessita de poderes sobrenaturais para encontrar solução. Não acho que a Umbanda é melhor que qualquer outra religião, mas certamente também não é pior. Ao menos encontrei na Umbanda a liberdade total de culto, crença, sem me ver preso a dogmas ou teologias furadas. Como também no budismo encontrei semelhante graça, iluminação, as vezes brinco comigo mesmo que sou “Umbandista Católico Espiritista Unicista” : )

Acredito na causa e efeito e vejo o pagão como aquele que não tem fé, jamais como aquele não é da mesma religião que a minha. Podem acreditar, a verdadeira fé existe independentemente de religião e até os céticos e ateus, acreditem, podem ter fé sem que para isso precisem manter um conjunto de crenças espirituais. Também existem aqueles que se dizem crentes e temente à Deus, mas na verdade temem ao Diabo e acham que esta suposta força do mal é poderosíssima... este é outro tema a ser discutido mas por enquanto prefiro apenas citar o Padre Quevedo; “o Diabo? Icso non ecziste!

Buscando a longevidade saudável, com paz e amor no coração, inteligência na cabeça, abandonando tudo que contradiz a lógica e a experiência. Levantando a ética como bandeira, o moral elevado como prática, aceitando que toda ação provoca uma reação, tomando o respeito à natureza e ao próximo como lei, encontramos a paz na Terra e com boa vontade, certamente, assim permaneceremos na vida além túmulo, acreditando ou não nela.

O dia em que deixarmos de nos cercear, esconder, temer, pertencer ou fazer parte desta ou daquela religião, deste ou daquele partido político, de um ou de outro time de futebol... Quando pararmos de tentar impor à pessoas inteligentes, como nós e que todos nós somos, (por isso é que nossa raça é denominada homo sapiens, todos somos dotados de inteligência). Quando enfim aceitarmos que a colaboração é que vale e que a competição não vale nada, quem sabe neste dia reinará a verdadeira paz no mundo. Reinando a paz vivemos no mundo que Deus nos deixou como herança, deixando aquele mundo fictício, da subserviência, repartição desigual das benesses e riquezas comuns para trás.

A verdadeira e eficaz receita de combate às injustiças sociais e seus frutos malditos é a cooperação, a tolerância, a grata aceitação. Quando acabar o conceito de competição, naturalmente colaboração é o que teremos. Os recursos do Planeta Terra são limitados, vivemos numa ilha em meio a um cosmo deserto, inabitável à raça humana materializada. Só uma sociedade colaborativa terá sucesso e nos dará a chance de um futuro, a todos nós, crianças, filhos e filhas de Deus. Aí estaremos religados e o atual conceito de religião também será parte do passado, a religião enfim terá cumprido verdadeiramente o papel ao qual se propôs, religar o homem a Deus. Minha dica é, olhe perto de você para encontrar o que parece longe, procure Deus dentro da sua casa antes de buscá-LO na casa dos outros.

Independente dos sistemas a verdade é que cada um de nós tem seu sistema de crenças particular, próprio, que independe das agremiações, trazemos isso conosco, é o nosso espírito. O melhor de tudo é que esta religião é cooperativa, segue o que Deus mesmo nos designou. “Crescei-vos e multiplicai-vos”... “Paz na Terra aos homens e mulheres de boa vontade”. Saravá!

O Buda disse:

Agora Kalamas, não se deixem levar por relatos, por lendas, pelas tradições, pelas escrituras, pela conjectura lógica, pela inferência, por analogia, pela concordância obtida através de ponderações, por probabilidades ou pelo pensamento, ‘Este contemplativo é o nosso mestre.’ Quando vocês sabem por vocês mesmos que, ‘Essas qualidades são hábeis; essas qualidades são isentas de culpa; essas qualidades são elogiadas pelos sábios; essas qualidades quando postas em prática conduzem ao bem-estar e à felicidade” - então vocês devem penetrar e permanecer nelas.” (AN III.65)

e Albert Einstein disse sobre o budismo:

A religião do futuro será uma religião cósmica. Deve transcender um Deus pessoal e evitar os dogmas e as teologias. Abrangendo ambos, o natural e o espiritual, ela deve estar baseada num senso religioso que surja da experiência de todas as coisas, naturais e espirituais, e uma unidade que tenha significância. O Budismo preenche essa descrição. Se houver alguma religião que esteja à altura das necessidades científicas modernas, essa religião é o Budismo.”

Olha que a religião do futuro pode ser a Umbanda também, ou qualquer outra religião, desde que pregue a tolerância, a paz e a união entre todos os povos e raças, de todas as religiões. Uma vez perguntei ao Caboclo Akuan, que é um guia de Umbanda - falangeiro de Ogum:

Meu pai, a Umbanda é a união de todas as religiões?

Ele então me respondeu:

Filho a Umbanda é apenas mais uma religião, pense nela como uma estrela no céu, e cabe ao umbandista fazer ela brilhar mais”.

Ronald Sanson Stresser, Jr (11/09/11)


Um comentário:

Anônimo disse...

Com os avanços tecnológicos e culturais que atualmente são promovidos pela era da informação e do conhecimento, surgiram novos conceitos, como o crowdfunding, ou financiamento coletivo, que é a obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo através da agregação de múltiplas fontes de financiamento, em geral pessoas físicas interessadas na iniciativa.

Também o crowdsourcing, fontes coletivas, que é um modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos coletivos e voluntários, espalhados pela internet, para resolver problemas criar conteúdo e soluções ou desenvolver novas tecnologias. Hoje, as pessoas em seu dia-a-dia usam seus momentos ociosos para criar a colaboração em rede.

Achei ótimo também este conceito de crowdreligion, com vistas à prática religiosa cooperativa, coletiva... boa idéia!

== Fiat Lux ~ Pax et Lux ==